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Das Teorias
Published in
7 min readJun 24, 2016

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Cultura, cidadania e tecnologias da comunicação

Dentro do Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos está inserida a linha de pesquisa Cultura, Cidadania e Tecnologias da Comunicação, que pesquisa os processos midiáticos com foco nas identidades culturais, nas ações de cidadania e nas dinâmicas das redes sociotécnicas e de tecnologias da comunicação. A produção, os produtos e a recepção de mídias são investigadas por meio de experimentações e perspectivas multi e transmetodológicas.

O corpo docente da Linha 3

O grupo de pesquisadores que compõem a Linha 3, como é conhecida dentro do programa, é composto por Adriana Amaral, Efendy Maldonado, Fabrício Silveira e Jiani Bonin.

Adriana é jornalista com pós-doutorado realizado na Inglaterra, e estuda principalmente a cibercultura, a cultura pop e a música.

Efendy é comunicador social com pós-doc pela Universidade Autônoma de Barcelona (UAB). Professor na Unisinos desde 1999, ele estuda temáticas relacionadas a identidades culturais, cidadania comunicativa e metodologias de pesquisa.

Fabrício é graduado em jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria e realizou seu pós-doutorado no Reino Unido. Suas pesquisas se voltam em grande parte para a estética, a música e as manifestações culturais.

Jiani tem formação como agrônoma, mas é pós-doutora em Comunicação pela Universidad Nacional de Córdoba e trabalha como professora na Unisinos desde 2003. Estuda, principalmente, a recepção, as identidades culturais, coletivos culturais, cidadania comunicativa e temáticas relacionadas ao gênero, à migração e manifestações culturais.

Grupos de pesquisa

Dois grupos de pesquisa fazem parte da linha Cultura, Cidadania e Tecnologias da Comunicação.

Em 2002 foi fundado o grupo de pesquisa Processos Comunicacionais: Epistemologia, Midiatização, Mediações e Recepção (PROCESSOCOM). Coordenado pelos professores doutores Efendy Maldonado, Jiani Bonin e Nísia Martins do Rosário (UFRGS), possui em seu registro junto ao CNPq 12 pesquisadores, 23 estudantes, 4 técnicos e 4 colaboradores estrangeiros. É parte da Rede Temática América Latina (Rede AmLat) e possui 18 instituições parceiras. Mensalmente, o grupo realiza encontros para discussões de textos teóricos e questões de gestão interna. É responsável pela organização de seminários, colóquios e conferências a nível internacional, principalmente voltados às metodologias de pesquisa. No site do grupo (www.processocom.org) é possível conhece mais sobre a dinâmica dos pesquisadores integrantes e suas pesquisas.

O Grupo de Pesquisa em Cultura Pop, Comunicação e Tecnologias (CULTPOP) existe desde 2011, sendo coordenado pela professora Adriana Amaral. A ideia central do grupo é pensar na intersecção entre cultura pop, comunicação e tecnologias, abrangendo diversos aportes teórico-metodológicos para pensar a cultura pop no contemporâneo.

Pesquisas dos mestrandos da linha 3

Caren Letícia Giacomelli — orientada pelo Dr. Efendy Maldonado

O mapa do preconceito em revista: estereótipos de gênero na cobertura da mídia brasileira envolvendo mulheres em situação de poder na América Latina

Julia Dreher Pacheco — orientada pela Dra. Adriana Amaral

Privacidade na Era da Internet das Coisas

Mauro Borba — orientado pelo Dr. Fabrício Silveira

O Rádio FM e o público jovem: segmentos, estratégias e desafios

Paulo Júnior Melo da Luz — orientado pela Dra. Jiani Bonin

Identidades culturais e cidadania comunicativa: usos e apropriações das plataformas digitais da telenovela Além do Tempo

Seminário de textos da Linha 3

Na aula do dia 14 de junho de 2016, na aula da disciplina de Teorias da Comunicação, os alunos Julia Dreher Pacheco, Júnior Melo da Luz, Letícia Giacomelli e Mauro Borba apresentaram as temáticas de sua linha, seus orientadores, os grupos de pesquisa dos quais participam, seus projetos de investigação para o mestrado e também dois textos que trabalham questões de cultura, cidadania e tecnologias da comunicação.

Manuel Castells — A Sociedade em Rede (Introdução e Capítulo 5)

O texto de Manuel Castells inicia uma discussão sobre a revolução tecnológica na comunicação, principalmente por meio da popularização da internet e das tecnologias sem fio. A partir daí, ele reflete que a virtualidade se tornou uma dimensão essencial da realidade.

Novos padrões e novas estruturas sociais levam a uma tendência que configura uma sociedade em rede, na qual se expandem as relações sociais em um sistema global. Assim, se estabelecem conflitos e ações sobre os poderes hegemônicos através das organizações de movimentos sociais que remodelam as dinâmicas da sociedade no século XXI.

