Um mês de Felipão

Augusto Anteghini Oazi
De Cabeça
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4 min readSep 8, 2018

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Felipão chegou ao Brasil no dia três de agosto e, após sua apresentação, seguiu para Belo Horizonte onde estreou, dois dias depois, pela terceira vez como técnico do Palmeiras no jogo contra o América-MG.

No jogo da última quarta, contra o Atlético Paranaense, se completou um mês de Felipão no Palmeiras e as mudanças são nítidas, a começar pelos resultados.

Resultados

Para uma comparação mais precisa entre o atual e o antigo técnico do Palmeiras, serão considerados os últimos sete jogos de Roger no Brasileirão e os primeiros sete jogos de Felipão no mesmo campeonato.

Nesses sete jogos, Felipão conquistou cinco vitórias e dois empates, um aproveitamento de 81%, com dez gols feitos e apenas um gol sofrido.

Nos últimos sete jogos de Roger Machado no comando alviverde no Brasileirão, o Palmeiras teve três vitórias, três empates e uma derrota (57% de aproveitamento). Foram doze gols feitos e oito sofridos.

Quando Roger deixou o Verdão, o time estava na 7ª colocação, oito pontos atrás do líder. Após a última vitória, o Palmeiras de Felipão está a apenas três pontos da liderança, na 3ª colocação.

Performance

Felipão sempre foi conhecido por montar times competitivos, que vencem a qualquer custo e não se importam de jogar um futebol bonito. Roger Machado era elogiado por seus métodos de treino modernos, que priorizavam a posse de bola, passes curtos e o tal "jogo bonito". Felipão ficou marcado como ultrapassado e Roger era um dos expoentes da nova geração de técnicos.

No entanto, o Palmeiras de Roger não convencia. Era marcado por ser inconstante, por abrir o placar e deixar o adversário reagir minutos depois, por fazer jogos incríveis (2x0 na Arena do Grêmio) e jogos sofríveis (2x2 contra o Ceará) em um intervalo de dias, por uma suposta "falta de sangue". Felipão foi a resposta da diretoria para todos esses anseios da torcida.

Arrumando a zaga

Desde o primeiro momento, Felipão deixou claro que era primordial montar um sistema defensivo confiável. O Palmeiras de Roger tinha sido vazado nos seus últimos cinco jogos no Brasileiro. O Palmeiras de Felipão não foi vazado em seus primeiros cinco jogos no Brasileiro. A média de gols sofridos nos últimos sete jogos de Roger foi de 1,14 por jogo. A média de Felipão é de 0,14 gols sofridos por jogo. Como Felipão conseguiu?

O principal fator que levou o time de Felipão a sofrer pouquíssimos gols foi uma drástica redução na quantidade de finalizações sofridas. Com Roger, o Palmeiras sofria em média 10,7 finalizações por jogo, das quais 5,3 eram certas. Com Felipão, o Palmeiras sofre 7,1 finalizações por jogo, das quais apenas 2,6 são certas. Uma queda de 33% no número total e de 51% no número de finalizações certas.

Observando as imagens abaixo, é fácil perceber que o time de Roger possibilitava muitos chutes de dentro da área aos adversários. Isso pouco acontece com Felipão.

Finalizações sofridas em cada jogo. Na parte de baixo, o número total e, entre parênteses, o número de certas. Fonte: WhoScored?

Esses números podem levar ao pensamento "Aaah, mas o Felipão é retranqueiro. Ele escala o Palmeiras com três volantes. Assim fica fácil não tomar gol". Veremos.

Arrumando o ataque

A média de gols do Palmeiras caiu com Felipão no comando. Nos últimos sete jogos de Roger, foram doze gols marcados e nos primeiros sete de Felipão, foram apenas dez.

No entanto, a produção ofensiva do Palmeiras também melhorou bastante. No quesito finalizações, são 13,1 por jogo (5,6 certas) com o novo técnico contra 9,6 por jogo (4 certas). Quase 40% de melhora nos índices.

Na questão do "jogo bonito", o Palmeiras fica tanto com a bola quanto ficava com Roger. A média de posse de bola com Felipão é de 52%, 1% melhor que a média de Roger. O time até troca um pouco mais de passes com o novo técnico: 417 por jogo contra 412.

Sempre lembrando: os números que estão sendo comparados são os dos últimos sete jogos de Roger no Brasileirão e os primeiros sete jogos de Felipão no mesmo campeonato.

O cântico da sereia

O Palmeiras está a três pontos da liderança do Brasileiro e vivo nos dois torneios de mata-mata que disputa. Qualquer que seja a escalação, o time é consistente e se nota uma identidade, valorizada pela técnico a cada entrevista coletiva.

O palmeirense nunca esteve tão esperançoso. Mais do que os resultados, o cântico da sereia que encanta os palmeirenses é um técnico identificado com o time. Conhecedor da Academia de Futebol. Que já esteve no topo e para lá quer voltar. Assim como o Palmeiras, que já foi Campeão do Século, passou por anos sombrios, mas vê a esperança de fazer história brilhar novamente.

obs: a fonte de todos os dados utilizados foi o excelente whoscored.com

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Augusto Anteghini Oazi
De Cabeça

Palmeirense e fanático por futebol. Engenheiro de Produção formado pela UFSCar Sorocaba. Nascido em São Paulo, mas lemense de coração.