O impacto das mulheres na inovação

Renata Sellaro
Databizz
Published in
3 min readApr 7, 2020

Ainda em 2020 temos uma dura realidade em que os homens têm índices maiores de empregabilidade e maiores salários em relação às mulheres, e isso não é novidade. Estamos cada vez mais avançando na questão de gênero e mostrando por resultados a diferença que a mulher faz em pesquisas, desenvolvimento e organizações em geral. O fato é que não vamos construir inovação se não avançarmos na questão de igualdade de gênero.

Apesar das inúmeras dificuldades que existem em ser mulher no mercado de inovação e tecnologia, quero trazer aqui uma abordagem mais encorajadora. Isso porque, muito mais do que uma meta de diversidade e inclusão ou um número para usar no marketing, mulheres trazem vantagens competitivas nas organizações, e eu posso provar!

Um dado que comprova que mulheres em cargos de liderança e a receita por inovação em organizações estão diretamente ligadas é ilustrada no gráfico abaixo, da BCG, que traz de forma clara essa explicação. Em organizações onde têm-se mais de 20% de mulheres liderando vemos um aumento significativo nas receitas relacionadas a inovação. Abaixo desse limite, organizações que permanecem com lideranças masculinas sentem dificuldade em capturar esse potencial de inovação. Como exemplos de organizações que estão acima da média em mulheres em lideranças podemos citar a Apple, Alibaba e JP Morgan.

Inclusive, ainda que não escritos estritamente com o objetivo de aumentar a inovação, temos alguns países que exigem por lei um percentual mínimo de mulheres em conselhos corporativos. São eles Islândia e França (40%), Noruega (pelo menos 40%, dependendo do tamanho do conselho), Itália (33%) e Alemanha ( 30%).

Quando o assunto é startups, organizações que estão totalmente ligadas a inovação e tecnologia, temos várias evidências de que um percentual maior de mulheres em cargos de liderança faz estas organizações superarem aquelas que são dominadas apenas por homens. Um estudo da BCG em parceria com a MassChallenge , uma rede global de aceleradores dos EUA, mostra dados interessantes sobre o tema em questão:

  • Mesmo recebendo menos investimentos, as startups fundadas e cofundadas por mulheres apresentaram 10% a mais de receita em cinco anos em comparação as organizações fundadas por homens. Tal desempenho significa US $ 730.000 em comparação com US $ 662.000.
  • Em relação ao investimento feito comparado a receita gerada da organização, temos que as startups fundadas e cofundadas por mulheres geram 78 centavos de receita para cada dólar investido, já o resultado das startups criadas por homens é menos da metade, 31 centavos gerados para cada dólar investido.

O caminho ainda é longo e temos muito o que conquistar. Sempre importante lembrar que as organizações que buscam verdadeiramente encontrar uma diversidade de gênero tem de pensar em alguns eixos, que são eles: remuneração, recrutamento, retenção, avanço e representação, conforme ilustra a imagem da BCG.

A diversidade de gênero é primordial e traz vantagens competitivas que podem ser usadas a favor da inovação: maior faturamento, melhor desempenho, aumento de receita de inovação, entre outros. Ademais, precisa-se ter consciência de que inovação é para qualquer pessoa que queira fazer a diferença onde está. Todos têm um papel para acelerar essa curva da diversidade.

Além disso, a formação de uma rede de apoio entre as mulheres é fundamental para que consigamos crescer juntas. Bem como, através da disseminação de informação/conscientização será possível chegar mais rápido ao topo.

Espero assim, que cada vez mais tenhamos representatividade em cargos de liderança no que diz respeito não somente a gênero, mas a diversidade. E com isso possamos construir organizações cada vez mais inovadoras.

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