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Giovanni Alecrim
De casa em casa
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26 min readOct 4, 2024

Curso de formação de líderes

Antes de você usar este material, recomendo baixar os textos constitucionais do site da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, visto que pode haver atualizações quanto a artigos e termos citados neste estudo.

O que vamos estudar?

  1. Os requisitos constitucionais e a estrutura administrativa da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil
  2. Os requisitos bíblicos para a liderança
  3. Conclusão
  4. Bibliografia

Introdução

A liderança na perspectiva cristã é um convite à obediência irrestrita à vontade de Deus. Ser líder é saber seu papel dentro do contexto da Igreja e reconhecer que não está ali fazendo algo meramente terapêutico ou porque gosta, mas sim, cumprindo um chamado de Deus para servir. Para nosso melhor entendimento, primeiro precisamos situar liderança no nosso contexto. A quem chamamos de líder na Igreja? Chamamos de líder toda e qualquer pessoa que assuma uma função de serviço dentro da estrutura de nossa Igreja. Assim, o pastor, presbíteros e diáconos são os líderes fundamentais para a existência, constitucional, da Igreja. No entanto, não são apenas eles que assumem função de serviço. Músicos, professores, entre outros, também estão nesta lista e estão servindo a Igreja numa função tão importante quanto a dos demais líderes.

Nesta perspectiva, vamos conhecer os requisitos constitucionais de nossa Igreja e sua estrutura administrativa, em seguida, iremos nos deter nos princípios bíblicos para o exercício da nossa vocação no Reino de Deus

1. Os requisitos constitucionais e a estrutura administrativa da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil

A Igreja Presbiteriana Independente do Brasil é regida por um conjunto de leis (Estatuto, Constituição e Código Disciplinar). Estas leis ordenam e regulam o funciona mento da Igreja dentro dos princípios bíblicos já apresentados, mostrando que a ordem é necessária para o bom andamento dos trabalhos da Igreja.

1.1. Os requisitos constitucionais

Na Constituição da IPIB são apresentados os requisitos para o exercício dos ministérios reconhecidos pela Igreja:

Artigo 26 — A diversidade de ministérios é o testemunho de que Deus, pelo seu Espírito Santo, concede dons variados à Igreja de seu Filho Jesus Cristo.
§ 1º- Todos os ministérios visam ao bem comum da Igreja e à perfeita unidade do corpo de Cristo, podendo ser exercidos igualmente por homens e mulheres.
§ 2º- Nenhum ministério é superior e nem deve dispensar o outro.

Artigo 27 — Os ministérios serão exercidos por membros professos, pessoas idôneas, maduras na fé, e eles se dividirão em duas categorias: ministérios ordenados e ministérios não ordenados.
§ 1º- Os ministérios ordenados são aqueles que obrigatoriamente correspondem às ordens de ofício abrangidas pelo governo presbiteriano (Art. 29).
§ 2º- Os ministérios não ordenados, regulamentados pela Assembleia Geral, constituem parte integrante da Igreja, sem corresponderem às ordens de ofício, e são: ministério da docência teológica, ministério missionário ou evangelista, ministério da música e ministério da educação cristã.

A constituição da Igreja nos coloca alguns padrões para seguirmos como referencial de liderança. As funções de ministro da docência teológica, missionário ou evangelista, da música e da educação cristão são funções muito específicas e que, a maioria dos que exercem algum tipo de função na Igreja não preenchem totalmente os requisitos, no entanto, há nestes artigos recomendações importantes para todos os que cantam, oficiam liturgia, ensinam e auxiliam a Igreja nas mais diversas funções. Vamos tratá-las aqui de maneira geral, guardando as especificidades para a formação de Diáconos e Presbíteros.

Artigo 5º — Todos os ministérios aceitos e reconhecidos na Igreja deverão zelar pela integridade espiritual e manter fidelidade doutrinária e teológica ao sistema presbiteriano de fé e de governo.
Parágrafo único — A quebra dos votos de obediência ao sistema de doutrina e de governo ensejará medidas disciplinares aplicadas pelo concílio ao qual o ofensor está jurisdicionado.

O que isso significa? Que toda pessoa que deseja cantar num conjunto, louvor ou coral, que queira lecionar, receber pessoas, exercer qualquer função na Igreja, esta pessoa deve zelar pela sua integridade espiritual, orando e meditando diariamente na Palavra de Deus, ser fiel à doutrina Presbiteriana e ainda dar testemunho e bom comportamento, sendo submisso a Deus e às autoridades da Igreja.

Artigo 12 — A obra missionária de evangelização é em si própria ministério da Igreja, que é chamada por Deus para proclamar o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo a todas as gentes.

Artigo 13 — O ministério missionário constitui-se no anúncio do evangelho do rei no de Deus, na implantação de novas igrejas, na formação de novos missionários ou evangelistas e outras áreas relacionadas a estas.
Parágrafo Único — O ministério missionário será exercido no âmbito das atividades e projetos da igreja ou concílios.

O missionário é aquele que é separado para uma obra evangelística específica, isto não excluí nosso dever de proclamar o evangelho.

