Éramos 11: Porto 2004

Hugo Castro
Blog De Bate e Pronto
8 min readSep 28, 2018

Em 2004, o Porto repetiu o feito que parecia inalcançável de 1987.

Futebol Clube do Porto de 2004… Quem diria que aquela equipa que no ano anterior tinha conseguido vencer a Liga Europa, na altura Taça UEFA, iria conquista a Europa no ano seguinte? Nem nos melhores sonhos dos adeptos portistas… Mas não na cabeça do presidente Jorge Nuno Pinto da Costa!

Depois da conquista da Taça UEFA, os jogadores de maior destaque, como Deco e Ricardo Carvalho e o treinador, um tal de José Mourinho (a dar os primeiros passos no mundo do futebol) começaram a receber propostas bem vantajosas para saírem do Porto. Até que um dia o Presidente bateu a porta de José Mourinho e desafiou-o a ficar mais uma época, garantindo-lhe que iam conseguir vencer a Champions… E José Mourinho não pôde recusar o desafio.

O Porto defrontou na fase de grupos o Real Madrid da era galática, o Marselha (onde aparecia um tal de Didier Drogba) e o Partizan. Qualificou-se com 11 pontos, encontrando na fase seguinte o monstruoso Manchester United de Ferguson, que continha nomes como Ruud Van Nistelrooy, Ryan Giggs, Paul Scholes, e tantos outros nomes.

A primeira-mão jogou-se no então novíssimo Estádio do Dragão, com a equipa da casa a vencer por 2–1, mas tinha ainda pela frente um jogo no Teatro dos Sonhos, um jogo de grau de dificuldade máxima. O jogo começa mal para os Dragões, com Paul Scholes a fazer o golo que colocava os Red Devils na frente da eliminatória. Mas, ao minuto 90, começava verdadeiramente o sonho. Benny McCarthy bate o livre, Tim Howard defende para a frente e Costinha aparece ao segundo poste e faz a emenda para o golo, que gelou Old Trafford.

Nos quartos de final, o Porto venceu por um total de 4–2 o campeão francês Lyon, nas meias-finais bateu o Deportivo por 1–0 no conjunto das duas mãos e, na final, despachou completamente a equipa do Mónaco, vencendo por uns incríveis 3–0 a outra equipa que vinha também surpreendendo a Europa, tendo eliminado o então campeão em título A.C. Milan e o Real Madrid.

O Onze:

Vitor Baía (Goleiro)

Um dos, ou o melhor, guarda-redes português de sempre. Estava no auge da sua carreira. Tinha começado a defender as redes do Porto aos 19 anos, e as magníficas exibições levaram-no até Barcelona. Mas as lesões e alguns infortúnios levaram-no a voltar ao F.C. Porto. O início foi um pouco intermitente, uma vez que as lesões continuavam a atormenta-lo. Mas assim que conseguiu debelar as lesões, era intransponível. Forte nas saídas, seguríssimo entre os postes e jogo de pés acima da média na altura para os guarda-redes, foi um dos grandes obreiros desta caminhada. Continuou no clube até 2007, ano em que decidiu terminar a carreira.

(imagem: www.goal.com)

Paulo Ferreira (Lateral)

O menino com cara de quem não partia um prato. Chegou ao Porto proveniente do Vitória de Setúbal em 2003, pegou de estaca no lado direito da defesa e nunca mais largou o lugar. Franzino mas muito raçudo, corria a lateral toda tendo feito algumas assistências, sendo uma das peças chave de José Mourinho. Em 2004 saiu para o Chelsea, onde jogou até “arrumar as botas” em 2013.

Jorge Costa (Zagueiro)

Ah, o capitão… Que saudades! Raçudo, nunca dava um lance como perdido. Um terror para os pontas-de-lança. Enchia-os de porrada, mas porrada mesmo! Era incrível, representava tudo aquilo que o Porto era em campo. Raça, ambição, e querer. Acabou por perder algum protagonismo nas épocas seguintes, tendo sido dispensado do seu clube de sempre por Co Adriaanse, e terminou a carreira na Bélgica ao serviço do Standard Liège.

Ricardo Carvalho (Zagueiro)

(imagem: www.pesmitidelcalcio.com)

Nossa que central. Completo. De longe, um dos melhores da sua época. Era um central que sabia sempre o que fazer em campo… Se devia bater, sair a jogar, exímio na marcação e excelente no jogo aéreo. Por alguma razão José Mourinho o levou para o Chelsea com ele, não é? Era o esteio da defesa portista. Saiu a seguir à conquista da Champions, tendo sido campeão em Inglaterra e em Espanha ao serviço do Real Madrid. Terminou a carreira na China ao serviço do Shanghai SIPG.

Nuno Valente (Lateral)

Seguro a defender e sabia quando atacar. Chegou ao Porto já com 28 anos, mas com uma experiência enorme. Sabia ler os momentos do jogo como poucos, e colocava a bola onde queria com o seu fantástico pé esquerdo. Saiu do Porto em 2005 para o Everton, tenho aí terminado a sua carreira em 2009.

