Éramos 11: Arsenal 2003–04

Mateus Schuler
Blog De Bate e Pronto
6 min readMay 10, 2019

Os invencíveis de Londres fazendo história

À época, o Arsenal era um dos times mais fortes da Inglaterra e sempre chegava como favorito à Premier League. Após ser campeão em 2001–02, começou a temporada seguinte com nove jogos de invencibilidade, sendo 30 consecutivos no total, até então recorde no campeonato. A briga com o Manchester United foi até o fim, mas no final os londrinos ficaram com o vice-campeonato. Como consolo, venceram a FA Cup batendo o Southampton, mas a glória viria apenas um ano depois. Para 2003–04, Arsène Wenger não foi tão ativo se comparado a rivais como United e o Chelsea de Abramovich. Apenas chegaram aquisições “pequenas”, como o goleiro alemão Jens Lehmann e o lateral-esquerdo francês Gaël Clichy.

Apesar disso, os Gunners começaram com tudo. Quatro vitórias nos quatro primeiros jogos e sete nos primeiros dez. Na sexta rodada, talvez o jogo mais duro de toda a campanha: um empate sem gols com os Red Devils, conhecido como a “Batalha de Old Trafford”. Entre janeiro e março de 2004, uma série de nove triunfos seguidos, praticamente consolidou o campeonato, que dali para a frente foi sendo carimbado até o fim.

O título veio no dia 25 de abril, na 34ª rodada, e é lembrado até hoje pela torcida. O empate em 2 a 2 contra o Tottenham, em pleno White Hart Lane, foi suficiente para se tornar campeão na casa do maior rival. Ainda havia a expectativa pela taça invicta, que veio depois de vencer o Leicester, de virada, por 2 a 1 diante da torcida no dia 15 de maio. Ao total, foram 26 vitórias, 12 empates em 38 partidas, levando a famosa taça de ouro da PL.

Ao final, a equipe teve os melhores ataque e defesa do torneio, a que mais venceu e menos perdeu, além de dois jogadores no top-10 da artilharia: Henry, artilheiro com 30 gols, e Pirès em 10º, com 14. A curiosidade é que o desempenho histórico na liga não se repetiu nas Copas, tanto nacionais como internacional: eliminado na semifinal da FA Cup e Copa da Liga; nas quartas da Uefa Champions League.

O ELENCO

Lehmann

A aposentadoria do lendário David Seaman obrigou o Arsenal ir ao mercado para suprir a grande perda. Foi no Borussia Dortmund que o clube encontrou o alemão Lehmann, que atuou em todas as 38 partidas do campeonato e foi o responsável pela defesa menos vazada, chegando a tomar a vaga inclusive de Kahn, à época, na seleção nacional. Atualmente, é assistente técnico e está desempregado, uma vez que deixou o Augsburg em abril desse ano.

Lauren

Um dos jogadores mais discretos do time considerado titular, o lateral-direito que se destacou no Mallorca no título da Copa do Rey em 1998–99 era uma arma importante da equipe londrina, pois chegava com muita qualidade no ataque. Além disso, era bom marcador, que o garantiu na titularidade por bom tempo. Atualmente trabalha como comentarista esportivo e mora na Espanha.

Sol Campbell

Apesar de mais lento que o companheiro de zaga, o experiente zagueiro inglês era impecável no posicionamento defensivo e na bola aérea. Cria da base do Tottenham, maior rival, se consagrou pela solidez demonstrada em campo. Hoje é treinador do Macclesfield Town, que disputou a League Two e evitou o rebaixamento, ficando na antepenúltima colocação.

Kolo Touré

Mais jovem, o marfinense Kolo Touré mostrava ter mais fôlego e agilidade, tendo a explosão física como principal característica. Contratado junto ao ASEC Mimosas, do seu país natal, veio como uma aposta para o setor e foi um dos grandes destaques. Mesmo aposentado em 2017, seguiu trabalhando com futebol e é auxiliar técnico no Leicester City.