Artigo 14 — O missionário que não for ministro ordenado deverá ter curso médio de teologia ou seu equivalente, e deverá ser membro de uma igreja local, a qual exercerá sobre ele o poder de jurisdição.
Parágrafo único: O missionário não–ordenado só terá direito de admissão à ordem pastoral nos termos estabelecidos pela Igreja.

Exige-se a formação básica em teologia para que o missionário possa exercer seu dom devidamente capacitado e dentro da realidade da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil

Artigo 17 — O envio de missionário aos campos deve ser feito solenemente pelo presbitério quando tratar-se de ministros ordenados, e solenemente pela igreja local quando tratar-se de não ordenado.
Parágrafo único — Esta cerimônia solene se chamará “Culto de Consagração e Envio de Missionário”

A Igreja que envia é a igreja que sustenta, assim, o Culto de Consagração e Envio de Missionário é um passo importante para que o vocacionado perceba que ele está amparado pela comunidade de fé, não apenas financeiramente, mas principalmente em oração.

Artigo 22 — A supervisão do trabalho do Ministro de Música estará a cargo do pastor da igreja, nos termos do que dispõe o Artigo 34, §2, da Constituição e Ordem da Igreja.

Diz o Artigo 34, §2:

Ministro é um oficial ordenado pela Igreja para dedicar-se ao exercício de suas funções eclesiásticas.
§2 — São funções privativas do ministro: a celebração do casamento religioso com efeito civil, a supervisão da liturgia e a ministração dos sacramentos.

Além disto, é dever do pastor cumprir o que diz o Artigo 51, a saber:

Artigo 51 — Pastor é o ministro colocado à frente de uma igreja para o exercício das seguintes atribuições:
I — apascentar o rebanho pela Palavra de Deus e orar com ele e por ele;
II — ministrar os sacramentos;
III — supervisionar a liturgia e a música;
IV — impetrar a bênção, conforme disposição nas Ordenações Litúrgicas;
V — cuidar da educação cristã do rebanho;
VI — visitar os fiéis, dedicando especial atenção aos necessitados, enfermos, aflitos e afastados;
VII -orientar e dirigir as atividades eclesiásticas e, juntamente com os presbíteros, exercer a autoridade coletiva de governo.

Ou seja, todo o ministério de música está sob a responsabilidade pastoral, cabendo ao Ministro a orientação, capacitação e exortação dele. Isso vale para o ensino na Igreja. Os professores e todo o currículo de ensino da Igreja estão sob responsabilidade do Ministro.

1.2. Estrutura administrativa da IPIB

A IPIB — Igreja Presbiteriana Independente do Brasil é uma federação de igrejas locais espalhadas pelo Brasil com objetivo de levar a todos os brasileiros e brasileiras, o amor e a salvação que existem em Jesus Cristo.

Tendo suas raízes na Reforma Protestante do Século XVI, é uma igreja que valoriza sua história sem deixar de olhar para o presente a fim de oferecer respostas às dúvidas de uma sociedade em constante mudança.

Nossas igrejas locais são comunidades com peculiaridades que valorizam e respeitam as diferenças regionais e culturais onde estão inseridas e estão abertas para receber todas as pessoas, homens e mulheres que carecem do amor de Deus e da salvação em Jesus Cristo.

Administrativamente, a IPIB é gerida em concílios. Temos quatro concílios em nossa estrutura: Conselho, Presbitério, Sínodo e Assembleia Geral

Art. 70 — Os concílios guardam gradação entre si, estando os inferiores sujeitos aos superiores, embora exerçam jurisdição ordinária e exclusiva nos assuntos de sua competência, definida nesta Constituição.

Art. 71 — Os concílios são, em gradação hierárquica ascendente:
I — o Conselho, que exerce jurisdição sobre a igreja local;
II — o Presbitério, que a exerce sobre os ministros e Conselhos que o integram;
III — o Sínodo, que a exerce sobre os Presbitérios que o integram;
IV — a Assembleia Geral, que a exerce sobre todos os concílios.

1.2.1. Igreja Local
Seguindo a estrutura prevista pela Constituição da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, somos organizados como igreja, tendo a Assembleia dos Membros, o Conselho, o Ministério de Ação Social e Diaconia e demais Ministérios como pilares administrativos e executivos.

  • Conselho: Responsável pela administração da Igreja em seus aspectos legais, constitucionais, civis e espirituais.
  • Ministério de Ação Social e Diaconia: Responsável por toda a ação social da Igreja, organizando e articulando a comunidade para servir ao nosso bairro, cidade e país.

1.2.2. Presbitério, Sínodo e Assembleia Geral
Vejamos o que diz a Constituição:

Artigo 94: O Presbitério compõe-se de todos os seus ministros e das igrejas de sua jurisdição, representadas por um dos seus presbíteros.

Artigo 106: O Sínodo é a assembleia de ministros e presbíteros representantes de cada Presbitério sob sua jurisdição.

Artigo 117: A Assembleia Geral é o concílio superior e o órgão de unidade da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, sendo constituída por representantes sino dais eleitos pelos Presbitérios.

