“Agora você tem (que ter) autonomia.”

Vanessa Santos Labuto
DB Server
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2 min readApr 14, 2022

Muito se fala atualmente em times de alta performance onde as pessoas têm autonomia para tomadas de decisão e promovendo uma descentralização para diluição do excesso de dependências. Sim, esse é um caminho para a alta performance em times. O que venho notado é a falta ou pouco cuidado com a dedicação ao processo de transição para que esse potencial seja trabalhado tanto individualmente quanto coletivamente.

Não podemos negar que ainda somos estruturas organizacionais que ao longo dos anos inseridas no sistema fabril não inspiraram esse comportamento e ainda desencorajaram e bloquearam os impulsos de autonomia. As pessoas não foram treinadas para isso e temos muito mais história escrita do que capítulos com páginas em branco por vir nessa linha do tempo.

Não podemos pensar de forma encapsulada em assumir uma nova forma de gestão que prevê maior autonomia sem pensar primordialmente em como concentrar energia e esforços no apoio ao processo de transição de indivíduos que agora são convocados a assumir um papel não mais essencialmente tarefeiro. Estamos diante de um verdadeiro desafio e por isso é comum padecer ao comando e controle de forma a justificar em muitos casos sua perpetuação, mesmo que as tendências de gestão já estejam caminhando em outra direção muito claramente definidas. Na balança pesa: o quanto vale a pena esforços em como capacitar para autonomia? E o quanto vale manter as coisas como elas estão?

Nossa atuação como agentes de mudanças é fundamental para que possamos trazer luz para: a transição para a autonomia. Apoio à capacitação, ampliação da transparência, quebra de silos, maior abertura, ganho e incentivo ao conhecimento — o que sou, o que sei, qual meu papel, qual a minha importância para a organização, de forma a impactar individualmente e coletivamente a todos os envolvidos no processo. Management 3.0 fala em: “manage the system, not the people” (gerenciar o sistema e não as pessoas). Sim, afinal devemos cuidar das pessoas para que elas possam ser agentes empoderados — e autônomos, para então gerenciar sistemas.

Sem considerar a importância das etapas de transição e os ganhos incrementais que elas poderão proporcionar, estaremos nos distanciando da alta performance e estressando sistemas em uma espécie de autonomia compulsória, onde as pessoas são forçadas a despertar para a autonomia como sendo uma condição isolada e preexistente.

Referências:

ADKINS, Lyssa. Treinamento de Equipes Ágeis: um guia para scrum masters, agile coaches e gerentes de projeto em transição. 1. ed. Rio de Janeiro: ALTA BOOKS, 2020.

What Management 3.0 is About. Management 3.0, 2022. Disponível em: <https://management30.com/learn/>

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