Por que uma empresa de consultoria de dados deve fazer transferência tecnológica?

Entenda esforços necessários para sustentar os resultados de um projeto de consultoria no médio-longo prazo.

Dourival Pimentel
Dadosfera
7 min readOct 21, 2019

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Dados ficam no DNA da empresa, e um histórico de dados bem construído tem valor crescente com a sua idade. Por conta disso, o alarme que marca a hora da estruturação dos dados da sua empresa se torna ensurdecedor a cada momento que passa. Essa realização impulsionou, finalmente, várias empresas a desenvolverem um ambiente de armazenagem e análise dos seus dados, tornando o Data Engineer (ou Engenheiro de Dados no bom Tupiniquim) a profissão mais sexy de 2019. E fez nascer uma inquietude que deu origem à Data Sprints e a construção de sua metodologia aberta.

Somando a urgência e a dificuldade em encontrar e capacitar os profissionais para tratar e disponibilizar os dados da empresa, temos um cenário em que essas empresas buscam os melhores profissionais do mercado para prestar consultoria e promover a transformação que elas tanto precisam.

Ainda que não haja dúvidas sobre a capacidade desses profissionais, como garantir que as transformações, ferramentas e soluções geradas por eles não se percam ao final da consultoria?

Uma equipe de alto desempenho

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Assim como uma equipe de caiaque deve remar sincronizada para que todos cheguem ao final da corrida, uma empresa de consultoria deve andar lado a lado com o cliente, não só garantindo que o resultado final seja atingido, mas também que ela possa sair do barco sem deixar que os passageiros restantes fiquem à deriva.

Mas por que abandonar o barco?

Um projeto de consultoria que se transforma em um projeto de manutenção a longo prazo parece uma ótima estratégia para o consultor e um mal necessário para o cliente. Inclusive, o modelo de pagamento por mensalidade está se transformando em um modelo padrão de negócios. O Product as a Service (PaaS) garante uma entrada constante de capital, ao mesmo tempo que transfere a responsabilidade sobre a performance do produto para a fabricante. Se esse é um bom modelo, por que não permanecer com ele?

Porque no mercado de dados ainda não há uma tecnologia dominante e alguns fatores contribuem para que esse futuro esteja muito distante.

A necessidade por informações cada vez mais detalhadas, a discrepância entre o custo de coleta de dados e o custo de armazenamento e processamento, e o fruto disso tudo: o Dark Data.

Uma grande massa de dados se esconde abaixo da superfície, esse dado ainda não é aproveitado e é um problema crescente. Ele está intimamente relacionado a discrepância entre o custo de coleta e o de processamento, mas já é uma realidade hoje.

As soluções para os problemas do futuro dificilmente serão atingidas ao se trabalhar com manutenção de soluções para problemas do passado. Logo, os melhores consultores são aqueles que pesquisam incessantemente por uma nova funcionalidade, uma melhoria de performance ou uma mudança de paradigma que poderá assistir o cliente com seus novos desafios.

Enquanto esses forem os melhores profissionais do mercado, a consultoria também não precisa se preocupar com a entrada de capital.

Ao mesmo tempo, o cliente não compra apenas mais um projeto de consultoria em dados, como compra a capacitação dos seus próprios funcionários e um produto com expectativa de vida muito mais alta.

Convencido em entregar o queijo e a faca ao final do seu projeto de consultoria? Saiba como.

Abaixo damos algumas dicas simples que podem ajudar

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Inclua o cliente na execução do seu projeto

Comece com práticas mais tradicionais. Por exemplo, inclua alguns funcionários chave do cliente nas Daily Meetings e, conforme as competências de cada um, atribua a execução de tarefas simples do projeto a eles. Essa simples iniciativa gera uma motivação para que eles entendam melhor o projeto e sejam os primeiros a difundir esse conhecimento dentro da empresa.

No entanto, se conhecer um pedaço do projeto não for suficiente para utilizá-lo e adaptá-lo depois, mapeie o processo de utilização e atualização da ferramenta no futuro e reconstrua ele com os futuros responsáveis por esse processo na equipe do cliente. Essa reconstrução pode ser uma programação em pares, um passo a passo em workshop ou mesmo uma videocall onde o funcionário executa os passos necessários a partir de um manual. E isso nos leva à segunda dica.