Para a imensa maioria dos membros de uma Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, o Presbitério, Sínodo e Assembleia Geral são instituições distantes e meramente administrativa, restrita aos Presbíteros e Ministros. De fato, se olharmos friamente, é nisto que se resume a atividade dos Concílios. Porém, não podemos olhar friamente para um Concílio, primeiro porque ele não é um organismo frio, é formado por homens e mulheres, Ministros e Presbíteros, que trazem sonhos de expansão do Reino de Deus. Segundo, porque o Concílio é um organismo pertencente à Igreja, e como tal, carece de uma vida de oração e comunhão.

Como organismo, ele é vivo, mesmo que respire “por aparelhos”, resumindo-se às meras atividades administrativas. Porém, quando os Presbíteros e Ministros trazem para as reuniões sonhos e planos de suas Igrejas, aí os Concílios começam a respirar novos ares, olhando para o presente e para o futuro, sem se esquecer dos caminhos que trilhou para chegar onde chegou. É fundamental que os Presbíteros e Ministros venham para as reuniões com sonhos e planos, mas para tal, precisam sonhar com o povo de suas Igrejas. Para isso, cada membro precisa sonhar com seus líderes, planejar com eles e orar com eles.

Aqui, chego onde queria chegar: oração. É preciso cultivar, não só em nossas reuniões conciliares, o hábito da oração pela vida dos Concílios da IPIB. Não podemos orar apenas quando nos reunimos, mas os Concílios devem ser alvo de oração de cada membro de nossas Igrejas. É o encontro de líderes de nossa IPIB para planejar e trabalhar para e pelas Igrejas, para cumprir seu chamado como servos do Reino de Deus para sonhar, planejar e trabalhar pelo Reino de Deus.

Cada membro de uma Igreja Presbiteriana Independente do Brasil não é um mero número no papel ou planilha dos Concílios, mas antes, é servo do Reino de Deus, membro de uma Igreja, que é membro de um Presbitério, que é membro de um Sínodo e da Assembleia Geral e que compõe a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, parte da Igreja de Cristo, povo chamado a servir fazendo discípulos e intercedendo por seus líderes. Junte-se a nós em oração e ação.

2. Os requisitos bíblicos para a liderança

Segundo o escritor norte-americano John C. Maxwell, “A liderança é para todos”. Maxwell baseia sua afirmação no fato de que cada pessoa que aceitou a Jesus é chamada a influenciar outras pessoas. Segundo Maxwell, poucos são os líderes natos, mas todo cristão tem potencial de liderar. Diz ele “Eu acredito que você pode se tornar um líder melhor, independentemente de sua idade, gênero, estado civil ou profissão”. Eu também acredito!

Ao se voluntariar a cantar, dar aulas ou se apresentar para concorrer ao diaconato ou presbiterato, você precisa ter em mente que está à frente da Igreja, conduzindo o povo para cumprir a vontade de Deus, o que é uma responsabilidade enorme. Cada um de nós precisa ter a consciência que estar à frente é representar a Igreja e, por consequência, o próprio Cristo. Quando canto, ensino, ministro à frente da Igreja, estou dizendo a todos os presentes que minha vida está de acordo com o que estou fazendo ali, naquela hora. Por isso quero destacar aqui algumas características essenciais para que desenvolvamos nosso ministério à altura de nossa vocação e de Nosso Senhor Jesus Cristo.

2.1. Autodisciplina

A autodisciplina requer um conhecimento melhor de si mesmo. Mergulhar em si mesmo é render-se à necessidade de crescimento, é estar perto de Deus, a sós com ele e é fundamental para o desenvolvimento de nossa fé. Mas como tornar-se autodisciplina do? Proponho quatro passos para buscarmos desenvolvê-la:

Prioridades: determine o que de fato é prioridade em sua vida. Não dá para dizer sim para tudo o que aparece. Saiba abrir mão daquilo que é acessório. Lembre-se das palavras de Hebreus 12.1: portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta. O que entendemos por desembaraçando-nos de todo peso? Exatamente deixar de lado tudo aquilo que não é prioridade, tudo o que nos prende e nos impede de viver uma vida mais leve na presença de Deus.

  • Constância: A autodisciplina não é um evento único, deve ser buscada dia após dia. Ter rotinas pré-estabelecidas é fundamental. Exemplo: Mais que reservar um espaço na agenda para orar e ler a palavra, é cumprir a agenda.
  • Desafie suas desculpas: temos a tendência a arrumar desculpas para tudo. “Não venho à escola dominical por causa disso ou daquilo”. “Não sou mais envolvido com a Igreja por causa disso ou daquilo”. Desafie suas desculpas, encare os fatos que te impedem de ter uma vida de comunhão mais efetiva com Deus e com a Igreja.
  • Foco no alvo: por que fazemos o que fazemos? Que vantagem terá para o Reino de Deus o que eu faço e falo? Foque no alvo, nosso alvo é Cristo, é a proclamação do evangelho, por isso devemos vigiar nossa mente e coração para que tudo que falemos ou façamos seja para proclamação do Evangelho, é o que Paulo recomenda aos Filipenses, no capítulo 4 versos 8 e 9.

