Uma crônica sobre hipsters

Thais Pantaleão
(de)vagar
Published in
2 min readJun 23, 2020
Arte: Thais Pantaleão

Hipster… uma palavra inglesa surgida lá nos saudosos anos 2000. Britney Spears na era pré surto — deixando seu maior legado para o mundo pop: o filme Crossroads — Beyonce, Crazy in Love e o fim das Destiny’s Clid (exatamente nesta ordem), Detonautas Rock Club, Tribalistas, Marcos Palmeiras em Portos dos Milagres,”é a musa do verão calor no coração”, Paris Hilton, MSN e hipsters. Saudosos anos 2000.

De lookinho vanguardista essa turma pode ter vindo dos pubs londrinos, ou de algum lugar bem descolado com berliners ouvindo David Bowie, diretamente para as cafeterias que cobram quinze reais por uma xícara de café gelado — com um micro biscoito amanteigado em formato de coração ou estrela, disfarçado de cortesia — no bairro de Pinheiros em São Paulo; o hipster brasileiro p.s.b (pós surto da Britney) encontra-se vagando pelo imaginário coletivo, abrindo um leque de divagações sobre o que pode estar acontecendo com o jovem branco de classe média alta.

Chupinhando as delícias da cultura negra desde que o hipster é hip, sim, e não faça cara de chocade; a nova versão dessa modalidade tem apresentado um rebolado possivelmente duvidoso, alguns raps em formato de poesia acústica, roupas “periféricas” compradas na Farfetch, Bacurau — mas esse a gente entende e defende, tudo pra mim — e uma clara falta de compreensão da linha tênue que separa o cool do cu.

Seria o hipster branco bi-curioso desconstruído good vibe admirador das brasilidades a personificação do movimento de contra cultura contemporâneo? Seria apenas passação? Apropriação? Vergonha alheia? O que comem? Como vivem? Quanto custa o aluguel de um apê com piso de taco na Santa Cecília? Billie Eilish é cool? Mãe de planta conta? Eles mereceram? Eu posso tocar no seu cacho? Como você cuida do seu cabelo (?) ele é tão legal.

Nada contra, mesmo. Até tenho amigos que são, conheci eles um dia desses no show do Racionais lá no Sesc Pompéia, puta show, só tinha gente bonita — e branca. e hétero. porém livres. free love. namastê.

Nada contra, mesmo! Só não sei como explicar isso pros meus filhos, ou afilhados. Será que posso chamar de hipster mesmo? Acho que vou ligar para esses amigos que conheci no show pra perguntar…

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