1ª edição do Dataviz.Rio

Leandro Amorim
datavizrio
Published in
6 min readMar 5, 2019

Ideia surge > feels right> não pense > só faça

Primeira chamada oficial do Dataviz.Rio.

Como a Julia Giannella disse no post inaugural desta publicação, a concepção do Dataviz.Rio foi super espontânea mesmo. Ela teve o insight, a gente sentiu que tinha tudo a ver e, antes que qualquer racionalização pudesse nos paralisar, colocamos o bloco na rua (tô escrevendo isso na segunda de Carnaval por isso o trocadilho).

Mas se a gente parar pra pensar mesmo e analisar tudo que rolou até chegarmos aqui, tendo como resultado um evento bacana indo pra sua 3ª edição, não foi tão simples nem tão do nada assim.

Eu entendo que toda vez que uma ideia se encaixa tão bem que a gente não precisa sequer racionalizar — racionalizar até atrapalha — é por que a gente já vem criando, mesmo que inconscientemente, uma boa base pra ela se estabelecer e ganhar o mundo.

É como se, sem saber, estivéssemos cuidando de um pedaço de terra, capinando, arando, fertilizando e regando, e nos surpreendêssemos quando uma semente resolve germinar.

Na real não é pra ter surpresa, mas tem e essa é a parte mais legal.

Pensem só… tenho interesse por design de informação muito provavelmente desde que ví um primeiro esquema explicando alguma coisa (Manual do Escoteiro Mirim? Manual do Lego? Enciclopédia Barsa? Não faço ideia, mas chutaria algo por volta dos anos 80 e poucos — isso já dá um post). Fiz dois anos de engenharia (antigo ciclo básico) antes de largar e migrar pro design. A Café.art.br, minha empresa, trabalha com dataviz desde 2014. A Julia, também designer, se interessou pelo tema ainda na faculdade, fez um Mestrado em dataviz e segue um Doutorado na mesma linha. Conhecemos um bom número de pessoas atuantes no meio, tanto no mercado quanto na academia. A Café tem um espaço bem legal no estúdio que é sub-utilizado: nosso porão — AKA Cavern Club. Já fizemos alguns encontros com designers para discussão de temas como arte generativa, glitch, ilustração e design de produto. Sabemos que tem muita gente interessada em visualização de dados e, ao mesmo tempo, tem pouca gente com experiência prática, que tenha de fato participado de projetos reais. Conheci a Sarah Kay Miller pelo Instagram e acompanhei os movimentos dela pra criar o Utah Dataviz, conversamos sobre isso mas, na época, não juntei os pontos pra fazer a versão Carioca. Eu até tinha comprado o domínio www.dataviz.rio.br em janeiro de 2018 e não tinha feito nada com ele…

Olhando pra tras parece um caminho mais-do-que óbvio, mas quem está acompanhando desenvolvimento do Dataviz.Rio sabe que não foi.

E, já que estamos falando dessas "coincidências", queria aproveitar pra recomendar três livros que eu curti muito e acho que tem tudo a ver com essa história. O Fabio Seixas tá fazendo alguns resumos de livros bacanas pelo Instagram dele (super recomendo seguir) e, quem sabe ele não fala de algum desses:

BLINK, do Malcolm Gladwell;
TRIBES, do Seth Godin, e;
PREDICTABLY IRRATIONAL, do Dan Ariely (ligação menos óbvia mas ta lá).

Valem cada minuto/centavo.

Bom, fiquei de fazer um resumo do nosso primeiro encontro, mas não conseguiria fazê-lo sem complementar o que a Julia escreveu e contar um pouco mais sobre como chegamos até aqui.

Então, sem mais rodeios…

A 1ª edição do Dataviz.Rio rolou no estúdio da Café.art.br, em Laranjeiras, no dia 30 de janeiro de 2019…

… e foi linda!

Abertura do Dataviz.Rio (Bacardi não patrocina, aliás, não temos patrocínio).

Foi uma sensação muito legal e reenergizadora dar boas-vindas e acompanhar o pessoal chegando pro evento. Estávamos cansados da arrumação toda, mas quando os participantes começaram a chegar, demos as boas-vindas e foram procurar onde sentar tudo passou.

