O que a resposta do Dep. Marcon à Rosie tem a nos dizer sobre o trabalho da Serenata de Amor
Caso você ainda não tenha visto, a Operação Serenata de Amor lançou na semana passada a conta no Twitter da Rosie, a robô que analisa os gastos dos parlamentares. Essa foi uma estratégia para aproximar as pessoas da conversa sobre gastos públicos e deixar nossas investigações mais precisas e imparciais.
A lógica é a seguinte: se não temos nada a esconder, tudo tem que estar disponível. E se tudo está disponível, todas as pessoas podem ver, acompanhar e interagir, gerando uma discussão que muito tem a acrescentar no nosso próprio trabalho e em como ele é visto.
Desde o começo, percebemos que o legado da Operação Serenata de Amor não era apenas tecnológico. Nós fazemos também um papel de voz política. Queremos disseminar informação — o mais imparcial possível — e ajudar as pessoas a fazerem escolhas mais inteligentes quando o assunto é política.
O Twitter da Rosie é um passo importante para isso, e já nos primeiros dias tivemos uma grande interação, com debate entre usuários e até mesmo com parlamentares, como é o caso que aconteceu essa semana com o Deputado Dionilso Marcon.
No dia 8 de maio, a Rosie identificou e tuitou sobre um gasto suspeito do parlamentar. Trata-se de uma despesa de R$ 134,00 em um restaurante em Sarandi, no Rio Grande do Sul, que foi detectada como suspeita por seu valor ser bastante superior à média praticada no local. Existem outros 16 reembolsos no mesmo estabelecimento, com média de R$ 32,94 por despesa.
Em sua conta, Marcon respondeu à Rosie, alegando que aquele era apenas uma refeição entre um parlamentar e seus assessores, e questionando o porquê de não darmos maior atenção a casos de corrupção.
Essa é uma grande oportunidade para mostrarmos como funciona a Operação Serenata de Amor. Primeiramente, não é nosso trabalho definir o que é legal ou ilegal, nem mesmo o que se caracteriza como corrupção. Somos uma ferramenta de controle social.
Nós detectamos gastos suspeitos e investigamos a possibilidade de que sejam irregulares.
E a irregularidade, neste caso, é ir contra a lei. De acordo com o Ato da Mesa 43/2009, a Cota para Exercício de Atividade Parlamentar é para fornecimento de alimentação exclusivo do deputado, não podendo se aplicar em hipótese alguma a terceiros, ainda que assessores.
Nossas hipóteses para detecção de suspeita saíram do texto oficial da Câmara. Costumamos dizer que transformamos lei em código. E a lei diz que um deputado não pode custear uma refeição para seus assessores, mesmo que trabalhando de segunda a segunda.
Mas esse evento tem muito a nos mostrar. Não escondemos a alegria de colocar na conversa, juntos, a população, os deputados e uma iniciativa de controle de gastos. Estamos no mesmo lado, discutindo a lei e até as menores despesas públicas.
Não temos interesse nenhum em incriminar parlamentares. Nosso compromisso é com a informação. E não importa se ela direcionada a um eleitor ou a um deputado. Não somos apenas open source. Somos abertos também a conversas e contribuições exteriores, tanto quanto estamos dispostos a contribuir.
Por isso criamos a conta no Twitter para a Rosie. Por isso criamos a Operação Serenata de Amor.
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