Visualização de dados com sotaque brasileiro — parte 1
A convite da Sara Mesquita e da Caroline Doyé do Datavis Lisboa fizemos uma live onde pude retomar um pouco meu contato com esse pais que tanto quero bem e falar sobre como temos feito visualização de dados aqui no Brasil nos últimos 10 anos.
Essa apresentação eu separei em seis partes:
- A primeira contando um pouco da história da infografia no Brasil;
- A segunda abordando a categorização que tenho feito, junto com a Júlia Giannella, desde 2015 sobre os tipos de trabalhos de visualização de dados no Brasil. E mostrando a primeira categoria de Arte (interfaces físicas);
- A terceira comenta sobre trabalhos de Design e Computação, relacionado também a Ciência de dados;
- A quarta comenta sobre alguns profissionais que trabalham com Jornalismo de dados;
- A quinta mostro um pouco sobre as interfaces cartográficas;
- E por fim, na última parte falamos sobre os grupos de pesquisa e comunidades que trabalham com visualização de dados no Brasil.
Nesse post vamos nos ater apenas a primeira parte dessa apresentação onde contamos a história da infografia no Brasil, onde eu tive uma excelente ajuda do amigo e professor de design da UFPE Ricardo Cunha Lima. Fiz essa parte da apresentação porque temos uma rica história da infografia no país desde a década de 1990, bastante premiada e super respeitada mundo a fora. Provavelmente tivemos uma grande influência dessa geração de pesquisadores no nosso trabalho diário criando e analisando visualizações de dados.
Esses profissionais, além de excelentes na sua prática profissional, contribuíram muito para a comunidade formando uma geração de outros infografistas nas suas equipes.
Ary Moraes
O infografista trabalhou um tempo na Infoglobo e hoje é professor da Escola de Belas Artes / UFRJ. O Ary foi o primeiro brasileiro premiado com o Malofiej em 1996 com o infográfico sobre o Mike Tyson.
Em 2013 lançou o livro Infografia: História e Projeto e em 2015 o livro Design de Notícias: a Acessibilidade do Cotidiano, ambos pela editora Blucher.
Mário Kanno
Mário é antigo editor de infografia do Folha de São Paulo. Em 2018 publicou o livro Infografia dentro da série guia básico de didáticos da Editora Boreal.
Enquanto editor de infografia no Folha de São Paulo, ele também teve um papel de formação de outros profissionais da equipe de infografia. O Mário também foi um dos responsáveis pela criação do saudoso evento brasileiro INFOLIDE que tinha como seu foco a infografia.
O Mário também criou um perfil chamado Mostra de Infografia, onde compartilha trabalhos desenvolvidos no Brasil.
Luiz Iria
Antigo editor de infografia da Superinteressante. Em 2013 desenvolveu o infográfico Golpe de Mestre com 9 páginas na revista e ganhou prêmio Malofiej daquele ano.
Iria foi um dos infografistas que definiu o estilo pictórico brasileiro, segundo o pesquisador Ricardo Cunha Lima na sua dissertação de mestrado. Você pode conhecer um pouco mais do perfil do Iria no site Visualoop.
Alessandro Alvim
Foi editor de infografia do O Globo e hoje é editor executivo visual da Ediora Globo. Em 2016 ganhou o prêmio de portfólio individual no Malofiej.
O portfólio inscrito constava de seis infográficos, quatro deles ligados aos 450 anos do Rio e os outros dois sobre refugiados, como conta a matéria do O Globo. Você pode conhecer mais sobre Alvim no Visualoop, que mostrou o perfil dele.
Marcelo Pliger
Editor da infografia na Folha de São Paulo, Marcelo é um infografista super premiado. Ganhou o Prêmio Petrobras de Jornalismo em 2018. Já foi premiado no Malofiej com medalha de prata em 2009 e 2010 e bronze em 2009 e 2014. Desde 2013 também é professor da ESPM — Escola Superior de Propaganda e Marketing nos cursos de graduação em design e em jornalismo. Aconselho também acompanhar o perfil dele no Visualoop.
Rubens Paiva
Ex editor de arte do Globo, o Rubens é também reconhecido como um dos melhores infografistas da sua geração e um formador de outros profissionais nas equipes que passou. Seu trabalho pode ser visualizar no seu portfólio no Flickr. Recenemente participou da criação de um infográfico interativo que mostrava as relações da família Bolsonaro.
Renata Steffen
Renata trabalhou na Revista Superinteressante e também foi uma das fundadoras do Infolide. Hoje ela é diretora criativa no Laboota (Laboratório de Conteúdo Visual). Já ganhou 4 prêmios Malofiej e foi jurada e palestrante na 16ª edição do prêmio. Ganhou dois Prêmios Esso de Jornalismo, em 2008 e 2009, pela Folha de São Paulo. Você pode acompanhar mais no perfil sobre ela no Visualoop.
E vamos destacar aqui exatamente um dos trabalhos que não recebeu prêmio. É um infografia sobre a cirurgia de readequação sexual, onde Renata e sua equipe utilizaram de uma analogia com frutas para mostrar todo o procedimento. Como dito no episódio “Dados em tempos de pandemia” do podcast visual+mente: “esse infográfico é um marco”.
Espero que vocês tenham gostado do material apresentado e não esquece de seguir a gente no twitter e no instagram. Continuaremos em breve com a segunda parte dessa série.
