Sábados de adolescência

Danilo Bortoli
Ad Hoc
Published in
2 min readOct 25, 2014

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http://open.spotify.com/track/1I4EczxGBcPR3J3KeyqFJP

Há alguns dias, Saturdays=Youth começou a ser, mais ou menos, a minha trilha sonora diária. Não preciso me referir ao motivo por trás de tudo isso, mas digamos que ele retrata muito bem uma ideia de beleza juvenil, pueril ainda, se você preferir. Não são muitos os discos que conseguem retratar tudo isto sem parecerem desesperados. Afinal, lado a lado com o juvenil está o descontrole, a imaturidade, uma falsa inocência que intoxica todo um discurso, sem que o interlocutor saiba do ocorrido. Quando ele descobre afinal, lá se foi uma chance de se expressar. Danou-se tudo.

Não acontece isto em Saturdays=Youth porque parece que, na mente da banda, eles já tem uma ideia muito bem definida do que é a adolescência. Não é uma ideia, como vejo muita gente falando, romântica. A ideia de juventude deles se tornou romântica no disco seguinte, Hurry Up, We’re Dreaming, e aí aconteceu o que teria de acontecer — transformaram a juventude em retórica afetada, sem força, sem o compromisso deste disco aqui, um acontecimento bem mais maduro.

A ideia de adolescência do M83 aqui não é nenhuma invenção, e é por isto que ela soa tão distante, mas tão certa, correta, desejável. É um grito em direção ao que nós queremos. Se as letras são vagas e a atmosfera criada é, enfim, a de um sonho (mas de um sonho vívido, com cores vibrantes, distante do sonho fajuto de Hurry Up), é porque elas não são necessárias ao bom entendedor. Tudo reluz no conjunto.

O mais importante, aqui, não é se identificar com o ideal deste disco, é tentar alcançá-lo.

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