Pizza, o gráfico que se recusa a morrer
E há um bom motivo para isso
Quase todos (tirando uns birutas) odiariam a volta dos mortos vivos ao nosso mundo. Imagina a dor de cabeça de ter que ficar atirando nos zumbis e esqueletos vindos do cemitério enquanto você tenta fazer as compras ou levar o cachorro para passear.
E ainda assim a gente vê revivido os maiores mortos vivos da história: O gráfico de pizza e seus irmãos rosquinha e sunburst. Apesar da cartilha nos livros de data viz e da opinião pública cair matando quem faz necromancia, eles voltam numa apresentação ou outra de um novato.
Mas e se eu te contasse um segredo…
O gráfico de pizza tem uma especialidade única
5 minutos depois…
Calma gente, calma! Vocês estão se precipitando! Abaixem essas tochas e ancinhos. Me deem 5 minutinhos! Eu explico, não estou fazendo heresia! Não precisam me queimar na fogueira!
A grande vantagem da pizza é que ela é um círculo.
Ah?! Mas é exatamente esse o problema!
Não, você não entendeu.
Sim, entendi. O maldito do círculo faz as divisões serem ângulos que ferram com a leitura! *levanta espeto*
Você realmente não entendeu, a sacada não está no “círculo” está no “um”!
Deixe-me abrir o Libreoffice pra explicar:
Tenho aqui duas barras e dois círculos. Vamos aproximá-los:
Certo, as barras viraram uma única, mas os dois círculos não se misturaram. Agora, vamos retirar um pedaço deles.
A barra ainda parece inteira, mas você nota a falta do pedaço no círculo.
É nessa falta de flexibilidade da manipulação que vem o uso da pizza. Você sempre tem certeza que ele está ou não completo. A ideia de todo, de 1, de 100%, é muito forte em gráficos circulares, e é a primeira coisa que se nota nesse tipo de figura.
Você pode usar essa percepção para sua vantagem para passar a ideia de totalidade:
Você visualmente sabe que a soma das partes é 100%; Mas com gráficos de barra não é tão simples:
Tanto é que não é fácil notar que sumiu 1%.
Ok… ok…também dá para zuar as frações com círculos. Mas se feito direito ele garante o 100%. Ao contrário do gráfico de barra, que dá pra passar discreto e dizer que é proposital. (Apesar de poder ser útil em outros casos.)
Entretanto, se sua intenção é comparar fatias, é melhor ir com as barras mesmo. As figuras ficam na mesma altura do eixo, o que facilita a comparação.
Considerando esses dois pontos, a melhor forma de usar os gráficos circulares é quando se deseja comparar a parte contra o todo.
Os gráficos de comida são odiados porque as pessoas insistem em usá-lo errado, como substituto às barras para deixar a apresentação mais dinâmica. Temos formas melhores para isso, como trabalhar a cor, a fonte e a conclusão.
Agora que vocês sabem que eu não sou herege e que eu gosto de boas visualizações. Vocês podem me fazer um favor? ME TIREM DAQUI! TÁ QUENTE! A escada é meio pesada (não tem nada a haver com eu comer pizza), então chamem o pessoal para me ajudar!