Fluxo de desenvolvimento de um dashboard

Giuliana de Jong
Data Hackers
Published in
6 min readJul 9, 2023

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Cada vez mais as empresas buscam pautar sua estratégia e execução em dados, com isso toda a estrutura de tecnologia vem criando governança sob os seus processos. O mesmo acontece com a área de Business Intelligence que cada vez mais se estrutura para garantir um processo mais fluido e uma entrega mais assertiva.

Imagem em formato de fluxograma, mostrando as etapas para disponibilização de um dashboard.

As etapas do fluxo produtivo de um dashboard são flexíveis e nem sempre lineares — é muito comum precisar retornar algumas etapas do fluxo como, por exemplo, na etapa final de validação encontrar a necessidade de ajuste na lógica de um indicador. Isso não necessariamente configura uma brecha no processo, é natural precisarmos rever decisões conforme se cria maturidade na entrega de um produto digital.

De onde surgiu a demanda? Qual o problema a ser solucionado?
Todo desenvolvimento parte de uma necessidade, que geralmente são um ou mais indicadores que precisam ser acompanhados automatizadamente. Essa necessidade deverá ser questionada — questionada não no sentido de burocratizar esse processo e sim para entender se de fato um dashboard é a melhor entrega. Muitas vezes é demandado um dashboard quando uma análise pontual já atenderia o usuário final.

Essa é a etapa mais importante de todo o processo. A entrevista com a área terá como intuito principal guiar o desenvolvimento — como desenvolvedor de visualização de dados, nosso objetivo sempre deverá ser atender da melhor forma possível a área demandante. Para maximizar ainda mais a satisfação com a entrega é recomendado envolver os usuários finais nesse momento.

Deixo abaixo algumas sugestões de perguntas para a etapa da entrevista, e não se esqueça de documentar as respostas.

"— Quais informações são relevantes ou fundamentais?
— Quem é o público?
— Quais dados disponíveis?
— Como seria um resultado bem-sucedido?"
Adaptado do livro Storytelling com Dados, da Cole Nussbaumer Knaflic.

A ideia é sair desta conversa com direcionais claros sobre: indicadores importantes, localização/estruturação dos dados, visões estratégicas para suportar as decisões do time. Nem sempre uma única entrevista será o suficiente para sanar todas essas questões, podendo ser necessária uma rodada de conversas.

"O mockup simula o tamanho, formato, perspectiva, textura, cor e demais aspectos de um produto. Dessa forma, a visualização do projeto final ocorre de forma bem mais facilitada, contribuindo para a aprovação da ideia ou para fazer as devidas alterações." Fonte: link.

Aqui começamos a parte prática e para criar o mockup utilizaremos uma ferramenta de design como, por exemplo: Figma, Adobe XD, Adobe Photoshop, entre outras. A ferramenta em si não é o mais importante e sim o que você construirá dentro dela.

O mockup de um dashboard costuma ser composto de formas retangulares, no exemplo abaixo temos: retângulo horizontal na parte superior em cinza-claro para destacar o título do restante do conteúdo, outro retângulo vertical no canto esquerdo em tom lilás que é onde ficarão os ícones que gerarão ações e na parte central vários retângulos distribuídos conforme as interfaces gráficas que serão criadas.

Exemplo de mockup.

Mas como saber quais e quantos espaços disponibilizar?
Existem algumas formas de se trabalhar com o mockup, sendo possível também já criar todos os atributos visuais (ícones, gráficos, títulos, legendas, etc). Após levantar as necessidades na entrevista, já teremos em mente os indicadores a serem criados, o que já nos possibilita pensar nos elementos visuais e a partir daí entender a disponibilização de espaços na tela.

O mockup servirá como um “esqueleto” para o nosso dashboard e podemos ajustar os espaços conforme começarmos o desenvolvimento caso seja necessário. Além dele, também será interessante criar uma estrutura de Design System. A principal ideia do Design System é reunir padrões visuais — neste caso, estruturamos o padrão de cores, fontes e componentes (botões e ícones). Esta prática permite um desenvolvimento mais fluído e harmonioso.

Exemplo de Design System criado dentro do Figma.

Finalizando essas etapas, o mockup deverá ser validado com o mesmo time que participou da entrevista para evitar ajustes na interface posterior ao início do desenvolvimento — reduzindo retrabalhos. Recebendo essa aprovação, seguimos para a próxima etapa.

Mãos à obra!
Hora de iniciar o desenvolvimento, mantendo sempre em mente as boas práticas de visualização de dados. Aqui deixaremos a ferramenta de design de lado e embarcaremos na ferramenta de Business Intelligence. Temos diversas ferramentas disponíveis no mercado, as líderes em 2023 conforme o estudo da Gartner são: Power BI, Tableau e Qlik.

O desenvolvimento é a união de todas as etapas anteriores, agora todas as anotações, indicadores, métricas e ideias se unirão a fim de formar a entrega. Aqui um bom lema a se seguir é “mantenha simples”, um dashboard sempre deverá ser de fácil compreensão visual — foco no conteúdo e em facilitar a retirada de percepções pelos usuários.

Recomenda-se estabelecer um período de teste antes do produto ser disponibilizado para todos, mantendo o dashboard em um ambiente de desenvolvimento. Caso não exista esse ambiente, tentar limitar os acessos enquanto os usuários testadores validam seu funcionamento. Antes de entregar uma versão para testes, faça você também algumas checagens.

Nesta etapa deverá ser validado:

  • Cálculo dos indicadores, buscando anomalias.
  • Funcionamento dos filtros, botões e ações do dashboard.
  • Fácil compreensão dos títulos e tipos de gráficos escolhidos.
  • Conexão com a fonte de dados — se dados estão atualizando na frequência necessária.

Se você chegou até aqui, você está muito próximo da sua entrega!

Por fim, será feita a disponibilização do dashboard para os usuários. Não se surpreenda se aparecerem solicitações de alteração após esta etapa — idealmente a partir daqui o desenvolvedor de Business Intelligence moveria seus esforços apenas para a manutenção deste dashboard, porém podem aparecer ajustes sentidos como necessários apenas após o uso a longo prazo.

Dashboard completo com gráficos construídos.

Muitas vezes a entrega é acompanhada de um treinamento para os usuários finais, a ideia é mostrar o dashboard e todas as suas funcionalidades — se prepare para ser consultado em eventuais dúvidas e solicitações de suporte. Nem só de desenvolvimento vive o analista de BI!

Gostou desse tema? Sentiu que faltou alguma etapa? Deixa nos comentários sua sugestão!

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