2.2. Caráter

A vida particular de um líder traz impacto em sua vida pública? Ou seja, o que eu faço na minha intimidade, no meu dia a dia, faz diferença naquilo que eu faço estando à frente da Igreja? Sim, faz toda a diferença. Não há dúvidas sobre isso. A maneira como um líder administra as circunstâncias da vida fala muito sobre o seu caráter. A crise, dificuldades que passamos, não faz o caráter, mas o revela. As adversidades da vida nos fazem escolher entre dois caminhos: o caráter e a concessão. Sempre que escolhemos o bom caráter, nos fortalecemos, sempre que fazemos concessões dos nossos princípios de fé e prática, nos traímos. Caráter transmite a credibilidade, cria persistência e conquista confiança. Três coisas que precisamos saber sobre o caráter:

  • É mais do que falar: seu caráter determina quem você é e o que você faz. Qualquer pessoa pode dizer que tem caráter, mas o que determina de fato quem o tem, são as ações. Não podemos separar o caráter das ações.
  • É uma escolha: não temos controle sobre várias circunstâncias de nossas vidas. Mas o caráter não, nós escolhemos ter ou não caráter. Como? Em cada escolha que fazemos determinamos e moldamos nosso caráter.
  • É o nosso limite: o caráter ponde tanto limitar quanto apoiar nossa liderança. É o caráter que define o sucesso de nosso ministério

2.3. Competência

Competência não se desenvolve de uma hora para outra. É adquirida ao longo do tempo e somando-se diversos fatores: dom, estudo, treino e dedicação são alguns que podemos destacar. A competência é uma característica do ministério bem desenvolvido. Preparo e cuidado com o que é feito são os efeitos visíveis de pessoas competentes no ministério que participam. Jesus destaca a competência em duas histórias que são recontadas em Lucas 14. O construtor e o rei deixam de lado o que é fundamental para concluir a tarefa que precisa ser concluída. De acordo com Jesus, a competência requer de nós:

  • Comprometimento: o nosso compromisso com Jesus é maior que qualquer outro compromisso, por isso ele diz que devemos tomar a nossa cruz e segui-lo. Nem mesmo as circunstâncias da vida nos impedem de caminhar com o Mestre.
  • Recursos: você tem consciência dos recursos que têm para desenvolver seu ministério? Não apenas os recursos que a Igreja oferece, mas também os que você mesmo pode buscar e acessar. Conhecendo os recursos, sabemos o que e como podemos fazer.
  • Inteligência: pessoas competentes não se isolam, mas consultam outras pessoas e possuem um tino para saber o que deve ou não ser feito.

2.4. Comprometimento

Os chineses possuem um ditado que diz “A vontade de um homem é igual a uma carroça puxada por dois cavalos: a emoção e a razão”. Ou seja, para andar, é preciso colocar as duas em movimento na mesma direção. O comprometimento vem quando sua razão e sua emoção caminham na mesma direção e são levados por você. O meu comprometi mento com o Reino de Deus deve ser o mesmo que quero que o povo tenha. Ou seja, se eu me comprometo em me preparar, dedicar e alicerçar minha vida em adoração, oração e conhecimento da vontade de Deus, o que eu fizer à frente da Igreja levará o povo a adorar, orar e conhecer a vontade de Deus, pois eu serei autêntico. Para desenvolver nosso comprometimento, precisamos compreender que:

  • Comprometimento começa no coração: o que você tem em seu coração? porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. (Mateus 6.21). O nosso comprometimento é com aquilo que amamos.
  • Comprometimento é avaliado pela ação: falar é fácil, fazer tem um alto preço. A única maneira real de medir o comprometimento é a ação.
  • Comprometimento abre portas para o cumprimento da missão: onde está o seu coração? Se seu coração está no Reino, seu comprometimento com seu ministério será para que o Reino de Deus seja proclamado.
  • Comprometimento pode ser medido: a medida não é tomada pelos outros, mas principalmente por si mesmo. Você tem se comprometido o suficiente ou o quanto gostaria?
  • Comprometimento capacita a tomar decisões: o seu comprometimento com o Reino te capacita a tomar decisões, pois você é capaz de avaliar aquilo que é ou não importante em sua vida.

2.5. Discernimento

Discernimento é a capacidade de avaliar uma situação e tomar decisões corretas e coe rentes. O discernimento pode ser um dom, ou adquirido com muita experiência. Independente se com ou adquirido, para aperfeiçoar o discernimento é preciso:

  • Ouvir a Deus: como ouvir a Deus? Começa tendo tempo para ele. Da mesma forma que você para e ouve o que uma pessoa diz, você deve ter tempo para parar, abrir as Escrituras e ouvir o que Deus te diz.
  • Solucionar problemas: desenvolva habilidade de resolver problemas. Olhar a raiz e saber o que precisa ser feito para mudar e resolver o que está errado. Tal prática aumentará sua capacidade de discernir o certo do errado.
  • Analisar o que deu certo: você fez algo que deu certo, o que te levou ao sucesso? Saber reconhecer as qualidades o ajudará a discernir no futuro.
  • Ampliar as oportunidades: saiba buscar novas maneiras de fazer as mesmas coisas. Saiba buscar mais conhecimento para exercer o seu ministério. Amplie as oportunidades.
  • Exemplos: procure saber como pensam os líderes que você admira. Busque biografias, leia na Bíblia a história de vida de pessoas que você admira. Aprenda com os exemplos.
  • Ouvir o coração: saiba ouvir o coração, se ele estiver posto em Deus, saiba ouvir o que ele diz.