Ashley Cole

Formado nos Gunners, o lateral-esquerdo de então 23 anos era a principal arma do setor ofensivo, demonstrando eficiência na criação das jogadas e com uma parte física invejável. Um dos poucos que ainda está em atividade como jogador, defendendo as cores do Derby County, sendo contratado na última janela para ajudar a equipe no retorno à Premier League.

Vieira

Vieira foi o pilar no meio-campo dos Gunners naquela temporada (Foto: JIM WATSON/AFP/Getty Images)

O volante francês, formado no Cannes, foi contratado junto ao Milan ainda em 1996 e é um dos grandes ídolos da história dos londrinos. Responsável por tomar conta da retaguarda e proteger a defesa, Vieira conseguia também ser polivalente com qualidade, pois desempenhava outras funções com maestria. Hoje é treinador do Nice, que está na Ligue 1.

Gilberto Silva

Campeão com a Seleção Brasileira em 2002, Gilberto veio do Atlético-MG ainda como uma promessa e conseguiu seu espaço após demonstrar ter qualidade na marcação. Ajudou Vieira a dar solidez à cabeça de área dos ingleses, ficando mais preso no setor; o eterno camisa 19 é diretor no Panathinaikos, da Grécia, onde se tornou ídolo.

Pirès

Vice-artilheiro da equipe naquela temporada, o meio-campista era essencial na armação de jogadas, além de mostrar muita eficiência com a bola no pé na finalização. Destaque do Marseille, foi contratado ainda em 2000 e já estava no título de 2001–02, se aposentando em 2016. Desde então, vem buscando seguir no meio futebolístico, sendo auxiliar pontual de Wenger no mesmo Arsenal.

Ljunberg

O meia-atacante sueco, por outro lado, era mais veloz e tinha a força física como característica principal. Formado no Halmstad, do seu país, o atleta também marcou seu nome na história do clube britânico, sendo uma peça fundamental ao setor ofensivo da equipe. A idolatria o levou ao comando do Sub-23 do Arsenal, acumulando a função desde julho de 2018.

Bergkamp

Mais velho dentre os titulares, o holandês Dennis Bergkamp vinha com uma bagagem cheia de experiência para distribuir aos jovens. Contratado ainda em 1995, foi o jogador de maior destaque naquela temporada, mesmo em fim de carreira, sendo o líder de assistências — com nove — da equipe. Atualmente é assistente técnico do Sub-21 do Almere City, que disputa a segunda divisão holandesa.

Henry

Letal nas finalizações, Henry foi o artilheiro da Premier League com 30 gols (Foto: Tony Marshall/EMPICS via Getty Images)

Artilheiro do campeonato, o francês é uma das principais referências até hoje no Arsenal. O atacante se consagrou por ter decidido jogos importantes, com os 30 gols sendo marcados das mais diversas maneiras, seja em cobranças de falta, finalizações de curta ou longa distância ou cabeçadas. Temido pelos adversários, era letal nas conclusões. Auxiliar da Bélgica na Copa do Mundo 2018, foi técnico do Mônaco em seguida, mas acabou demitido após insucesso e está desempregado.

Extra

José Antonio Reyes

O meio-campista espanhol, considerado eterna promessa por alguns, veio no meio da temporada como aposta depois de se destacar no Sevilla. Acionado em alguns jogos na reta final, mostrou até ser promissor, mas não empolgou o torcedor. Ainda está em atividade, atuando no Extremadura, que ficou na La Liga 2, a segunda divisão nacional.

Edu

O volante brasileiro, destaque no Corinthians, chamou a atenção de Wenger e foi contratado para reforçar o meio-campo da equipe. Entrando aos poucos, o atleta tinha concorrência grande no seu setor, porém dando conta do recado ao entrar. Atualmente é Coordenador Técnico da Seleção Brasileira, trabalhando diretamente com Tite.

Wiltord

Reserva imediato de Bergkamp, o atacante francês era a carta na manga do treinador para dar novo fôlego ao setor ofensivo, mesmo que atuasse mais centralizado. Na temporada, atuou em 12 partidas da Premier League — sendo a maioria dessas no início — e fez apenas três gols. Wiltord hoje é comentarista na EuroSport.

Confira no vídeo abaixo a campanha do Arsenal invencível

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