6ª edição do DatavizRio

Júlia Giannella
datavizrio
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7 min readJul 31, 2019

Ampliando nosso alcance e escopo de atuação.

Em junho, organizamos o sexto encontro de profissionais, pesquisadores e entusiastas da visualização de dados no Rio de Janeiro. E foi o primeiro fora do estúdio da Café.art.br. Se, por um lado, já estávamos finalmente conduzindo o evento como quem se sente em casa, por outro lado, a mudança de cenário renovou a sensação de frio na barriga. Sair do porão da Café para o laboratório de cocriação da Casa Firjan — espaço com capacidade de acomodar o triplo de pessoas do que estávamos acostumados a receber — proporcionou maior visibilidade para o DatavizRio. De inscritos oficiais e os da lista de espera, essa edição teve um total 100 inscritos (!) dos quais 52 compareceram no dia do encontro.

Mas, para além do alcance de novos e maiores públicos, a parceria com a Casa Firjan nos levou a pensar sobre a ampliação e diversificação de nosso escopo de atuação. À convite da Casa Firjan, desenvolvemos três oficinas (uma já começou!) e um curso a serem oferecidos ainda este ano:

  • "Design de Dashboards"
    Quando: 29 de julho (ontem) e 05 de agosto
    Oficina de seis horas de duração voltada para profissionais que utilizam essa ferramenta no dia a dia (designers, programadores, analistas de BI e analytics , etc) e que querem que seus dashboards comuniquem melhor, de maneira clara e efetiva;
  • "Data Selfie"
    Quando: 03, 04, 17 e 18 de agosto (das 15 às 17h)
    Oficina (gratuita!) de duas horas de duração voltada para a introdução de fundamentos de codificação visual a partir de uma atividade lúdica que tem como objetivo levar o participante a coletar dados sobre si mesmo e a representá-los visualmente com lápis de cor e papel;
  • "Dados para Crianças"
    Quando: 10, 11 e 31 de agosto e 01 de setembro (das 15 às 17h)
    Oficina (gratuita!) de duas horas de duração voltada para familiarização de fundamentos de dados para crianças a partir de dinâmicas próprias para essa faixa etária;
  • "Dataviz e Negócios: fundamentos da visualização de dados para tomadores de decisão" (esse nome pode mudar)
    Quando: setembro (datas a confirmar)
    Curso introdutório (21–24 horas) voltado para estudantes e profissionais que desejam compreender na prática como transformar dados brutos em visualizações claras e efetivas.

A gente entende que a oportunidade de desenvolver oficinas e cursos representa um grande avanço do escopo original do DatavizRio — inicialmente orientado para divulgação e popularização da área de visualização de dados — em direção a um projeto mais consistente de fomento à especialização e à profissionalização da área.

Mas vamos ao que interessa! Afinal, o que que rolou na sexta edição do DatavizRio?

O encontro começou com uma apresentação da Mariana Coelho, especialista de conteúdo integrado na Firjan, sobre a programação temática do Ciclo de Dados promovido pela Casa Firjan. O ciclo envolve diversas atividades como a exposição Data Corpus — a vida codificada, palestras, oficinas e meetups que refletem sobre como os dados impactam profissões, empresas e sociedade.

Público do DataviRio interagindo com a Mariana Coelho, da Casa Firjan.

Em seguida, eu e o Leandro Amorim expressamos nossa tradicional acolhida, agradecendo a presença dos convidados e participantes e explicando a dinâmica do evento. Nossa fala já emendou no lightning talk surpresa da noite que, nessa edição, foi uma dobradinha minha e do Leandro sobre a simbiose entre reflexão e prática na hora de atuar em visualização de dados. Isso porque a gente acredita que a relação entre pensar e fazer é fundamental tanto para o desenvolvimento crítico de quem tá colocando a mão na massa e criando visualizações incríveis nos mais diferentes suportes e contextos de uso como para o conhecimento tácito de quem está pensando e ajudando a formar o campo de atuação.

Em minha fala, mostrei uma lista não exaustiva de temas e perfis a serem seguidos no Twitter. E por que o Twitter? Bem, porque pra um primeiro contato, o Twitter é um canal muito bacana pra acompanhar o que tá acontecendo na área de dataviz: dos pesquisadores e praticantes mais renomados aos opinantes de fundo de quintal como eu 🙋, tá todo mundo compartilhando referências no Twitter. E porque seis temas? Bem, naturalmente essa divisão não esgota todos os tópicos sobre dataviz e muito menos são temas puros. Mas achei que essa seria uma divisão didática.

Tópicos e perfis sobre dataviz para seguir no Twitter.