2.6. Educabilidade

A Bíblia registra em Atos 18.24–28 o episódio sobre a vida de Apolo. Um homem culto, profundo conhecedor da Palavra e que era familiarizado com o batismo de João, mas não com o ministério de Jesus. Vendo que Apolo não tinha conhecimento acerca do Mestre, Priscila e Áquila o discipularam. Enviaram-no pela região da Acaia e ele expunha acerca das Escrituras, provando que Jesus é o Cristo. O que o episódio de Apolo nos ensina é que os líderes jamais devem se contentar com seu “status quo”. Apolo já possuía conhecimento e certa influência no meio cristão. Alguns preferiam ouvi-lo, deixando de lado Paulo. Que razão teria Apolo para se submeter ao discipulado? Aos nossos olhos, nenhuma, mas aos olhos de um líder servidor, toda! Cristãos devem sempre estar dispostos a submeter-se ao aprendizado. Nenhum cristão é isento de aprender mais e mais de Cristo. Vejamos algumas orientações quanto a ser educado na palavra de Deus.

  • Não seja um ativista, seja um multiplicador. Não permita que o simples fato de participar de um ministério o impeça de multiplicar o evangelho, ou seja, de cumprir sua missão.
  • Olhe para o futuro. Nos prendemos muito ao passado, ao que fizemos. Nos esquecemos que, primeiro, foi Deus quem agiu em nós e por nós, segundo, ele pode fazer muito mais se nos submetermos ao aprendizado dele. Que motivação tem quem só olha para o passado? O passado é nosso exemplo, o futuro é nosso campo missionário!
  • Não use os atalhos. Muitas vezes preferimos percorrer caminhos que nos parecem mais curtos, mas no fim, são mais longos. Não há atalho no que diz respeito ao discipulado. Trilhamos os caminhos com Deus e ele nos conduz.
  • Não seja orgulhoso. Uma tentação que sempre incorremos na liderança cristã é apontar o que fizemos. Nossas realizações no enchem de orgulho e enchemos a boca para falar delas. É bom ter reconhecimento, todo mundo gosta, mas não se orgulhe daquilo que você faz, orgulhe-se do poder salvador de Cristo Jesus, que o vocacionou para ir além.
  • Aprenda com os erros. O crescimento implica em se cometerem erros, mas você precisa aprender com cada um deles.

2.7. Foco

Em Filipenses 3.5–9, Paulo faz uma lista de coisas que ele descartou por amor ao evangelho: herança; linhagem pura; formação “acadêmica”; passado zeloso e autojustificação. Ele estava disposto a abrir mão de tudo para ter maior intimidade com Cristo: Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Paulo sabia quais eram suas prioridades e manteve o foco e a concentração necessária para cumprir seu ministério. Para desenvolvermos a habilidade de nos focarmos no que precisa ser feito, trabalhe nas seguintes áreas da sua vida:

  • A si mesmo: você é o maior de seus bens e a mais séria das suas responsabilidades. Não permita que nada ocupe o espaço que você deve ter reservado para si. Não se trata de egoísmo, se trata de amar a si mesmo para poder amar o próximo na mesma medida.
  • Suas prioridades: lute pelas coisas que realmente são importantes. O quanto de tralha você precisará remover para conseguir seguir adiante?
  • Seus pontos fortes: no que você é realmente bom? Qual o dom que Deus lhe deu? Desenvolva seus pontos fortes para que o Reino de Deus ganhe em qualidade de serviço e cresça.
  • Companheiros: ninguém é eficiente sozinho. Todos dependemos uns dos outros. A imagem do corpo, usada por Paulo na carta aos coríntios, nos dá essa dimensão da importância do trabalho em equipe. Além disso, não podemos nos esquecer que Jesus comissionou os discípulos em duplas para ir e pregar o evangelho.

2.8. Generosidade

Um lampião nada perde se acende outro. Partilhar recursos com os outros não nos diminuí, nos multiplica. Um grande exemplo de generosidade foi Boaz. Possuía um grande campo e permitia que, uma vez feita a colheita, os menos favorecidos pudessem recolher as espigas que caíam pelo caminho. Sua generosidade foi fundamental para que Rute e Noemi sobrevivessem.

Você pode doar sem amor, mas jamais poderá amar sem doar. Líderes que não são generosos devem se autoavaliar e questionar-se se, de fato, amam as pessoas que lideram. Jesus falou a respeito deste espírito generoso quando disse “Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes” (Mateus 5.39–42).

Vejamos algumas maneiras de cultivarmos a generosidade em nossas vidas:

  • Seja grato: quando reconhecemos o esforço do outro em nosso favor, reconhecemos o que somos e o que temos como sendo dádivas, não prêmios ou méritos. Quando reconhecemos que tudo o que temos pertence a Deus, podemos ser generosos.
  • Pessoas antes de coisas: as pessoas são mais importantes que as coisas. Vidas são mais importantes que agendas e ministérios. Vidas são mais importantes que seu dom e talento. Vidas são prioridade no Reino de Deus!
  • Não à ganância: quando somos gananciosos tendemos a acumular ao invés de doar. Não queira o mundo para si, queira o Reino de Deus e as demais coisas nos serão acrescentadas.
  • Dinheiro como recurso: o dinheiro não é o fim em si. De que adianta viver em função do dinheiro? Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? (Lucas 12.20)
  • Doe: você já aprendeu a doar? Separe uma peça de roupa, em bom estado. Separe um brinquedo, um móvel, algo que você possa doar. Doe, comece a praticar a doação como um estilo de vida. Aproveite, e doe sangue também!