Abrimos, nervosamente, a primeira edição com uma breve explicação sobre nosso propósito: ajudar a criar essa comunidade bacana em torno do papel do design na visualização de dados. Já existem outros eventos e grupos de respeito no Rio que discutem dataviz, abordando aspectos aplicados ao jornalismo, à ciência de dados, programação backend e frontend, etc. Mas nosso interesse não é competir com nenhum deles (muito pelo contrário!), é só preencher a lacuna do papel do design nesse contexto.

A primeira palestra foi sobre o Data Selfie, projeto desenvolvido para o Thought For Food (TFF). Escrevi bastante sobre ele aqui então não vou me alongar. Eu abri contando a história do TFF e do projeto. Avancei explicando conceitos básicos de visual encoding e mostrei como criamos os botons das data selfies, coletndo e processando os dados em tempo real.

O Henrique Ilidio assumiu a apresentação da parte mais técnica do projeto: como usar dados de uma planilha para criar as data selfies usando a função de dados variáveis do Adobe Indesign. Fizemos até uma data selfie de um dos participantes na hora quem sabe faz ao vivo e o Henrique sabe muito!

Henrique Ilidio mostrando o uso não tradicional da função de dados variáveis no Indesign.

Em seguida, tivemos o Erlan De Almeida Carvalho, falando sobre o Vira-Casacas da Câmara, nosso primeiro projeto autoral e que foi um super sucesso, colocando o nome da Café e dos parceiros que nos ajudaram nas principais premiações de design e eventos afins: Information is Beautiful Awards, Bienal Ibearoamericana de Diseño, Prêmios Clap, Brasil Design Award, Prêmio Bornancini e Interaction Latin America. Foi uma apresentação muito bem humorada sobre um tema difícil e controverso.

Erlan Carvalho mostrando etapas do design do Vira-Casacas.

Por fim, tivemos o Marlus Araujo que, na véspera do evento, deu uma deixa via stories do Instagram que toparia fazer um lightning talk (apresentação curtíssima, tipo 5 min) sobre o Mapa da Informação. Esse projeto desenvolvido em parceria com o ITS Rio revela como o governo Brasileiro armazena e processa as informações de identificação dos cidadãos.

Marlus Araújo em seu lightning talk sobre o Mapa da Informação.

O formato lightning talk foi tão legal que foi incorporado à rotina do Dataviz.Rio, com seus apresentadores sendo convidados para conduzir palestras mais detalhadas na edição seguinte.

As conversas no pós-evento foram muito legais e colhemos muitas sugestões para aprimorar o evento. Algumas já colocamos em prática na 2ª edição (demorei tanto pra escrever isso que já rolou a 2ª! Veja aqui como foi!) e outras entraram no nosso backlog pras próximas.

Ah! A 3ª edição já está marcada, mas vou parar por aqui pra não dar spoiler.

Bom, pra fechar queria voltar rapidamente aos fatores que nos ajudaram a realizar o Dataviz.Rio e falar de um detalhe tão importante que quis deixar pro final. Sem o apoio da equipe da Café, que super topa ideias não ortodoxas como essa, o Dataviz.Rio não teria rolado. De comprar cerveja, gelo e banquinhos, emprestar o projetor e fotografar, à ajudar arrumar a casa antes da galera chegar e limpar a casa no fim do evento… vocês foram fantásticos.

Muitíssimo obrigado a Alessandra Carriles, Bruno e Daniel Ventura (amigos da Disarme Gráfico e não da Café, mas é como se fossem), Erico Rosa, Erlan De Almeida Carvalho, Gabriela Alcoar, Gabriel Lira Nascimento, Guilherme Lobo, Henrique Ilidio, Renata Guterres Viana e Wendel Anthuny. Valeu mesmo!

E um super obrigado a todos os participantes!

Parte dos participantes da 1ª edição do Dataviz.Rio (não fizemos muitas fotos mas já melhoramos na 2ª edição).

Espero vê-los nas próximas edições!

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Leandro Amorim
datavizrio

Designer passionate about all things data, head of Café.art.br, an Information Design Studio, father, and a huuuge over-thinker. www.instagram.com/leandroamorim