Éramos Onze: Alemanha 2014

Em 2014 os germânicos faturaram o tetra

André Galassi
Blog De Bate e Pronto
10 min readJun 26, 2019

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Ganhar uma Copa do Mundo sem dúvidas leva um elenco inteiro a entrar na história do futebol. A Alemanha de 2014 ficou marcada não só pela conquista, mas também por todo o contexto após o fatídico 7–1 diante do Brasil. Estragando a festa dos anfitriões, os prussianos festejaram no quente inverno brasileiro.

Após cinco anos da conquista que não sairá tão cedo de cena, o De Bate e Pronto vem relembrar a campanha e alguns jogadores da Mannschaft presentes no Brasil.

Campanha:

Vindo de um 3º lugar na Copa de 2010 e de um bom ciclo durante os quatro anos, a Alemanha chegava como um dos grandes favoritos ao título. Com a mesma base de 2010, entretanto com algumas trocas pontuais, os germânicos passaram sem grandes sustos na fase de grupos. Após golear Portugal por 4–0 e sofrer contra Gana — empate em 2x2 — a seleção garantiu sua vaga vencendo o EUA pela diferença mínima.

Classificados em primeiro lugar, nas Oitavas a adversária foi a surpresa Argélia. Em um jogo de puro ataque contra defesa, os alemães conseguiram furar o bloqueio africano apenas na prorrogação, depois de incríveis 25 finalizações ao gol.

Nas quartas o duelo foi contra a poderosa França, ainda em processo de formação para conquistar o bi mundial em 2018. Da cabeça de Hummels saiu o gol que levou a Alemanha ao Mineirão para enfrentar o anfitrião Brasil.

Sete! Sete vezes a Alemanha furou a zaga brasileira naquele que ficou marcado como a maior humilhação da história das Copas do Mundo. Em um Mineirão com mais de 58 mil brasileiros, quem fez a festa foram os germânicos. Goleada e passagem para o Maracanã garantida.

Na final, encontro com a Argentina de Lionel Messi, que buscava seu primeiro título com a albiceleste. O jogo truncado desde o início fez com que a grande final fosse decidida na prorrogação. Aos 113 minutos de uma batalha quase interminável, o destino quis coroar um herói improvável, Mario Gotze. No pé do quase sempre décimo segundo jogador, a Alemanha faturava o tetra, após 24 anos de espera.

Time base:

Manuel Neuer (Goleiro):

Desde o sub- 18 na base alemã, Neuer teve as suas primeiras chances como profissional em 2009. Firmado como o titular desde 2010, o arqueiro passou a ser um dos grandes nomes do elenco. Na Copa de 2014 foi extremamente importante ao ser um dos pioneiros do goleiro libero. Titular nos sete jogos, saiu sem ser vazado em quatro.

No mesmo ano de 2014 foi o terceiro colocado na Bola de Ouro da FIFA, ficando atrás apenas de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Infelizmente passou a sofrer com muita lesões desde 2015. Mesmo assim foi titular na Copa de 2018 e continua sendo chamado com frequência a seleção.

Philipp Lahm (Lateral Direito)

Multi-campeão por onde passou, o experiente lateral Philipp Lahm foi um dos grandes nomes do mundial. Jogando tanto de lateral quanto de meio campista, Lahm participou dos sete jogos da campanha vitoriosa dos germânicos. Foi um dos quatro jogadores da seleção alemã presentes na Seleção da Copa, publicada pela FIFA logo após o mundial.

No dia 18 de julho de 2014, quatro dias após a final, anunciou sua aposentadoria da seleção. Fechava assim um ciclo de três Copas do Mundo, três Eurocopas e um casamento de mais de 15 anos. Em julho de 2017 saiu de vez do mundo da bola, ao se aposentar do Bayern de Munique.

Dilma entrega a taça nas mãos do capitão (Foto: Globo Esporte)

Mats Hummels (Zagueiro)

Ainda com 25 anos, Mats Hummels foi sem dúvidas uma das grandes surpresas da Copa de 2014. Revelado no Bayern e logo transferido ao Borussia, Hummels dividiu muito bem a zaga alemã com os compatriotas Jérôme Boateng e com o experiente Per Mertesacker. Fora apenas do jogo versus a Argélia (suspenso), o zagueiro atuou os outros seis jogos. De sua cabeça saiu o gol que classificou a Alemanha as semifinais em um jogo duro diante da França e que inaugurou o placar contra Portugal. No jogo contra os franceses ganhou o prêmio de Man Off The Match, dado pela FIFA ao melhor em campo.

Depois da Copa permaneceu mais dois anos no time auri-negro, até ser anunciado pelo Bayern. Após 116 jogos e três anos, Mats retornará ao Borussia para a temporada 2019/20. Pela seleção, foi colocado na lista de aposentadorias feita pelo treinador Joachin Löw em março de 2019.

Jérôme Boateng (Zagueiro)

Outro dispensado pelo técnico Joachin Löw em 2019, Boateng foi a Copa de 2014 já com experiencia e rodagem pela Europa. Presente nos setes jogos, atuou como zagueiro e também como lateral direito, suprindo a carência na lateral nas partidas que o capitão Philipp Lahm jogava como meio campista.

