O que sei e o que acho sobre a crise do Coronavírus
Esse post foi publicado na minha newsletter semanal DealflowBR na qual comento, analiso e levo artigos de curadoria pessoal minha sobre sobre Venture Capital e Startups para investidores e empreendedores direto para caixa de e-mail. Veja as edições anteriores e se inscreva para receber na sua caixa de email post como esse muito mais.
Semana difícil e que certamente ficará pra história.
Impossível não falar do CoronaVírus mais uma vez. Agora, resolvi fazer um compilado de fatos e o que tenho visto sobre o CoronaVírus e os mercados.
Longe de eu querer colocar mais pânico, mas alguns fatos são:
Temos um crescimento exponencial de contágio do COVID-19 na Europa e que está chegando(ou chegou?) à América.
E no Brasil, nesta sexta-feira, foram anunciado primeiros casos de contágio por transmissão comunitária, ou seja, sem saber a procedência do vírus, o que dificulta o controle. A curva de crescimento de novos casos de contágio por aqui está sendo rápida, igual outros países da Europa:
Os mercados financeiros estão em pânico, com mudança brusca de sentimento do mercado medido pela CNN.
Na sexta-feira, as medidas anunciadas pelos governos fez uma leve diferença mas o índice ainda está na zona do ‘medo’:
…o “Bear Market” do Índice Dow Jones foi o mais rápido da história. Bear Market é considerado quando o índice desvaloriza 20% do topo.
O fato é que estamos vivenciando um momento difícil que, segundo especialistas e analistas, se medidas forem postas em práticas isso deve durar aproximadamente 4 meses para controlar a situação.
Nesse tempo, vejo que devemos esperar por algumas dessas implicações que podem afetar o nosso dia-a-dia como, por exemplo:
- Saúde pública — Mortes de principalmente pessoas mais velhas, caos em hospitais, falta de leitos, demanda mal atendida.
- Economia — Desaceleração no consumo, desaceleração de PIB com risco de recessão, aversão a risco, falta de liquidez…
- Mercado financeiro enfezado — Gestoras falindo, aversão ao risco, irracionalidade por pânico, redução de pessoas físicas na bolsa, IPOs postegados…
- Negócios e empresas — Confiança do consumidor baixa, varejo em geral afetado com menos pessoas na rua, turismo e empresas aéreas paradas, menor produtividade, maior risco e menos crédito, logística e suprimentos podem ser afetados… Empresas que ajudam o trabalho remoto são poucos dos negócios que estão sendo beneficiadas como o momento.
Diversas empresas já anunciaram o trabalho remoto no Brasil. O Cubo, hub de inovação em São Paulo, anunciou o fechamento abruptamente por um mês, segundo alguns fundadores de startups residentes, depois que um caso de uma pessoa que trabalhava no local foi confirmado.
Dito isso, o que resta aos fundadores de Startups é:
- Proteger time e ajudar na civilidade de combate
- Se comunicar e atender bem seus clientes
- Planejar caixa para um cenário bem pior de vendas e de funding nos próximos 3–4 meses, pelo menos
A GGVCapital, fundo venture capital — que já investiu em diversas empresas como Alibaba, Slack, Opendoor — , fez um compilado de documentos táticos para Startups, como, por exemplo, ferramentas para trabalho remoto, relação com funcionários, para usar nesse momento. Link
Florian Hagenbuch, co-founder da Loft, também publicou no seu Linkedin as instruções e plano de ação de contingência que estão usando na empresa.
Também gosto do texto Ben Horowitz, autor do livro “lado difícil sobre as coisas difíceis” e fundador do fundo a16z sobre Peacetime CEO / Wartime CEO (CEO de tempos de paz / CEO de tempos de guerra) . Acho que estamos entramos num tempo de guerra e de combate.
Aos Investidores de Startups sugiro nada muito diferente do que o básico de um bom investidor, como, principalmente:
- Ajudar empreendedores nas revisões e discussões de cenários
- Reduzir a pressão e apoiar na redução de ansiedade do time empreendedor
Estamos com algumas medidas de governos sendo tomadas, no Brasil, tendo os últimos eventos acontecendo nessa última semana, e empresas se movimentando para evitar o aumento contágio e saúde dos colaboradores.
Por outro lado, na minha visão
, tentando tirar algo bom da situação para o mundo de Startups e negócios em geral é que :
- Estamos num mundo melhor graças a tecnologia e internet que estão sendo utilizada para melhor informar, mobilizar e dar mais poder de continuidade da vida no dia-a-dia.
- A adoção e viabilidade do trabalho remoto para todo tipo de empresa, que pode ser o inicio de uma boa mudança para melhor qualidade de vida e produtividade.
- Mais aprendizado à gestores no controle de caixa e revisão da rentabilidade das empresas.
- Grande parte das empresas se mostram mais cívicas e tomando iniciativas antecipando medidas ao combate.
- Evolução e aprendizados científicos para a cura.
- O Brasil, como uma das últimas regiões da onda de contágio, pôde se antecipar e parece que está fazendo isso. Veremos o que será suficiente.
Concluindo, sem pânico e com informação, acredito que é preciso agir e antecipar ações para combate, tomando medidas rápidas para identificar onde está o vírus, e protegendo principalmente nossos pais e avós. Do lado de negócios apertar os cintos para garantir liquidez e evitar maiores problemas pelo menos nos próximos 3 meses, enquanto essa onda passa.