Duelo DBEP: Eto’o x Drogba
Dois africanos que fizeram história em terras europeias e em suas seleções
Dois negros maravilhosos, já diria o narrador da Globo Luiz Roberto. Dois jogadores que fizeram história tanto nos clubes pelos quais passaram, quanto nas suas seleções. Duas joias africanas que marcaram época na Espanha e Inglaterra.
O futebol dos dois sempre foi muito parecido, com muita raça, determinação e gols, muitos! Mas fora de campo, o comportamento era um pouco diferente. Enquanto Eto’o colecionou brigas e discussões com jornalistas e federações, Drogba aparecia entre as 100 pessoas mais influentes do mundo pela Time em 2010. Além disso, ambos se aposentaram de suas respectivas seleções em 2014 e estão prestes a encerrar a carreira ainda este ano, em 2018.
Ahh! Outra coincidência: os dois já foram “oficializados” como novas contratações de times aqui no Brasil. Eto’o chegou a ser jogador do Comercial, de Ribeirão Preto, e Drogba, novo jogador, com camisa e tudo, do Corinthians! Sonhos e devaneios!
Dois atacantes africanos, ídolos de Camarões e Costa do Marfim: com vocês, no Duelo DBEP, Samuel Eto’o x Didier Drogba!
Samuel Eto’o Fils — nascido em 1981, o camaronês começou sua carreira no Real Madrid B por ser menor idade, mas não pôde jogar pois a terceira divisão espanhola não aceitava jogadores não-europeus. Com isso, até chegar ao Mallorca, seu primeiro clube de maior expressão, passou por diversas equipe entre 1997 e 2000. Já na segunda temporada defendendo a equipe espanhola, Eto’o começou a chamar atenção de times de maior expressão. Ao mesmo tempo em que voava em campo rumo ao estrelato, fora dele colecionava problemas. O primeiro, em 2002, foi uma acusação de assalto feita pelo seu ex-agente. Já em 2003, foi acusado de bater boca com um jornalista. E os episódios extracampo só estavam começando…
Salto para a fama
De Mallorca, Eto’o saltou para Barcelona e fez dupla com um certo Ronaldinho Gaúcho que estava no auge. Conquistou seu lugar no time, brilhou e teve seu nome reconhecido nos quatro cantos do mundo. Após uma transação milionária em 2004, o atacante desembarcou na equipe catalã e fez sua estreia logo na primeira partida da temporada 2004–2005.
Em seu segundo ano vestindo a camisa do Barcelona, se envolveu em outro incidente e dessa vez com a torcida do Real Madrid, seu primeiro time. Após mais uma de suas peripécias, jogador e clube foram multados em 12 mil euros. Mesmo assim, em 2005, o jogador renovou seu contrato com o clube e viu despontar um certo argentino chamado Lionel Messi. Assim, o Barcelona tinha um trio perigoso, que conquistou diversos títulos, incluindo Champions League e Campeonato Espanhol.
Confusões à vista
A temporada 2006–2007 não começou bem para Eto’o. Uma lesão o tirou dos gramados por quatro meses e ele só voltou a jogar em janeiro de 2007, já entrando em confusão, quando se recusou a entrar como substituto contra o Racing Santander. Até Ronaldinho Gaúcho entrou na discussão e especulou que o camaronês não estava pensando no time em primeiro lugar. Eto’o se defendeu dizendo que não havia se aquecido corretamente. E assim o ambiente no Barcelona começou a esquentar. Após esse episódio, Ronaldinho foi negociado com o Milan em julho de 2008, enquanto Eto’o sofreu mais uma lesão no menisco e foi afastado da equipe por tempo indeterminado. Mesmo com alguns casos de displicência, o atacante camaronês entrou no hall dos maiores artilheiros do Barcelona, ao marcar mais de 100 gols com a camisa da equipe catalã.
Transferência italiana
O tempo de Samuel Eto’o no Barcelona estava terminando e assim foi envolvido em 2009 em uma transação milionária com o grande astro sueco Zlatan Ibrahimovic e se transferiu para a Internazionale de Milão. Na equipe italiana, Eto’o continuou brilhando e, ao lado de Diego Milito, fez uma parceria de sucesso resultando em gols importantes e diversos títulos, como a Champions League, a Coppa Italia e o Campeonato Italiano. Mas a luz camaronesa começou a diminuir em 2011, quando trocou a Inter pelo desconhecido Anzhi Makhachkala, do Daguestão, uma república da Rússia. De 2011 para 2018, já passou por seis equipes, mas sem muito brilho, até encerrar seu último acordo em julho de 2018 com o Konyaspor e colocar um ponto final em sua carreira.