Hoje com 30 anos, Boateng aos poucos começa a perder espaços dentro do Bayern. Com 28 jogos disputados durante a temporada 2018/2019, surgem rumores de que o defensor possa sair do clube Bávaro, uma vez que Lucas Hernandes e Pavard foram contratados.

Benedikt Höwedes (Lateral Esquerdo)

Ídolo do Schalke 04, onde jogou desde criança, o zagueiro de origem que atua também de lateral esquerdo foi fundamental no título mundial. Suprindo a carência no flanco esquerdo da seleção, atuou todos os sete jogos da campanha. Sempre muito seguro principalmente na parte defensiva, fez um bom campeonato e saiu com uma média extremamente boa de roubadas de bola.

Capitão do Schalke até 2017, teve uma breve passagem pela Juventus de Turim em 2018. Atualmente se encontra no Lokomotiv Moscou. Pela seleção, nunca mais teve grandes sequencias, ficando de fora da Copa do Mundo de 2018.

Bastian Schweinsteiger (Meio Campo)

Um dos capitães morais da seleção, Schweinsteiger chegou ao Brasil já como um consagrado nome do futebol mundial. Multi-campeão pelo Bayern de Munique — clube onde foi revelado e permaneceu até 2015 — o meio campista participou de seis dos sete jogos que levaram a Alemanha ao tetra. Jogando como primeiro volante, potencializou a saída de bola e geralmente começa as jogadas de ataque.

Em 2017 foi anunciado como grande reforço do Chicago Fire, para a disputa da MLS, após rápida passagem pelo Manchester United. Já pela seleção anunciou sua aposentadoria semanas após o fim da Euro 2016, por meio de sua conta em uma rede social. Em 31 de agosto de 2016 atuou em sua última partida, em amistoso contra a Finlândia, recebendo diversas homenagens antes de a bola rolar.

A coroação de um gigante: O multi campeão Schweinsteiger com a sonhada taça da Copa do Mundo (Foto: A Bola)

Sami Khedira (Meio Campo)

Grande destaque da Copa do Mundo de 2010, onde ajudou a Alemanha a conquistar o terceiro lugar, Khedira foi logo em seguida negociado com o Real Madrid. Titular absoluto desde então, dividiu o meio campo com Bastian Schweinsteiger e com Toni Kross no Brasil. Presente em seis partidas, teve a função de levar a bola da defesa ao ataque, atuando como segundo volante. Na semifinal contra o Brasil foi autor de um dos gols.

Desde 2015 na Juventus de Turim, Sami continuou sua trajetória na Mannschaft após o mundial. Em 2016 foi titular na Eurocopa e em 2018 convocado para a Copa da Rússia. Depois de um desempenho ruim na Rússia, o meio campista anunciou sua aposentadoria da seleção em conjunto com o treinador Joachin Löw.

Toni Kross (Meio Campo)

Sem dúvidas o grande jogador alemão da Copa do Mundo de 2014, Toni Kross ficou marcado não só como o craque do mundial, mas também como o algoz da seleção brasileira. Dois dos sete gols que derrotaram o Brasil na semifinal saíram do pé do meio campista. Presente nos sete jogos da campanha, Kross foi também o líder em assistências da Alemanha (4) e o Man Of The Match da Semifinal.

Conhecido por praticamente nunca errar um passe, foi contratado pelo Real Madrid dias depois da final da Copa. Pela seleção continua até hoje como uma das peças chaves. Aos 29 anos foi um dos poucos que se salvaram no péssimo mundial da Alemanha em 2018.

Mesut Özil (Meio Campo)

Responsável pela criação do time alemão, Ozil foi titular em toda a campanha na Copa do Mundo de 2014. Marcou um gol contra a Argélia nas oitavas de final, e também deu duas assistências durante a trajetória alemã, sendo uma delas diante do Brasil.

Atuando extremamente livre, o esquema de Low favoreceu muito o camisa dez. Hora centralizado, hora aberto pelos flancos direito e esquerdo, Ozil era quem ficava encarregado de servir Miroslav Klose e Thomas Muller. Em julho de 2018 anunciou sua aposentadoria da seleção por questões políticas.

Por clubes, o meio campista sempre viveu de altos e baixos. Desde 2013 no Arsenal, clube onde acumula quase 250 partidas, Mesut sofre com lesões constantes, e muitas vezes é chamado de preguiçoso por parte da torcida dos Gunners.

Thomas Müller (Atacante)

Bola de Prata do Mundial, Thomas Muller foi um dos grandes protagonistas da Alemanha ao lado do arqueiro Neuer, do capitão Philipp Lahm e do meio campista Toni Kross. Atuando tanto como centroavante, quanto de ponta direita, o jogador do Bayern de Munique saiu extremamente valorizado da competição.

Duas vezes o melhor em campo segundo a FIFA, Muller deixou a competição sendo o artilheiro alemão com 5 gols e o segundo com maior garçom, com três assistências.