No capítulo 5, ele inicia refletindo a difusão da televisão, que se deu em grande parte, pela síndrome do menor esforço. Devido baixa definição das televisões na época de imersão da televisão, fez com que os espectadores tivessem que preencher os espaços das imagens, aumentando o volume emocional ao ato de assistir a TV e criando uma ligação psicológica com a televisão.

A partir dessa ligação, as mensagens publicitárias inseridas no espaço televiso começaram a crescer exponencialmente, tornando-se uma mídia de massa, atingindo grande parte da população. Com a criação da televisão a cabo, especialmente nos EUA, nos anos 80 e 90, a televisão se tornou uma mídia difusiva de mensagens, e permitiu uma audiência segmentada na televisão.

Na segunda parte do capítulo, o autor insere a história da internet. Primeiramente, apresentando o Minitell, que foi um sistema de vídeos interligados, que foi criado pelo governo francês em 1980, e que apesar da sua tecnologia primitiva quase inalterada durante 15 anos, conquistou grande aceitação nos lares franceses crescendo em proporções fenomenais, até ser finalizado em 2012. E depois o nascimento da Internet, com o ARPANET, até sua difusão nos dias atuais, tornando-se uma grande fusão do multimídia como ambiente simbólico.

Efendy Maldonado — Transmetodologia, cidadania comunicativa e transformação tecnocultural

Nesse texto, Maldonado aborda como a transformação tecnocultural acaba afetando a produção cultural e as lógicas dos meios de comunicação, principalmente em função da digitalização e dos processos contínuos de sociabilidade. Para isso, recupera as mudanças políticas e sociais ocorridas na América Latina e aponta formas de como é possível superar as democracias liberais restritas.

Além disso, o autor afirma que é necessário estruturar estratégias de produção de conhecimento que levem a uma transformação da sociedade e da cultura, que vão em sentido contrário aos poderes hegemônicos e às epistemologias funcionalistas que eles propõem. Segundo ele, “é válido concentrar esforços na construção, divulgação, ensino e realização ampliada do conceito de cidadania comunicacional”.

A cidadania será possível se levada em conta a complexidade desse conceito e, assim, seja estruturado um conjunto de redes conceituais, de ideais que operem no sentido de mudar o mundo e quebrem as lógicas capitalistas. Os suportes tecnológicos colaboram, nesse sentido, quando estão acompanhados de uma revolução tecnocultural, que potencialize a diversidade das culturas e inteligências múltiplas.

Para avançar nesse conceito de cidadania comunicacional e também buscar um aporte mais diverso na mobilização das teorias e das investigações, Maldonado traz a opção transmetodológica. Nessa perspectiva, é proposta uma confluência multimetodológica, que articule cooperativamente os métodos, reconfigurando e provocando atravessamentos entre as epistemologias.

De caráter transdisciplinar, a transmetodologia busca a produção de conhecimento crítico e estratégico, com base em pensamentos analíticos, sociossemióticos, hermenêuticos, antropológicos e heurísticos, vindos de vários campos científicos. Os métodos estruturados por pesquisadores devem ser mistos, múltiplos, indo além das origens fechadas, mas respeitando seu valor histórico e científico, valorizando assim os conhecimentos socioculturais seculares.

Na ciência, devem ser atravessadas ideologias diversas, com pensamento aberto e transformador, tirando a epistemologia de um ideal de “pureza”. A epistemologia deve ser vista como uma dimensão do conhecimento, que age, reflete, questiona, observa e avalia, sempre pensada no plural e no diverso. De acordo com Maldonado (2015, p. 721), “o pensamento e conhecimento humanos fluem em distintas orientações, em todas as épocas produziram-se conjuntos e sistemas teóricos, às vezes transformadores e críticos e muitas vezes ortodoxos, formais, etnocêntricos, retóricos”.

A transmetodologia rompe essa ortodoxia e formalidade, levando em consideração a diversidade das culturas e dos sujeitos. Ela se adequa a linhas de investigação que valorizem a mudança, a transformação sociocultural e acadêmica. Através dessa perspectiva teórico-metodológica se pode pensar a cidadania comunicacional como um campo de pesquisa, que educa os meios para a mudança, superando o fundamentalismo e o funcionalismo. Através dela, a prática comunicacional é pensada como um exercício de reflexão criativa.

Confira o PPT da apresentação. Lembre-se: para vê-la na configuração original, é necessário fazer o download.

Referências:

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede: a era da informação, volume I. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MALDONADO, Alberto Efendy. Transmetodologia, cidadania comunicativa e transformação tecnocultural. In: Revista Intexto, Porto Alegre, n. 34, p. 713–727, set./dez., 2015.

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