Da Rede aos Dados: mudando de profissão e de perspectivas

Conheça um pouco da história de quem pivotou a carreira em tecnologia

Fernando Gomes
Data Hackers
6 min readSep 11, 2019

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Photo by Xan Griffin on Unsplash

Antes de começarmos, vale dizer que este post não lhe dirá sobre “as X dicas que você seguir para se tornar um Analista/Cientista de Dados”. Na verdade, você lerá um relato honesto sobre alguém que decidiu migrar de área e que teve de mudar seu mindset e perspectivas no meio do caminho.

Decidi escrever este tipo de post por acreditar que existam muitas pessoas que estejam na mesma condição e que possam ser motivadas por ele.

Dito isso, sigamos em frente.

Um estagiário de Redes “frustrado”

Aonde tudo começou.

Minha história de mudanças tem início no primeiro semestre de 2018, dentro das paredes do Centro de Inovação da Cisco, no Rio de Janeiro. De fato, era um local maravilhoso cheio de possibilidades e, como o nome diz, de inovação e de energia. Como estagiário de redes, tinha contato com toda a sorte de equipamentos de última geração e, com isso, um caminho parcialmente traçado dentro de uma das empresas mais conhecidas no setor de Telecomunicações.

Mas, ao mesmo tempo, era um profissional frustrado. Já atuava no setor de infraestrutura já há algum tempo, e nestes tempos sentia um desejo real de entender sobre negócios e sobre como as empresas funcionam, de fato. Foi então que percebi que era chegado o momento de mudar.

A entrada na “guerra das maquininhas”

Um dos meus espaços favoritos da Zoop.

Após minha constatação de que era necessário respirar novos ares, entrei em contato com uma série de pessoas diferentes através dos Meetups. Os Meetups são eventos organizados por diferentes comunidades com o objetivo de trocar ideias e fontes de conhecimento. Naquele tempo, muitos dos eventos no Rio eram organizados pela Stone Pagamentos, e se você conhece a empresa sabe que existem uma série de conceitos e valores oriundos do mundo do empreendedorismo, tais como resiliência e senso de propósito.

Confesso que aquelas palavras ditas pelos funcionários caíam como um bálsamo para todo o conflito que se passava por mim naquele período, e me encantava ver como que ali os cargos não se limitavam ao que você devia fazer, mas sim ao que você estaria disposto a fazer. Pode ser estranho para alguns, mas não é incomum nos encontrarmos em situações no mercado aonde queremos fazer mais e nos vemos presos em meio a uma série de burocracias. Neste mundo das startups a burocracia costumava ser rejeitada, e isso me encantava um bocado.

Curiosamente, meu contato com startups em termos de trabalho acabou não sendo na Stone e sim na Zoop, uma outra fintech que havia se integrado ao grupo Movile há pouco tempo, naquela época. Entrei em Agosto e trabalhávamos todos em uma mesma sala, e no mês seguinte nos mudamos para um espaço cerca de cinco vezes maior. Apesar de atuar em um time de Infraestrutura, a grande diferença foi que neste caso tive oportunidades para inovar e experimentar várias coisas, até para a minha própria carreira.

Meus primeiros passos com a Análise de Dados

Hoje em dia, muitas pessoas obtêm seu primeiro contato com a análise de dados por conta do “boom” de vagas e oportunidades na área, mas no meu caso acabou sendo uma consequência oriunda de um problema que tínhamos para resolver.

Durante os meus meses na Zoop, tínhamos um problema relacionado ao tempo demandado para perceber e reagir a incidentes presentes na Infraestrutura, tais como quedas de volume das transações no mundo físico e/ou on-line. Quem trabalha em fintechs sabe que poucos minutos de parada em um sistema de pagamentos representa uma série de ações a executar, seja para a comunicação para com os clientes e parceiros quanto para a comunicação interna com os times de Engenharia, e sempre procurando trazer o maior número de insights possível.

Logicamente, o caminho não poderia ser outro: Comecei a procurar entender melhor os dados do ambiente transacional e a me aproximar dos conceitos mais importantes sobre meios de pagamento, com o objetivo de procurar automatizar alguns destes processos de comunicação frente aos incidentes. Com o passar do tempo, comecei a descobrir algumas coisas interessantes:

  • Os Pandas estão longe da extinção no mercado de Tecnologia, quanto a isso pode ficar tranquilo(a).
  • Existia todo um universo sendo construído ao redor do tema, e fiquei encantado pela possibilidade de reunir conhecimentos técnicos com entendimento de negócio.
  • Após alguns meses escutando uma série de buzzwords, descobri que a melhor solução nem sempre é mais complexa, mas sim aquela que melhor se proponha a resolver o problema considerado. Acredite, é fácil se perder tentando fazer algo incrível e com isso se esquecer do básico, e de convencer outros times sobre a solução que você está propondo.

Com o tempo, começamos a virar o jogo e a ter maior capacidade de atuar frente à maior parte dos incidentes, visto que boa parte dos insights já nos eram entregues por análises que estudavam o comportamento transacional das semanas anteriores e o comparava com o cenário atual. Inclusive nosso poder de comunicação e relação com os principais parceiros mudou positivamente, o que de certa forma até me surpreendeu, para ser sincero.

Um novo desejo de mudança: São Paulo

Que eventos, senhores! Que eventos!

Como todo bom “millenial”, não levou muito tempo para que um novo desejo de mudança crescesse dentro de mim: A realização do sonho de me mudar para São Paulo. Acompanhava de longe as diferentes iniciativas feitas na cidade e a quantidade de pessoas incríveis que existem por aqui (Putz, dei spoiler!), e ao mesmo tempo tive uma adolescência bem escassa de recursos financeiros, logo, viajar não era algo muito comum na minha rotina. Certo dia, tomei a coragem em fazer um “bate e volta” para São Paulo especialmente para conhecer o Meetup de Machine Learning do Nubank, e aproveitei a oportunidade para conhecer o espaço de Empreendedorismo do Google, o Google Campus for Startups.

Poder entrar em um espaço do Google: DONE!

Confesso que este foi um dos dias mais emocionantes da minha vida, e voltei com uma grande certeza: Eu queria voltar. E por muito mais tempo.

A importância do Data Hackers e Next Steps

De volta ao Rio, comecei a traçar planos sobre como poderia tornar meu background mais forte e sobre como poderia encontrar uma oportunidade em São Paulo. Utilizei demais as dicas dadas pelo pessoal do Data Hackers, seja através do podcast quanto das mensagens da comunidade no Slack. Uma das dicas mais importantes foi a de conhecer seu tempo de evolução técnica e pessoal, sem afobações, e saber aonde mirar seu currículo, por assim dizer. Após alguns meses, finalmente conheço a Dunnhumby e ingresso em uma oportunidade como Júnior em Análise de Dados. E em São Paulo! :D

Agradecimentos

Sou extremamente grato a todos(as) que nos últimos dois anos me ajudaram, apoiaram e foram pacientes no meu processo de mudanças, e a todos(as) os membros das comunidades pelas quais passei. Todas estas experiências foram fundamentais para mim, seja para quebrar paradigmas que tinha na minha mente quanto para acreditar mais no meu potencial. Espero poder escrever novamente em breve, desta vez com dicas e compartilhamento de cases ;). Até lá!

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Fernando Gomes
Data Hackers

Apaixonado por Tecnologia e por Educação. Nas horas vagas, um fotógrafo de primeira viagem.