Papo sem Chuteiras — Bruno Martins

André Galassi
Blog De Bate e Pronto
8 min readOct 15, 2018

Confira nosso papo com o ex-atleta

Hoje com 32 anos, o ex — jogador revelado pelo Santos e atualmente empresário de diversos jogadores Brasil a fora, Bruno Martins nos conta um pouco de sua trajetória nos gramados e sobre sua experiência como atleta na Romênia.

DBeP: Em primeiro lugar, muito obrigado por aceitar nosso convite! Dito isso, se apresente para quem não te conhece, fale um pouco de você, sobre seu estilo de jogo e sua inspiração para jogar.

Bruno: Bom dia. Então, falar da gente mesmo é difícil, mas quando eu jogava eu era um segundo volante, meia, bastante técnico, era minha grande característica. organizava o time, jogava tanto como volante tanto como meia, então foi a maneira que eu atuei em toda minha carreira. Eu tive 12 anos no Santos, foi o clube que me formou, eu tive no profissional do Santos em 2005 no Campeonato Brasileiro, cheguei a jogar pelo Santos no profissional e depois de 2007 quando eu sai que eu tive varias passagens por outros clubes. Então me definir é um pouco difícil, mas os jogadores que eu me inspirei foi o meu pai, que foi um grande jogador também atuava na minha posição, o nome dele é Lino jogou no Palmeiras, Santos, Flamengo, Atlético Mineiro, grandes clubes do Brasil. E outros jogadores da minha posição, um deles o Renato que hoje esta aqui no Santos, que na minha época de base era ele que tínhamos de referência.

DBeP: Você foi revelado no Paulista de Jundiaí, que infelizmente se se encontra atualmente à beira da falência. Como você acha que uma equipe tão tradicional chegou a essa situação e como acredita que possa sair dela?

Bruno: Sobre o Paulista de Jundiaí, na verdade eu não fui revelado lá, como disse anteriormente fui revelado pelo Santos, eu tive uma passagem muito boa pelo Paulista de 2009 a 2011 foram dois anos onde o clube não estava mal ainda, disputava o Brasileiro, fui campeão da Copa Paulista com o Fernando Diniz, tive uma excelente passagem, é um clube que tenho muito carinho, muito respeito por tudo que vivi ali, tenho torcedores ainda nas redes sociais, então foi um clube que marcou e é muito triste ver o clube nessa situação, porque é uma equipe tradicional no futebol de São Paulo, que tem uma torcida apaixonada, tinha uma base muito forte, então minha torcida é que eles possam retomar isso. A maneira para sair dessa situação é organizar o futebol, organizar as pessoas que gerem ali o clube, precisa de pessoas capacitadas e que realmente queiram o melhor para o clube e não apenas interesses pessoais, não só o Paulista de Jundiaí, mas varias outras equipes no futebol brasileiro na grande maioria as pessoas que gerem os clubes pensam primeiro nos interesses pessoais e depois no melhor para a equipe, e eu acho que a ordem tem que ser ao contrário, focar primeiro no clube e depois nos interesses pessoais, no lucro, porque ninguém trabalha de graça, mas as ordens ai das situações estão um pouco da forma errada. Então acho que é um ponto muito difícil, a situação que o Paulista chegou hoje não é fácil sair, mas pela camisa que tem, pela torcida que tem, pela cidade que tem também, uma cidade com muitos empresários, se o pessoal lá se conscientizar e querer ver o Paulista novamente grande eu acho que pode acontecer, não é fácil mas pode acontecer.

DBeP: Depois de sair do Paulista em 2012, você atuou no Ituano (SP), no São José (RS) e no Arapongas (PR). Como foi a vida em clubes de menor expressão? Quais foram as maiores dificuldades encontradas por lá?