2.9. Iniciativa

Neemias é um exemplo de líder que tem iniciativa. Ao ouvir os relatos sobre a destruição dos muros de Jerusalém, ele poderia ter feito como a imensa maioria dos seus com patriotas: chorado e se lamentado. Mas não, Neemias teve a iniciativa de orar pelos problemas, teve a iniciativa de planejar o projeto de reconstrução, teve a iniciativa de convencer as pessoas a agirem e a iniciativa de obter os materiais necessários. Ele não conseguiu ficar imóvel diante do problema. Ele agiu. Não se lidera de braços cruzados. O seu ministério não é apenas um ponto no meio do nada, é um ponto de iniciativa para o desenvolvimento do Reino de Deus. Neemias apresentava qualidades que devemos reproduzir em nossos dias, no que diz respeito à iniciativa

  • Saber ouvir: Neemias sabia que o povo deseja ver os muros em pé. Ele pode ria ser mais um a lamentar e, no lamento, focar-se apenas no sofrimento. Mas Neemias viu no problema o desejo do povo de erguer o muro. Soube ouvir para tomar a iniciativa de reconstruir
  • Motivar-se: num primeiro momento, Neemias recolheu-se na oração para saber a vontade de Deus e como motivar o povo a agir segundo a vontade do Pai.
  • Correr os riscos: tomar a iniciativa é arriscar ter ou não sucesso no que se faz. É preciso perder o medo de tomar a iniciativa de se evangelizar. No Reino de Deus, somos todos chamados a arriscar ouvirmos um não à mensagem proclamada.
  • Não ter medo de errar: Neemias não temeu trabalhar com pessoas que não eram profissionais da construção. Pelo contrário, ele investiu tempo e dedicação a eles para que pudessem se sentir seguros. Não tenha medo de errar. Erramos e aprendemos com os erros.
  • Entusiasmo: diante da ausência de recursos, quer materiais, quer humanos, Neemias revelava sua paixão e seu entusiasmo pela causa.

2.10. Ouvir

Ouvir é demonstrar amor, compaixão e compressão. Ao ouvir, ganhamos o direito de falar. Por ouvir, falamos com relevância. Saber ouvir é fruto de um amor genuíno pelas vidas. Davi, em 1Samuel 26.1–25, teve a oportunidade de tirar a vida de Saul, no entanto, ele prefere tomar alguns objetos, demonstrando que poderia ter matado Saul, e depois confrontá-lo, ouvindo o que ele tinha a dizer. Vejamos como Davi agiu e o que o ato de ouvir tem a nos ensinar.

  • Ser diferente: Amor genuíno nem sempre é popular. Por mais de uma vez os soldados de Davi, descontentes e desapontados, pedem que ele tire a vida de Saul. Davi se recusa. Temos de ser cuidadosos como interpretamos circunstâncias e de quem aceitamos conselhos.
  • Ser humilde: Amor genuíno necessita de perspectiva clara. Após tomar os pertences de Saul, Davi o chama de longe e se submete à autoridade do Rei. Em seguida, ele pede uma perspectiva clara: “Que te fiz eu?” Nunca se remos capazes de amar corretamente as pessoas enquanto não enxergarmos claramente, na perspectiva de Deus.
  • Ser paciente: amor genuíno não é defensivo. Davi sabia que chegara até ali pela mão de Deus e somente o Senhor poderia tirá-lo dali. Impaciência in dica que carecemos de confiança. Davi não ficou na defensiva, mas tomou a iniciativa e esperou pacientemente.
  • Ser perdoador: amor genuíno é poderoso. Saul admite que errou e se desculpa com Davi. Davi perdoa e devolve os materiais que tomara de Saul. Confiar que Deus está adiante de nós e ter a certeza de que ouvir é exercer o amor genuíno, que gera transformação, humildade, paciência e perdão.

2.11. Relacionamentos

Os relacionamentos dizem muito a respeito de nossa fé. A maneira como nos relacionamos com as pessoas e reagimos às situações adversas diz muito a respeito da nossa relação com Deus e a nossa fé. A Bíblia nos apresenta o episódio de Abigail e Nabal, onde a esposa age com sabedoria e salva sua família. Existem algumas lições que tiramos das ações de Abigail

  • Iniciativa: Abigail deu o primeiro passo para solucionar o problema causado por seu marido.
  • Segurança emocional: Abigail não se desesperou, agiu com calma e de maneira segura.
  • Humildade: Abigail não foi soberba ou indiferente, ela humildemente se colocou diante de Davi e seu exército.
  • Responsabilidade: Abigail assumiu a responsabilidade do mau comporta mento de Nabal e justificou a atitude dele.
  • Desprendimento: Abigail não focou em sua situação, mas sim na condição de Davi, principalmente no futuro.
  • Generosidade: Abigail oferece a Davi um presente da escolha deles. Ela, mais uma vez, não foca nos problemas dela, mas sim nas necessidades de Davi.
  • Sinceridade: Abigail não fez rodeios. Ela pediu diretamente para Davi per doar Nabal
  • Raciocínio rápido: diante da perspectiva de que sua família seria assolada, Abigail pensa rapidamente numa saída para que Davi não promova uma matança.
  • Perspectiva eterna: Abigail age confiante na intervenção de Deus na situação.
  • Gentileza: Abigail olhou para Davi e encorajou-o em sua jornada, agindo de maneira gentil e sincera.