Seleção de Camarões
Sua primeira aparição com a camisa de Camarões foi na Copa do Mundo da França em 1998, quando foi o mais jovem jogador do torneio. Também esteve presente nos momentos mais importantes, quando conquistaram a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Sidney 2000, além da CAN (Copa Africana de Nações) em 2000 e 2002. Na edição de 2008 do campeonato, Eto’o se tornou o maior artilheiro da competição, ao marcar seu 17º gol.
Enquanto defendia a camisa camaronesa, Eto’o se envolveu em mais polêmicas. No mesmo ano que se tornou o artilheiro da CAN, o jogador desferiu uma cabeçada em um repórter belga após uma entrevista.
Na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, Camarões chegava forte, ainda mais disputando um Mundial em seu continente. Mas o resultado não foi o esperado e a seleção foi eliminada ainda na fase de grupos, no que foi talvez a maior decepção na carreira do atacante. Enquanto seu futebol não andava bem das pernas, suas confusões despertavam mais atenção. De 2011 a 2012, mais duas para seu currículo: uma por incitar uma greve dos jogadores da seleção e outra por ordenar o técnico de Camarões a escalar determinados jogadores. Mesmo assim, Samuel Eto’o participou de mais uma Copa do Mundo em 2014, aqui no Brasil.
Esse foi o último torneio em que Samuel Eto’o vestiu a camisa de seu país. Em agosto de 2014, anunciou sua aposentadoria da seleção.
Ao fazermos um balanço de sua carreira, Eto’o foi muito bem dentro de campo, mas derrapou diversas vezes fora das quatro linhas. Foi muito importante para a seleção e para os clubes pelos quais passou, deixando suas marcas e conquistas.
Confira abaixo alguns dos gols mais bonitos do camaronês:
Duelando com o camaronês, há um marfinense que não fica para trás… Com vocês, Didier Drogba!
Didier Yves Drogba Tébily — o marfinense nascido em 1978 começou no futebol em seu país natal, porém um tio viu o potencial que ali existia e o levou à França, para tentar a sorte. O experimento não vingou e Drogba resolveu voltar ao seu país de origem. Em 1989, sua família foi obrigada a emigrar para a França em busca de melhores condições de vida e, dessa vez, a oportunidade surgiu. Drogba iniciou sua carreira no Levallois, buscando seu estilo e seu jogo. Não demorou muito para que ele despertasse o interesse do Le Mans, que o contratou por duas temporadas. Em seguida, foi a vez do Guingamp se interessar pelo jogador e o dar a primeira chance ao atleta na primeira divisão francesa. Daí em diante, sua carreira decolou. Fez muito sucesso na equipe, que levou outro clube de maior expressão do futebol francês a fazer uma oferta pelo marfinense em começo de carreira.
O Olympique de Marselha se encantou pela raça que Didier demonstrava em campo, além de muita potência e, em 2003, Drogba se transferia para sua maior equipe, até então. Apesar de ter ficado apenas uma temporada no Olympique, obteve resultados expressivos, inclusive um vice-campeonato da Copa da UEFA.
Mas o melhor ainda estava por vir…
Rumo ao estrelato
Em julho de 2004, Drogba desembarcava na Inglaterra, mais precisamente no Chelsea, time tradicional da Terra da Rainha. José Mourinho, recém chegado aos Blues (apelido do Chelsea), pediu a contratação do jogador e foi prontamente atendido. Começava ali uma relação de muitos gols e títulos entre o africano e o clube inglês.
Logo em sua primeira temporada em 2004, Drogba levou o clube a um título que não conquistava há 50 anos, a Premier League! Além desse feito, chegou à semifinal da Champions League. Que começo, hein?
Sua trajetória no Chelsea passou por momentos turbulentos em 2009, quando se indispôs com o então treinador Luiz Felipe Scolari. Um mês depois do incidente, o brasileiro foi desligado da equipe. Didier Drogba não demorou para se tornar ídolo da torcida. Com seus gols espetaculares, suas jogadas precisas e suas participações decisivas, fizeram com que o jogador chegasse a 100 gols pela equipe, colocando-o na lista de maiores artilheiros do clube.