O Leandro Amorim conduziu a segunda parte do lightning talk abordando notícias e tendências de mercado na área de dataviz. Primeiro, ele relatou a aquisição do Tableau — a mais destacada plataforma de visualização de dados do mundo — pela Salesforce — a empresa de CRM nº 1 do mundo —, episódio que nos leva a refletir sobre o que isso poder significar para o mercado da visualização de dados, principalmente no contexto de business intelligence. Em seguida, Leandro compartilhou uma lista de empresas na área de dataviz que atualmente mais o inspiram. Nos slides do nosso lightning talk você encontra todas as nossas referências.

Empresas na área de dataviz que vale a pena acompanhar.

Primeira palestra: Cultura nas capitais

A primeira palestrante da noite foi Luciana Junqueira, designer e sócia da Tabaruba Design. Luciana voltou ao DatavizRio para aprofundar o projeto Cultura nas Capitais, que tem como objetivo apresentar os resultados de uma pesquisa — elaborada pela consultoria JLeiva Cultura & Esporte — que avaliou como 33 milhões de brasileiros consomem entretenimento e arte no país. A palestra abordou três tópicos: trajetória, tecnologias e análises.

Luciana Junqueira apresentando o trabalho Cultura nas Capitais.

No primeiro tópico, Luciana contou sobre sua trajetória profissional no que diz respeito ao trabalho com manipulação e visualização de grandes bases de dados. Em 2013, a Tabaruba desenvolveu um primeiro relatório sobre consumo de cultura na cidade do Rio de Janeiro a partir de 1501 entrevistas que geraram 400 gráficos. Já em 2014, precisou lidar com 7600 entrevistas que resultaram em 1000 gráficos. Finalmente, em 2018 seu desafio cresceu exponencialmente: Luciana tinha em mãos o trabalho de analisar 10630 entrevistas provenientes de 12 capitais brasileiras e que poderiam gerar, potencialmente, 12.5 BILHÕES de gráficos 😮!

O segundo tópico versa sobre adaptação tecnológica e é consequência de sua trajetória profissional. Se, em um primeiro momento, ela usava softwares gráficos como Illustrator e Indesign da Adobe para processar e visualizar dados, foi necessário migrar para softwares como Excell, Highcharts e Tableau para poder manipular e visualizar uma base de dados muito maior. Atualmente, Luciana está interessada em se aproximar de linguagens de programação como Python, R e Processing e bibliotecas JavaScript como d3.js para ganhar mais liberdade na elaboração de visualizações personalizadas.

Visualisingdata é sua principal fonte de referências de visualização de dados.

Finalmente, o terceiro tópico abordou as análises realizadas partir de visualizações do projeto Cultura nas Capitais. Luciana mostrou como foi possível desmistificar algumas suposições como a de "o Brasil é o país do samba" e fazer descobertas interessantes sobre como o gênero e o estado civil influenciam o consumo das atividades culturais.

A visualização mostra que "sertanejo" é ritmo mais escutado no país.

Segunda palestra: IUU Fishing Index

Erlan De Almeida Carvalho, designer e sócio do estúdio Café.art.br, apresentou o processo de criação de visualizações para o o IUU Fishing Index, um índice sobre pesca ilegal no mundo desenvolvido conjuntamente pelo GI-TOC, um think-tank suíço com foco em crime organizado transnacional, e pela Poseidon, uma consultoria inglesa para gestão de recursos aquáticos. IUU significa Illegal, Unreported and Unregulated e o índice que o mensura possui 40 indicadores com pontuação de 1 a 5 com o objetivo de ranquear 152 países costeiros, regiões e bacias oceânicas.

Erlan Carvalho em sua apresentação sobre o IUU Fishing Index.

Em sua exposição, Erlan explicou a simplificação do índice em quatro principais indicadores que foram, posteriormente, codificados visualmente em um gráfico de barras personalizado e batizado como “Fishbone Chart”. O processo de criação desse tipo de gráfico levou em consideração o uso da metáfora visual da espinha de peixe para atrair a atenção do leitor ao mesmo tempo em que transmite a informação com clareza e acurácia.

Comparação entre dois gráficos do tipo "fishbone chart".

O projeto se desdobrou ainda em um website com mapa coroplético e identificação de países sem saída para o mar. Esse mapa possui filtros para oceanos e continentes. Além disso, foi desenvolvido um vídeo teaser sobre o projeto e um relatório em pdf contendo os perfis dos 152 países avaliados.

Interface do website IUU Fishing Index.

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As fotos da 6ª edição você encontra neste álbum no facebook.

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Júlia Giannella
datavizrio

#dataviz and #HCI for knowledge discovery in #digitalCollections | Ph.D. student at @esdi_uerj, researcher at @visgraflab and curator at @datavizrio