Destas lições, podemos concluir que Abigail foi capaz de compreender Davi e suas intenções. Também foi capaz de agir com amor, sem querer sobrepor-se ou ter a razão sempre. Por fim, ela teve o espírito de auxiliar a Davi em sua jornada, ajudando a ele e seus homens.

2.12. Responsabilidade

Não se pode liderar sem assumir responsabilidades. Ela vem com o início de todo e qualquer ministério. Determinadas pessoas tendem a fugir de suas responsabilidades. Um dos personagens mais conhecidos por fugir das responsabilidades entrou para história com um gesto: lavou as mãos. Mateus 27.11–31 nos registra esta passagem e dela podemos tirar algumas lições acerca da responsabilidade.

  • Pilatos tinha problemas de formação: ele não forjou seu caráter para enfrentar adversidades. Sua formação de vida não o capacitou para enfrentar as dificuldades e as oposições.
  • Pilatos era fútil: ele percebeu que não teria uma decisão correta, que teria que ceder. Independentemente da sua escolha, teria problemas. Por que perder tempo? A apatia cresce quando nós percebemos que a ação parece ser inútil.
  • Pilatos era medroso: ele percebeu que, se contrariasse os líderes judeus, ele teria problemas. Mesmo sendo a autoridade ali, ele teve medo de tomar uma decisão.
  • Pilatos não sabia lidar com o fracasso: ele sabia que o tumulto estava fermentado. Os judeus sabiam que ele blefava quando falava em conter tumultos, pois já havia falhado antes, e isto o atormentava.
  • Pilatos não focava nas situações: ele foi inerte e neutro diante de uma situ ação crucial, desviou o foco e isentou-se de tomar decisões.

“O problema para aqui”. Era assim que o presidente norte-americano Harry Truman encarava as situações difíceis. Não deixava para depois. Não passava por cima do problema, encarava-o e envidava esforços para resolvê-lo. Diante dos problemas e dificuldades, devemos assumir a responsabilidade de manter nossos ministérios dentro da visão do Reino de Deus. Todos somos responsáveis pelo desempenho de nossa Igreja na construção do Reino de Deus. Proclamar o evangelho é nossa responsabilidade.

2.13. Ser prestativo

João 13.1–17 registra um episódio bastante conhecido da vida de Jesus. Os discípulos, preocupados em preparar a ceia, esqueceram-se de providenciar alguém para lavar os pés de quem entrava para a ceia. Talvez até tenham se lembrado, mas ninguém tomou a iniciativa de fazê-lo. É quando Jesus se levanta e lava os pés dos discípulos, para surpresa de todos. Foi uma oportunidade para o Mestre lhes dar um ensinamento concreto sobre o serviço. Líderes servos iguais a Cristo possuem características que aprendemos neste episódio.

  • Motivados pelo amor: o amor fazia Jesus servir. Amor sem reservas, sem fim e incondicional
  • Segurança: líderes servos possuem uma tal segurança, que permite que os outros sirvam também. Os inseguros apegam-se a títulos, os seguros pegam em toalhas, com Cristo.
  • Iniciativa: líderes servos tomam a iniciativa em servir. Jesus não ficou esperando alguém servir, ele se levantou e passou a fazê-lo.
  • Sabem ser servidos: Pedro recusou ser servido. O coração de um servo revela o orgulho que há nos outros.
  • Buscam relacionamento com Deus: por seu relacionamento diário com Deus, de oração e meditação, Jesus foi capaz de servir genuinamente.
  • Ensinam pelo exemplo: Jesus mostrou que ele, o Cristo, o Mestre, não se intimidou diante da tarefa que, popularmente, era de um serviçal. Ele foi e serviu.
  • Têm uma vida abençoada: Jesus recordou aos seus discípulos que a base de uma vida abençoada é a obediência a Deus.

2.14. Solução de problemas

Quando você está enfrentando problemas, qual a sua reação? Você ignora e espera que ele se resolva sozinho? O apóstolo Paulo tinha em Tito um companheiro com quem podia contar para apaziguar e resolver os problemas nas igrejas. Foi assim em Creta e em Corinto. Tito nos mostra algumas características de quem é proativo em resolver problemas.