Documente o seu trabalho

Essa dica é simples.

Documente o seu trabalho através de vídeos, manuais e até mesmo comentários no seu código. Tudo que parecer necessário é necessário. Não há como economizar esforço aqui se o seu objetivo for realizar uma boa transferência tecnológica.

Avalie o seu processo de transferência

Essas avaliações podem acontecer continuamente durante as dailies ou durante a execução de tarefas conjuntas. Um bom consultor deverá conseguir perceber se o seu conhecimento foi transferido com sucesso ou não, mas apenas isso não é suficiente.

Exemplo da metodologia de análise iterativa do repasse tecnológico desenvolvido pela DataSprints

Juntamente com as avaliações subjetivas, deve ser feita a confecção de um conjunto de questionários a serem aplicados de acordo as responsabilidades de cada funcionário do cliente. O questionário pode conter perguntas como:

  • “Quão simples é a criação de um novo fluxo dentro da ferramenta?”
  • “Qual(is) solução(ões) de orquestração na cloud está(ão) sendo utilizada(s) no projeto?”

Essas perguntas tem como objetivo avaliar a qualidade da transmissão tecnológica. Falhas aqui indicam que essa porção do processo deverá ser reforçado por outras ferramentas. Por outro lado, ele também pode conter perguntas como:

  • “De 0 a 10, dê uma nota ao repasse tecnológico feito pelo time da DataSprints.”
Exemplo de aplicação de questionário entre as etapas de construção do projeto desenvolvido pela DataSprints.

Essas por sua vez, tentam entender a percepção do processo de forma geral e são muito úteis para medir de forma indireta a satisfação do cliente.

Esses questionários podem ser aplicados antes e depois de cada etapa planejada de transferência tecnológica, ou em granularidades menores, mas devem ser aplicados mais de uma vez, de acordo a duração e a intensidade do projeto.

Melhore o seu processo durante o projeto

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Com os resultados dos questionários em mãos, alguns pontos falhos da transferência serão explicitados e as ferramentas já mencionadas podem ser utilizadas para tentar corrigi-los. O processo é iterativo e resultados irão variar de pessoa para pessoa, assim como de cliente para cliente. O importante é ter a transferência tecnológica no centro do seu projeto.

Qualquer semelhança com o PDCA é um easter egg plantado pela Marvel

Não fique apenas na transferência!

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A inclusão do cliente como parte ativa do projeto não possibilita apenas a transferência tecnológica, como endereça dificuldades de acesso, segurança e burocracias que possam surgir durante a consultoria. Em segundo lugar, as mesmas estratégias também atuam na difusão de uma cultura data-driven no cliente, pois envolvem funcionários em vários níveis de tomada de decisão e fazem com que todos busquem entender o relacionamento de cada um com o projeto.

O processo de transferência tecnológica contribui para construção da noção de valor do projeto e para uma relação de maior confiança entre a consultoria e o cliente, auxiliando assim na venda de novos projetos de melhorias, não de manutenção.

Ao final do projeto, impactamos o cliente com uma nova infraestrutura de dados, uma equipe devidamente treinada para mantê-la e uma consciência da importância do projeto para várias das áreas tocadas por ele. Do outro lado, os consultores continuaram explorando novas tecnologias e agregando ainda mais valor nos futuros projetos.

Não é o cativeiro da manutenção quem incentiva a realização de mais projetos, mas as várias camadas de benefícios para todos os envolvidos.

Se interessou pelo nosso processo de consultoria e repasse tecnológico? Não deixe de entrar em contato pelo contato@datasprints.com! Ah, e se quiser receber ativos de nossa metodologia, se inscreva no www.sprintdedados.com.br. A Sprint de Dados foi criada para ser uma metolodologia aberta à comunidade, de forma a fortalecer o mercado de dados brasileiro. Curta o texto e compartilhe a palavra por um mundo de dados mais democrático e, principalmente, com resultados para as organizações. Até a próxima!

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