Costinha (Volante)

Um dia, no Mónaco, Thierry Henry apelidou-o de ministro por ir sempre treinar de fato e gravata, mas a alcunha caia-lhe que nem uma luva dentro de campo. Bom no jogo aéreo, na leitura de jogo e nas recuperações, era uma das peças fundamentais de José Mourinho no onze. E os portistas nunca se irão esquecer dele, muito por culpa daquele golo em Old Traford. É atualmente treinador do Nacional da Madeira, equipa que milita na primeira liga em Portugal.

Pedro Mendes (Meia)

Um dos poucos reforços do Porto para atacar a época a seguir à conquista da Taça UEFA. Um jogador completo a nível tático. Saiu no final dessa época para rumar a terras de Sua-Majestade para representar o Tottenham. Representou ainda o Portsmouth, o Rangers na Escócia, o Sporting e terminou a carreira no seu clube do coração, o Vitória de Guimarães, em 2012.

Maniche (Meia)

A carreira deste jogador dava um filme. Começou no Benfica onde chegou a ser capitão, teve problemas com a direcção, ficou uma época treinando com a equipa B, e quando ninguém dava nada por ele, José Mourinho bateu à sua porta… E o resto é história. Jogador “pesado” mas extremamente lutador, bom no passe e excelente na meia distância, era um guerreiro em campo. No final de 2004 se transferiu para o Dínamo de Moscovo, tendo passado ainda por Chelsea, Atlético de Madrid, Inter de Milã, Koln e terminou a carreira em 2012 ao serviço do Sporting.

Deco (Meia)

Meu Deus, quando se trata do Deco, eu juro que tento não ser tendencioso, mas não dá. Que classe, que génio, ou como os adeptos do Porto o apelidaram, que Mágico!! Excelente a defender e a atacar, dotado de um drible e passe incríveis, era um 10 completo. O motor deste Porto. O jogo circulava à sua volta e quando a bola chegada aos seus pés… Magia, definitivamente. Para além de ter ganho a Champions, ganhou também o prémio de melhor jogador da UEFA em 2004. Do Porto saiu para o Barcelona onde voltou a ganhar a Champions, sendo uma das peças fulcrais de Frank Rijkaard. Em 2008 saiu para o Chelsea e em 2010 regressou ao Brasil para representar o Fluminense, equipa onde se retirou em 2013

(imagem: www.terra.com.br)

Derlei (Atacante)

O Ninja. Não era aquele goleador nato, mas era aquele tipo de jogador que uma pessoa gosta e não sabe muito bem porquê. Nunca desistia de uma bola, de um lance, de um duelo com um defesa. Nem de recuperar das lesões. Nessa época sofreu uma rutura de ligamentos, mas uma recuperação recorde, e uma força de vontade incrível, fizeram com que fosse a tempo de jogar a final e poder vencê-la. Depois do Porto transferiu-se para o Dinamo de Moscovo, tendo jogado ainda no Benfica, Sporting antes do regresso ao Brasil, onde jogou no Vitória e terminou a carreira em 2010 no Madureira.

Carlos Alberto (Atacante)

Meu Deus, neste até custa falar. Que talento incrível que tinha. A bola colava nos seus pés e nunca mais de lá saíam. Era talvez o jogador mais promissor de todo o plantel do Porto, mas infelizmente, as decisões que tomou ao longo da vida não o ajudaram a chegar ao estrelato do futebol. Depois de forçar a saída do Porto para voltar ao Brasil e jogar ao serviço do Corinthians, jogou no Fluminense, Werder Bremen, São Paulo, entre outros, sendo o único jogador deste onze que continua jogando futebol, estando agora ao serviço do Atlético Paranaense.

Técnico:

José Mourinho

(imagem: www.goal.com)

Apaixonado pelo treino e pelos Mind-Games, revolucionou o futebol. Nunca foge ao confronto e mantem-se leal às suas ideias. Começou a carreira como treinador-adjunto de Bobby Robson no Porto e com ele saiu para orientarem o Barcelona. Quando Bobby Robson saiu, José Mourinho manteve-se na Catalunha agora como treinador-adjunto de Louis Van Gaal. De lá saiu para treinador principal do Benfica, mas um vazio diretivo fez com que acabasse por sair do clube. Voltou ao ativo em 2002 ao serviço da União de Leiria onde estava a ter resultados espantosos, que o levaram de novo a um grande do futebol português, o Porto. Lá foi rei e senhor, tendo ganho tudo o que havia para ganhar. Saiu para o Chelsea onde foi bicampeão e no início da 4ª temporada foi despedido, tendo deixado o mundo do futebol boquiaberto. Em 2008 voltou ao ativo para treinar o Inter de Milão e, apesar de o futebol apresentado pelas suas equipas terem perdido algum encanto, venceu o Triplete ao serviço dos Nerazzurri em 2010. Saiu de Milão como um rei e juntou-se ao Real Madrid, com a quase impossível tarefa de roubar o título ao Super-Barcelona de Pep Guardiola. A verdade é que conseguiu esse feito em 2012, tendo inclusive batido o recorde de pontos da liga espanhola. Cumpriu mais uma temporada em Madrid e regressou ao Chelsea, a sua casa, onde voltou a vencer o título no ano de 2014/2015. Em 2015/2016 foi novamente despedido pelo impiedoso Abramovich e é, desde 2016, técnico do Manchester United.

--

--