A Criação e Vida do Glam Rock em Velvet Goldmine

Fernanda Yuukura
Deadlines
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3 min readAug 21, 2017
O filme retrata e homenageia, metaforicamente, a criação e vida do glam rock, estilo musical e movimento cultural dos anos 70 marcante pela teatralidade e pelos trajes excêntricos.
Todd Haynes. Velvet Goldmine. 119’, Reino Unido — EUA: Miramax, 1998.

O ano é 1984. Arthur Stuart (Christian Bale), um jovem repórter britânico, fica encarregado de fazer uma matéria sobre o astro do glam rock Brian Slade (Jonathan Rhys Meyers) que desapareceu gradualmente após a descoberta de seu forjado assassinato em palco. Essa missão mexe com o jornalista, pois isto implica investigar seu próprio passado, a de um adolescente e intenso fã do artista, além de frequentador de toda agitação da cena musical na Inglaterra dos anos 70. Através de idas e vindas em flashbacks, o jornalista localiza e entrevista pessoas próximas a Slade, revelando impressionantes fatos não só dele, como também do artista americano Curt Wilde (Ewan McGregor), suposto parceiro amoroso de Slade.

Embora o diretor afirmar em inúmeras entrevistas de que se trata de uma obra original, diversos acontecimentos e artistas, como os expoentes David Bowie, Lou Reed e Iggy Pop, podem ser reconhecidos como inspiração na construção dos personagens de Slade e Wild, por retratar um período específico da história da música contemporânea. Isso também se deve ao fato de boa parte do roteiro original fora reescrito, pois Bowie desautorizou o uso de suas canções, do qual seria retirada a maior parte do material para a trilha sonora, apesar de ainda assim permanecer como uma figura central para o filme. A carreira de Slade, basicamente, faz um paralelo à carreira de Bowie na Inglaterra entre os anos 60 e 70. Wild, por sua vez, incorpora características do estilo dos artistas americanos Iggy Pop e Lou Reed, ambos estreitamente ligados ao artista britânico nesta época. Cenas do encontro entre Slade e Wild reproduzem o momento em que David Bowie conheceu Iggy Pop nos Estados Unidos.

Sandy Powell: Indicação por melhor figurino no Oscar de 1999.

O filme, além de tudo, também enfoca em como o poder do glam rock influenciou na moda andrógina e na própria revolução sexual da época, inspirando inúmeros adolescentes, como Arthur, a também descobrir e explorar sua sexualidade. O premiado figurino de Sandy Powell traduziu perfeitamente a aura de excesso e exuberância do movimento: um mix eclético de lantejoulas e variações de collants justos, botas plataformas altas, vestidos all-in-one estampados, mullets tingidos, echarpes de plumas, calças de cintura alta justas nas coxas e largas sobre as botas, além das icônicas pinturas faciais e corporais. Tudo isso abraçado por temas metálicos e o imaginário da era espacial em voga.

Por fim, Velvet Goldmine é um clássico e excelente retrato documental da criação e vida do glam rock, recheado pela preciosa trilha sonora e fotografia ímpar. Um ótimo entretenimento para aqueles que querem conhecer mais ou revisitar este movimento cultural tão marcado pela teatralidade e trajes excêntricos.

REFERÊNCIAS

FOGG, Marnie. Tudo sobre Moda. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.

HAYNES, Todd. Velvet Goldmine. 119’, Reino Unido — EUA: Miramax, 1998.

IMDb, Velvet Goldmine. Disponível em: <http://www.imdb.com/title/tt0120879/> Acesso em: 20 de Agosto de 2010.

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Divagações sobre arte, design e processos criativos em geral.

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Designer, ilustradora, fotógrafa. Ao menos tentando.