Mas o que são Silos Organizacionais, afinal?

Vanessa Santos Labuto
DB Server
Published in
4 min readJan 18, 2022

Sabe aquele termo do qual já ouviu falar mas não lhe caiu bem um entendimento de fato? Espero que com esta breve leitura você consiga chegar lá. E vamos de redundância (ops!) pra “começar do começo”? Vamos! 🤓

Silos de armazenamento de grãos.

Silo: substantivo masculino. Etimologia: Espanhol, “local preparado para guardar grãos”. Do Grego seirós, “cova ou tulha para depositar grão”. Na Agricultura: reservatório fechado, de construção acima ou abaixo do solo, próprio para armazenamento de material granuloso, como cereais, cimento etc. No ambiente Militar: construção subterrânea, revestida de concreto e aço, onde são estocados mísseis prontos para lançamento.

Não é à toa que destaquei alguns termos: guardar, depositar, reservatório fechado, concreto e aço (dica: resistência 😉), estocados. Continue a leitura e prometo que ao final você vai ter uma percepção muito clara do porquê essas estruturas emprestaram o nome às estruturas organizacionais de semelhantes características.

“Idealmente, uma organização ágil é capaz de combinar velocidade e adaptabilidade com estabilidade e eficiência.”

Trecho extraído da publicação “A jornada para se tornar uma organização ágil” de Mckinsey and Company.

Sim, é possível ser essa organização idealmente ágil, porém requer abertura e coragem para que setores, departamentos, grupos, níveis de especialistas saiam do ambiente confortável. Um silo é resistente à abertura, por isso ele é feito para ser à prova de vazamentos. Sim, neste caso estou falando dos silos de armazenagem. Paralelamente, apelidados por inspiração nas construções seguras dos armazéns, os silos organizacionais são igualmente resistentes, fechados (e seguros). Porém, essas características no contexto das empresas trazem entraves à inovação e consequentemente perdas.

Estruturas organizacionais permanentes que não encontram compatibilidade com a velocidade das transformações do mundo atual podem e devem ser repensadas para darem espaço ao crescimento exponencial que a inovação e tecnologia podem trazer. E que seja bem vinda a Indústria 4.0!

“Entendi, mas e na prática?” Na prática, causa e consequência podem ser relacionadas e observadas em níveis, departamentos, equipes e até mesmo indivíduos. Grupos inteiros com alto nível de especialização, porém fechados em suas próprias metas perdem a visão de todo. Pense nisso: o silo funciona para manter o silo, e não para a organização.

A falta de abertura para a visão do outro e a insegurança para sair do próprio silo e provocar abertura em outro são muitas vezes promovidas por um equívoco cultural — quando há frentes voltadas para esforços individuais mais que coletivos. Quem nunca levou um fora quando buscou conhecer o que um departamento, equipe, time, setor fazia e foi recebido com desdém? Como se fosse obrigação conhecer tudo que se passa dentro de uma organização. Agora veja: se o silo é fechado, é muito fácil que qualquer um de fora não tenha entendimento sobre o que se passa ali dentro.

Levantada toda a problemática, o que pode ser feito? Há uma série de ações, mas como organizações são feitas de pessoas, gostaria de apontar algumas iniciativas onde os esforços estão concentrados na força motriz humana transformadora de estruturas, processos e práticas. Assim, destaco o incentivo à cultura da interdisciplinaridade e colaboração, além de doses de reforço de criatividade.

Interdisciplinaridade e colaboração: invista na formação de times multifuncionais, mistos de diversas especializações complementares. E não tema, pelo contrário, incentive o rodízio de integrantes. Fundamental para manter a dinâmica de contribuições importantes para o sucesso de um projeto em tempo hábil. Apenas cuidado para que esses times não repitam o comportamento herdado pelos silos e apenas sejam “cross functional team be like” ✌😗. Lembre-se sempre de incentivar o crescimento do protagonismo do grupo e não do indivíduo. Deixo aqui a dica do podcast “DNE — Dev Na Estrada, episódio 286” contendo alguns relatos de situações reais.

Criatividade: considere cada persona um “agente de intervenção em sistemas sociais” — gosto particularmente de referenciar esse termo presente no artigo “A Falácia dos Modelos” escrito por Ravi Desk para Target Teal.

E como esses agentes dentro das organizações, somos constantemente convocados a atuar com criatividade para entender e tentar solucionar problemas complexos. Portanto, pode não haver um modelo ou receita pronta que se aplique a tudo. Qualquer modelo de universalidade falha ao ignorar contextos e circunstâncias diferentes, caso a caso.

Sendo assim, convido você que leu até aqui a potencializar sua criatividade. Vamos lá! Pense em possíveis soluções considerando as particularidades e limites do seu ambiente atual, enumere-as e comece a agir assim como Dave Thomas (um dos signatários do Manifesto Ágil) propõe: “find out where you are, take a small step towards your goal, adjust your understanding based on what you learned, repeat”.

E lembre-se: a Agilidade é um meio. E através dela você consegue escolher o caminho que provoca mudanças no futuro mais facilmente.

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