Drogba era ovacionado por onde passava e toda essa idolatria só aumentou depois que conquistaram, pela primeira vez em 2012, a Champions League. Foi dele o gol de empate aos 88 minutos de jogo contra o Bayern, no Allianz Arena. Com o empate no tempo normal, a decisão foi para a prorrogação e chegou aos temidos pênaltis.
E de quem foi o pênalti vencedor? Dele mesmo! Didier Drogba cobra com perfeição e garante o título para o Chelsea. Com essa conquista, foi eleito, pelos torcedores do clube londrino, o melhor jogador do Chelsea na história! Um título e tanto!
Porém sua história com o Chelsea terminou após oito temporadas fantásticas e dias depois do título da Champions em 2012; o jogador se transferiu para o Shanghai Shenhua, da China, abrindo assim um mercado ainda desconhecido para jogadores de futebol. As altas cifras e possibilidade de mais títulos fizeram com que o marfinense trocasse as terras inglesas pelas chinesas. Sua aventura do outro lado do mundo não durou um ano e, depois da China, chegou à Turquia. Sua transferência não foi bem aceita pelos chineses, que o acusaram de romper o contrato. Drogba, no entanto, avisou à Fifa que estava saindo do clube pois não recebia salários há alguns meses. A entidade máxima do futebol ficou do lado do jogador e concedeu uma licença para o atacante jogar pelo Galatasaray.
De volta à Terra da Rainha
Sua estadia pelo clube turco não durou muito e em 2014 retornou ao clube que o consagrou. Em sua volta, Didier já chegou trazendo mais um título para o Chelsea. Já em final de carreira, o marfinense se machucou em uma partida e, como forma de agradecimento e despedida, os companheiros de time o carregaram para fora do campo, terminando ali sua trajetória no Blues.
Rumo à MLS
Drogba quis desbravar outros campeonatos e em 2015 chegou à MLS, mais precisamente no Montreal Impact, onde mostrou toda sua categoria, sua raça e desfilou seus gols. Após jogar no Canadá, desembarcou em Phoenix para disputar uma divisão abaixo da MLS, a USL (Liga de futebol profissional dos EUA). Em seu novo clube, além de jogador, se tornou sócio-proprietário da equipe Phoenix Rising. Com isso, Didier Drogba tornou-se o primeiro jogador-proprietário da história do futebol.
Tudo que é bom dura o tempo exato e em 2017, o grande jogador da Costa do Marfim comunicou que em 2018 se aposentará dos gramados.
Costa do Marfim
A relação de Drogba com a seleção teve um começo em 2002, mas a maior façanha foi classificar a Costa do Marfim para sua primeira Copa do Mundo. Em 2006, Drogba e os leões marfinenses disputavam seu primeiro torneio mundial na Alemanha e caíram nas graças de torcedores de várias partes do mundo. Depois da estreia em 2006, conseguiu classificar a equipe nas duas Copas seguintes: em 2010 na África do Sul, onde teve um gosto especial já que jogavam em seu continente, e em 2014, aqui no Brasil.
Após a eliminação na Copa do Mundo no Brasil, Drogba por meio de seu Twitter, anunciava que estava se despedindo da seleção. Foram 12 anos vestindo a camisa da Costa do Marfim, recheado de muita emoção, feitos incríveis e artilharia. Didier Drogba é o maior artilheiro da história do seu país, com 65 gols marcados pela seleção.
Certamente Drogba fará muita falta para todos. Seu estilo, sua garra, sua determinação sempre fizeram dele um grande jogador. Suas oito temporadas no Chelsea ficarão marcadas para sempre na história do clube e suas atuações pela Costa do Marfim, também. Afinal, levar um time desacreditado a três edições seguidas de Copas do Mundo, não é tarefa fácil! E Didier Drogba fez, com muita raça e determinação!
Confira abaixo a história desse leão marfinense:
Esperamos que novos Eto’o’s e Drogba’s apareçam! O futebol africano merece sempre ser destaque por jogadores de alto nível, que façam história dentro de campo, com muitas façanhas, feitos inéditos e garra! O povo africano quer, e precisa, ter exemplos assim! Muita força, determinação e glórias!
Abaixo, os números extraordinários dos dois jogadores.
