Jogatina do Mês #001

Cartographers, Raccoon Tycoon, Tiny Towns e Jonathan Strange & Mr. Norrel

Anderson Butilheiro
The Meeple Kingdom
5 min readAug 23, 2019

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“Sem tempo irmão”. Talvez você já tenha lido essas três palavras por aí, num meme qualquer. O fato é que cada vez as pessoas tem reclamo de não terem tempo suficiente pra fazer todas as coisas que gostaria, inclusive ler reviews de jogos. Pensando em você, o Deathmatch apresenta um modelo curto de review, focado em não um, mas 3 ou 4 jogos por vez, com parágrafos curtos e focado no feeling do jogo. Bora lá?

CARTOGRAPHERS

Jogão com uma diferente implementação do flip & write do Jordy Adan, até então um dos melhores que joguei. Pra efeitos de comparação, eu gosto muito do gênero e tenho On Tour, Railroad Ink (as duas versões), Welcome to... e os mais clássicos como Yatzhe (no Brasil saiu pela Grow como Yam). O Cartógrafos eleva o nível da brincadeira porque aqui não é só escrever números ou desenhos, mas encaixar formatos “poliminós” com diferentes preenchimentos que combinam com diferentes formas de pontuar. Além disso, existe o desafio de cartas com ruínas ou com monstros que meio que atrapalham seu jogo de forma indireta (ou direta mesmo), mas deixam o jogo ainda mais interessante. Pra quem curte o gênero ou pra quem quer conhecer algo, vale demais a experiência.

RACCOON TYCOON

Com cara de jogo fofo por causa do tema e ilustrações (tipo Root), o jogo na verdade é um econômico simples, mas bem disputado. Me passou um feeling de Power Grid, no quesito de juntar grana pra comprar recursos que na verdade servem pra virar mais dinheiro pra você expandir de fato e o que conta no final são pontos. No decorrer do jogo você joga cartas pra ativar sua produção de recursos e pode manipular o mercado, subindo o preço de determinados recursos para que você mesmo possa vendê-los mais caro. Caso venda, o preço cai automaticamente. Com o dinheiro, você compra edifícios que te dão habilidades e bônus para produzir, vender e de pontuação. Também pode comprar as cartas de ferrovias, que no fim das contas são um set collection que você ganha pontos por quantas cartas do mesmo tipo possui. Ou comprar cartas de cidade, que pontuam em conjunto com as cartas de ferrovias. No grosso, o jogo é bem focado na mecânica, no fazer dinheiro pra transformar em pontos, mas tem um bom twist com um leilão pelas cartas de ferrovias, um mercado que funciona de forma interessante e que é manipulável, mas ao mesmo tempo pode ser maldoso (você sobe o preço, outra pessoa vende antes de você). No geral, o jogo ganha muitos pontos pelo tempo de explicação e jogo - demorei 5 minutos pra explicar pra esposa e jogamos em 40. Acho que quem curte jogo econômico e quer uma opção mais leve, tem que ficar de olho nesse.

TINY TOWNS

Um dos hypes do primeiro semestre, Tiny Towns é um jogo da AEG, que ano passado anunciou que iria lançar menos jogos e focar mais em aprimorar e desenvolver jogos melhores. O TT é o primeiro dessa "nova fase". É um bom jogo, com foco em repetição de padrão e set collection. Cada jogador está construindo no seu terreno, montando padrões com os cubos coloridos para tentar pontuar melhor, fazendo combos com os diferentes tipos de prédios. O bacana dele é que cada rodada, um jogador é o construtor e deve escolher uma cor de cubo (um recurso) e todos devem usar esse recurso, mas podem colocar onde quiserem no seu tabuleiro, dependendo de qual padrão querem formar. Ao formar o padrão do prédio escolhido, tiram os cubos e colocam o prédio em um dos espaços do tabuleiro pessoal em que estavam os cubos que usou. À medida em que o jogo avança o espaço fica mais curto e é mais difícil cumprir os requisitos dos padrões. Cada prédio pontua de uma forma e há alguns com poderes/habilidades especiais (você usa sempre 7 ou 8 deles, mas vem vários no jogo o que garante a rejogabilidade). Jogo bem bacana, leve, gostoso de jogar e fácil de colocar na mesa. Jogamos umas 5 vezes ele por aqui já.

JONATHAN STRANGE & MR. NORREL: THE BOARD GAME OF ENGLISH MAGIC

O último jogo da lista é o jogo mais recente, lançado mais recentemente e que quase ninguém ouviu falar ainda. O tema também não é dos mais atrativos, já que é baseado num livro pouco conhecido pela maioria (mesmo tendo uma série de mesmo nome pela BBC) e trata de uma alternativa Inglaterra vitoriana com elementos de magia. Não mágica do tipo do filme O Grande Truque (ou do jogo Trickerion), mas mágica mesmo, que envolve feitiços, poções e etc. Todo o jogo foi baseado na história do livro e seus personagens, em que uma sociedade secreta se une pra desafiar o status vigente dos mágicos/magos que hoje não vivem mais à luz da sociedade (no passado, a mágica era conhecida e propagada). No jogo, os jogadores assumem o papel de alguns magos que devem combater essa sociedade e impedi-la de tomar o controle da magia na Inglaterra. As mecânicas são bem sólidas, bem aplicadas ao tema e o jogo tem um quê de tensão, mesmo não sendo um jogo cooperativo. Cada jogador joga sozinho pra alcançar um nível de magia maior que o dos demais e maior que o da sociedade (na figura de seu líder) que cresce a cada rodada. Para isso, usamos cartas que dão acesso à lugares e pessoas importantes e vão permitir que ganhemos prestígio, itens mágicos e certos bônus ao longo do jogo. Há uma necessidade constante de se mover pelo tabuleiro, acionar as habilidades na ordem certa e ficar de olho nas oportunidades de realizar mágicas em público para aumentar seu poder. Ao final de determinadas rodadas, temos a chance de confrontar o inimigo e vencer caso nosso poder seja igual ou superior. Vence sozinho o jogador com maior poder. Ou todos perdem se ao final da décima segunda rodada ninguém tiver derrotado o vilão. Jogo interessantíssimo.

E aí, o que achou do formato? Curioso pra saber mais? E sobre os jogos da lista, o que você já jogou? Deixa aí nos comentários.

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