Tabita: o milagre da vida

Pedro ora pedindo que Tabita volte a viver

Pedro pediu que todos saíssem do quarto. Então, ajoelhou-se e orou. Voltando-se para o corpo da mulher, disse: “Tabita, levante-se”, e ela abriu os olhos. Quando ela viu Pedro, sentou-se. (Atos 9.40)

O livro de Atos dos Apóstolos, em seu capítulo nono, registra a curta história de Tabita, conhecida por Dorcas. Ela confeccionava vestidos e túnicas que eram revertidos em recursos para boas obras e esmolas. Sua generosidade era exemplar. Ficamos sabendo da vida de Dorcas, pois ela foi ressuscitada por Pedro. Não temos o conteúdo de sua oração, mas temos o contexto. Vamos a ele.

O apóstolo estava em viagem missionária, na cidade de Lida, cerca de 40km a noroeste de Jerusalém. Ele estava viajando para visitar o povo santo daquela cidade. Esta expressão indica não um qualitativo, mas sim o pertencimento deste povo: eles são santo pois pertencem a Deus. Entre os santos, havia um homem chamado Enéias, paralítico há oito anos. Pedro, diante do enfermo, faz aquilo que Jesus espera dele e que está registrado em Marcos 16.17–18: Os seguintes sinais acompanharão aqueles que crerem: em meu nome expulsarão demônios, falarão em novas línguas, pegarão em serpentes sem correr perigo, se beberem algo venenoso, não lhes fará mal, e colocarão as mãos sobre os enfermos e eles serão curados”. Pedro se volta para o enfermo e lhe diz: “Enéias, Jesus Cristo cura você! Levante-se e arrume sua maca!”. E, no mesmo instante, ele se levantou. (Atos 9.34). A notícia do milagre da cura de Enéias se espalha e se torna um poderoso testemunho de conversão.

Não sabemos quanto tempo após a cura de Enéias o apóstolo foi chamado a Jope. O texto nos diz apenas que “foi por esse tempo”. Tabita era uma mulher que ajudava as viúvas e os pobres. Seu trabalho era admirado e conhecido entre todos. Justamente quando Pedro estava na região é que ela falece. Seria um sinal para aqueles cristãos, tendo na região a presença de Pedro, a morte de Tabita? Ao correr em direção ao apóstolo, alimentariam eles a esperança que algo semelhante ao que fizeram Elias e Eliseu pudesse ser feito por Pedro? Afinal, em momentos de grande tribulação, uma palavra da Escritura pode se tornar viva na memória e realizar-se novamente. Acendeu-se a esperança daqueles cristãos a ponto de mandar chamar o apóstolo “por favor, venha o mais rápido possível!”. Não era comum que o corpo fosse levado a uma sala da casa após o falecimento. Tal qual o relato de Elias e Eliseu, o corpo estava no andar de cima da casa, a diferença é que, ao invés de deitar-se sobre o corpo, como os profetas fizeram, ele seguiu o exemplo de Jesus. Ali, viúvas choravam e mostravam a Pedro os vestidos e outras roupas que Tabita lhes dera. O apóstolo pede para ficar sozinho no quarto. Se ajoelha e ora. Ao se levantar, diz à mulher “Tabita, levante-se”. O testemunho da ressurreição de Tabita se espalhou por toda a cidade. O milagre da vida se faz presente e permite que a vida seja proclamada. Tal qual um dia nós seremos tomados pelas mãos por nosso Senhor Jesus, que nos conduzirá à presença do Pai, Pedro conduz Tabita de volta aos santos de Jope. Um reencontro de grande alegria.

Chama-nos a atenção, neste episódio, que Pedro permanece mais uns dias em Jope e se hospeda na casa de um homem que trabalhava com couro, um curtume. Geralmente, por ser um lugar malcheiroso e desprezado pelo povo, ficava do lado de fora da cidade. Pedro não nega a hospitalidade de Simão e fica ali. Este exemplo de Pedro revela como ele aprendeu com Jesus a viver ao lado daqueles que são menosprezados e esquecidos pela sociedade. Com a cura de Enéias e a ressurreição de Tabita, a Igreja que saíra perseguida de Jerusalém, agora estava presente em Lida, Sarona, Asdode, Jope, quase chegando em Cesareia. O milagre não é um fim em si mesmo, mas promove desdobramentos de vida ao redor de onde acontece.

O que mais merece destaque aqui não é apenas o milagre da ressuscitação, mas principalmente como o trabalho de Tabita junto às viúvas e carentes tornou-se conhecido após tal episódio. Deus a traz de volta à vida e a consequência é o crescimento do Reino. Muitos creram no Senhor, diz o relato de Atos dos Apóstolos. O milagre nunca acontece sem propósito, ele acontece para cumprir os desígnios de Deus e para atender uma necessidade específica. O testemunho do milagre promove transformação na vida do alvo do milagre e das pessoas ao redor. Quando clamarmos por um milagre, devemos estar prontos para sermos instrumento de transformação, em nós e nas pessoas ao nosso redor.

O presente texto foi escrito para a aula de Escola Dominical da Igreja Presbiteriana Independente de Tucuruvi, São Paulo, SP, em 5 de junho de 2021

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O índice é atualizado no artigo da primeira lição.