  • Antever os problemas. Tito teve sabedoria de antever os problemas em Corinto e evitou a divisão da Igreja. Liderar é saber olhar para nossos ministérios além da rotina, perceber onde as atitudes egoístas estão influenciando negativamente no ministério.
  • Aceitar a verdade. Tito sempre foi honesto com Paulo e com as igrejas em conflito que ele liderava. Ele era realista. Liderar é encarar os fatos, sem ser pessimista, mas sabendo avaliar a realidade do ministério e se ele está cumprindo a missão de ser e fazer discípulos.
  • Veem o cenário completo. Tito conseguiu trabalhar com a igreja de Creta porque não ficou olhando apenas para um ponto do problema, mas sim para o cenário todo. Liderar é focar nosso olhar não apenas numa perspectiva, mas no cenário todo. Por vezes, teremos a impressão de que há problemas de um lado, mas no todo, temos a mensagem do evangelho sendo pregada e os necessitados sendo atendidos.
  • Lidam com uma etapa por vez. Tito tomava iniciativa e lidava com um grande problema por vez. Ele não se desesperava, mas compreendia que a solução de um problema era o alicerce para o desenvolvimento do Corpo de Cristo e auxílio para a solução de outros problemas.
  • Não desistem da meta maior. Tito não apagou um foco de problema e já saiu. Ele persistiu na solução dos problemas, ele sabia que pequenos problemas eram apenas uma amostra de um problema maior, que estava no âmago da igreja de Corinto e que precisava ser resolvido. Liderar é não tirar da mente o propósito maior da Igreja: o de proclamar o evangelho. Mesmo que solucionemos um problema, devemos avaliar se estamos caminhando no cumprimento de nossa missão.

2.15. Visão

Quando Deus chamou a Abraão não lhe prometeu glórias, mas sim uma vida na visão do Pai. Abraão captou a visão de Deus e sentiu-se impulsionado para seguir essa visão, mesmo quando não havia evidência alguma de que ela se concretizaria. Observando a vida de Abraão, podemos aprender o fundamento para a visão dada por Deus. Uma visão deve:

  • Começar com as prioridades de Deus (Gênesis 12.1–2). A visão é de Deus, não de Abraão. Quando nos dedicamos a cumprir a visão de Deus para nós, mantemos mais facilmente a direção e conservamos mais puro os nossos caminhos e motivações.
  • Incluir outros (Gênesis 12.2–3). Uma visão de Deus sempre envolve e abençoa outros. Desconfie de quem disse que teve uma visão de Deus e não tiver ali meios de bênçãos a outros que não a si. Deus disse a Abraão que ele seria abençoado a fim de abençoar outros.
  • Ser maior que o líder (Gênesis 17.1–8). Abraão e Sarai queriam um filho, Deus lhes prometeu uma nação. A visão foi muito além das maiores expectativas de Abraão, além de sua capacidade também. Tal visão, Abraão sabia bem, levaria mais que uma vida para se cumprir.
  • Estar ligada às convicções mais profundas do líder (Gênesis 18.9–12). A visão que conquistou o coração de Abraão espelhava seus valores, incluindo o desejo de ter uma terra sua e uma família.
  • Ser tangível e facilmente comunicável (Gênesis 15.5). A visão de Deus é simples e facilmente comunicável. “Conta as estrelas do céu… esta será tua descendência”. A visão que Deus dá a todo cristão é simples: “fazei discípulos, batizando-os”
  • Ter valor eterno (Gênesis 17.19–20). A visão de Deus não se prende ao tempo. É eterna. A visão de Abraão foi muito além do seu tempo de vida e afetou o destino de milhões de pessoas em todas as épocas da história.

Conclusão

Terminamos assim nossos encontros sobre liderança cristã. Ao assumir um trabalho à frente da Igreja, tenha em mente os valores e princípios aqui mostrados. Não deixe de se aperfeiçoar e buscar conhecer mais sobre o seu ministério, mas, principalmente, não deixe de orar e meditar na Palavra de Deus diariamente. Todo e qualquer trabalho à frente da Igreja tem um único propósito: levar o povo a reconhecer Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Não nos preparamos para nos apresentar, nos preparamos para ser vir e queremos e devemos fazê-lo com zelo e cuidado, mas principalmente com amor. Jesus nos ensina como servir, vamos servir ao Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, vamos cumprir nossa missão de levar o povo a reconhecer Jesus Cristo como Senhor e Salvador, não apenas dentro do templo, mas principalmente fora dele, onde devemos fazer “discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mateus 28.19–20).

Bibliografia

  • A formação de um líder, LeRoy Eims, Editora Mundo Cristão, 2007
  • Bíblia da Liderança Cristã, Sociedade Bíblica do Brasil, 2007
  • Constituição da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, (em www.ipib.org)
  • Convite à Solitude, Brennan Manning, Mundo Cristão, 2010
  • Discipulado que transforma, Josué Campanhã, Editora Voxlitteris, 2012
  • Igreja Simples, Thom S. Rainner e Eric Geiger, Editora Palavra, 2012
  • Manual do Culto da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil, 2ª Edição, Associação Evangélica Literária Pendão Real, 2011
  • Ministério Criativo, Henri Nouwen, Editora Palavra, 2008
  • O ministério cristão, Jaci Maraschin, ASTE, 1979
  • Revista Vivendo a Fé 21: Vocação, Vários Autores, Associação Evangélica Literária Pendão Real, 2012
  • Tudo se fez novo, Henri Nouwen, Editora Palavra, 2007

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Giovanni Alecrim
De casa em casa

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