Após uma Copa do Mundo ruim na Rússia e um princípio de má fase, Muller entrou na lista de aposentadorias da seleção feitas por Joachin Low. Depois do ocorrido, o atacante demonstrou insatisfação em postagem em seu perfil no Twitter, afirmando que ele ainda pode jogar em grande nível.

Muller e seus prêmios: Atacante ficou com a Bola e com a Chuteira de Prata (Foto: ESPN)

Miroslav Klose (Atacante)

Um dos únicos atletas da história a participar de quatro mundiais, Miroslav Klose é além de tudo o maior artilheiro da história das Copas. Autor de dois tentos em 2014, foi justamente contra o Brasil em que Klose ultrapassou Ronaldo e se isolou como o grande artilheiro.

Pivô de ótima presença de área, Klose geralmente puxava a marcação, abrindo espaço para os pontas — geralmente Muller e Ozil — entrarem na diagonal. Mesmo com 36 anos, foi um grande nome da conquista, atuando em cinco partidas. Logo após o mundial anunciou sua aposentadoria da seleção. Já por clubes, pendurou as chuteiras em 2016 pela Lazio.

Klose comemora seu 16º gol em Copas do Mundo (Foto: Sportv)

Extras:

Per Mertesacker (Zagueiro)

Reserva da dupla Boateng/Hummels, Mertesacker era o terceiro zagueiro da seleção. Presente em seis partidas, sendo em quatro delas entre os titulares, o defensor era escalado quando Phillip Lahm jogava de meio campo e consequentemente Boateng atuava pela lateral direita. Com os seus 1,98 de altura, era uma arma nas jogadas aéreas defensivas e ofensivas.

Logo após o término do mundial anunciou sua aposentadoria da seleção. Por clubes defendeu o Arsenal até 2018, em uma passagem com mais de 220 partidas.

André Schürrle (Atacante)

Mesmo sem iniciar nenhum dos sete jogos, André Schürrle foi uma peça importante dentro da conquista. Vindo do banco de reserva em seis oportunidades, o ponta esquerda foi o 12º jogador durante o mundial.

Sempre com muita vontade, a entrada de Schürrle era uma grande carta na manga. O ponteiro esquerdo de bastante velocidade, saía do banco para dar um novo gás a seleção. Mesmo sem muitos minutos, o jogador saiu da Copa sendo o segundo artilheiro da equipe — 3 gols — e o terceiro maior garçom, com duas assistências.

Entretanto a Copa foi um dos únicos lampejos de Schürrle… Sem se firmar no Chelsea, passou por Wolfsburg, Borusia Dortmund e na temporada 2018/19 defendeu por empréstimo o lanterna Fullham na Premier League. Na seleção perdeu o seu espaço e não costuma frequentar as listas de Low.

Mario Götze (Meio Campo)

113 dos 120 minutos já haviam se passado quando Gotze fez o gol mais importante de sua vida e credenciou sua história no futebol alemão. Jovem, promissor e líder de uma nova geração, Mario Gotze atingiu o seu auge naquele 13 de Julho de 2014.

Assim como Schürrle, Gotze costumava entrar durante os jogos. Em toda a trajetória da conquista, atou em seis das sete partidas. Na grande final, entrou no lugar do lendário Klose aos 43 minutos do segundo tempo. Foram necessários só os 30 minutos de prorrogação para ser eleito o melhor em campo e repetir o que já tinha conseguido no empate em 2–2 diante de Gana.

No mesmo ano de 2014, o meio campista foi indicado como um dos 23 jogadores na Bola de Ouro da FIFA. Entretanto, seu desempenho nunca mais foi o mesmo. Com muitas lesões perdeu espaço no Bayern e retornou ao Borusia Dortmund, clube onde foi revelado e campeão ao lado de Lewandowski, Humells e Marco Reus. Atualmente é o reserva de luxo dos auri-negros. Disputou 26 partidas durante a temporada 2018/19.

Mesmo não atingindo o que se esperava de sua carreira, Gotze colocou seu nome na história do futebol.

Gotze, a bola e Romero. o gol do tetra campeonato alemão (Foto: Sportv)

O Treinador

Joachim Löw

Sem muito destaque no cenário alemão, Joachin Low rodou pelo futebol austríaco, turco e com algumas passagens sem sucessos em equipes da Alemanha. Com dois grandes títulos no currículo em clubes (Copa da Alemanha pelo Stuttgart e Campeonato Austríaco pelo Tirol Innsbruck), Low aceitou o convite de ser auxiliar técnico da seleção em 2004.

Em 2006, logo após a Copa do Mundo, com a saída de Klinsmann, acabou assumindo o comando da equipe. Em mais de dez anos de casa e uma Copa do Mundo faturada, o treinador sofre com a maior pressão desde que assumiu, consequência do fracasso na Rússia em 2018 e do rebaixamento para a segunda divisão da Liga das Nações.

Passando por uma grande renovação em seu elenco, Low segue firme no comando da Mannschaft e aos poucos parece arrumar a casa. Em março de 2019 divulgou uma lista de jogadores que vão deixar de serem convocados, abrindo espaço para jovens promessas.

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André Galassi
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São Carlense e amante de um bom e velho esporte bretão.