O velho (com) ascendente em câncer

Tarcila Ferreira
De cara para o sol
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2 min readJul 31, 2018

Prosa

Para começar, preciso falar a verdade. E a verdade é que nem sei… se isso é meu, ou é dos outros. Não sei se isso está em mim, ou se a ti pertence. O que é isso? Isso é meu jeito meio torto, meu jeito solidão. Sim, é engraçado que não sei se sou eu quem gosta da solitude, ou se são os outros que gostam de multidão.

“Não me valham dramáticos efeitos/ mas o que vem depois”, nós fomos feitos muito para nós mesmos. Desculpe-me se te pareço à beira da ignorância ou da loucura — eu sou mesmo um pouco dos dois. Mas, talvez, meu caro amigo, você sofra desse mal também. Talvez entenda bem o que quero dizer com isso de jeito solidão.

Pois veja só, minha cara irmã, que insanidade! Eu não sei como suportam, tamanha frivolidade… fazer festa todo dia, se encontrar todas as tardes. É muita socialidade! Ficar consigo mesmo é muita piração? Então quem vos fala é louco, louco pela solidão.

Sem drama! Não vamos superestimar a coletividade… você não acorda todo dia encarnado no espírito da comunhão. Ficar consigo é bom remédio, se usado com moderação. Para quem não me entende, não desejo aceitação.

Para encerrar essa prosa, preciso falar a verdade. E a verdade é que não há mal nesse tal jeito, nesse louco jeito solidão.

Por: Tarcila Ferreira

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Tarcila Ferreira
De cara para o sol

Comunicadora (Jornalista) | Canceriana, poeta (talvez), caminhante e mística