Bruno: Sobre os clubes depois do Paulista de Jundiaí, o Ituano é um clube muito organizado, um clube que de organização não considero pequeno, apesar de ainda não ter acesso para um serie C do campeonato brasileiro, em breve acho que isso vai acontecer, já bateu na trave algumas vezes, mas é um clube muito bem organizado pelo Juninho Paulista, eu tive uma passagem muito boa lá de dois anos, um organização financeira de bater palmas, nunca deveu ninguem sempre pagou em dia, um ótimo CT, estruturado para a base, relevando jogadores e sempre fazendo boas competições, bons Campeonatos Paulista, é um clube que eu considero num porte já médio do futebol brasileiro pela organização que tem. O São José da mesma forma, mesmo caminho, um clube pequeno do sul, porem é um clube organizado que tem um estádio pequeno mas aconchegante na capital da região, então acho que é um clube que pela condição que tem não dá para considerar pequeno, salários em dia tudo muito correto, então não tenho o que falar. O Arapongas sim é um clube de menor expressão, bem menor, eu tive que optar em ir pro Arapongas em um momento que fiz escolha erradas, após o campeonato Gaúcho pelo São José onde fui um destaque do time, onde joguei todos os jogos e minutos, eu fiz uma opção de recusar todas as propostas no Brasil e aguardar as do exterior e acabei não concretizando nenhuma proposta boa e fiquei parado. Foi um erro pessoal que cometi naquele momento, apesar de ter tido vários clubes interessados no Brasil eu rejeitei esperando algo de fora e não fiz a escolha correta aí fiquei uns meses parados e tive que ir para realmente retornar ao cenário. Ai no Arapongas naquele momento também não tive problemas em relação a salários, organização, apesar de ser uma organização bem menor do que a do Ituano e do próprio São José, mas também foi o clube que naquele momento, pelo gestor que tinha na época, hoje não é o mesmo, não tenho do que reclamar. Após o Arapongas eu tive uma rápida passagem pelo CRB, onde joguei o estadual e a Copa do Brasil, fui vice-campeão alagoano e joguei também o início da serie C daquele ano, que teve o acesso, até receber a proposta da Romênia.

Bruno atuando pelo Ituano (Foto: Globoesporte)

DBeP: Na temporada 2014/15, você chegou ao ASA Targu Mures (Romênia). Como o clube romeno apareceu na sua vida, digo, como eles descobriram Bruno Martins?

Bruno: Sobre minha chegada ao ASA na Romênia não foi nenhum empresário, foi através do Henrique, um jogador que jogou comigo no São José no Campeonato Gaúcho, e ele já estava na Romênia, tinha acabado de ser contratado pelo clube e o gerente de futebol pediu pra ele uma indicação de segundo volante que ele confiava e que achava que podia ajudar lá e o Henrique me indicou, o diretor gostou do meu material, do vídeo, procurou informações e gostou bastante, fez o contato e a gente acabou acertando os detalhes e eu me transferi pra lá. Foi dessa forma que aconteceu a indicação no ASA Targu Mures.

DBeP: Ainda falando sobre sua passagem na Romênia, como foi a sua adaptação no leste europeu? Nos conte um pouco sobre sua experiencia por lá.

Bruno: Minha adaptação na Romênia foi muito tranquila, muito rápida, pelo fato de no clube ter mais brasileiros, já estava o Henrique, que já tínhamos jogados juntos, o Amauri, tinha alguns argentinos e espanhóis. Então isso facilitou minha chegada, pela questão da língua também, pelo espanhol você consegue se comunicar bem, a situação também dos brasileiros. Logo eu aprendi a falar romeno, foi um pedido do treinador para que pudesse ajudar na adaptação e no relacionamento com os companheiros, então aprendi a falar o romeno em cinco, seis meses já estava me virando sozinho com a língua. E claro, é um país muito frio, a parte mais difícil em relação a Romênia foi essa, mas nada de absurdo, a culinária boa, o estilo de vida bom, minha esposa também se adaptou bem. Foi uma adaptação tranquila e tive bons dois anos lá em relação a viver não tenho nada a reclamar, um país que eu tenho um grande carinho por tudo o que eu vivi ali.

Bruno com a camisa do ASA Targu Mures (Foto: Twitter pessoal)

DBeP: Você tem 32 anos e desde a temporada 2015/16 se encontra aposentado. Em caso de uma boa proposta, voltaria aos gramados?

Bruno: Exatamente, me aposentei cedo do futebol, acho que foi uma escolha correta que fiz. Quando retornei da Romênia tinha já meu filho com praticamente um ano e foi uma opção minha e da minha esposa a gente não mais voltar pro leste europeu gostaríamos de permanecer no Brasil, tive várias propostas também, mas na época só serie D. Por ter ficado dois anos fora acabei ficando um pouco longe do mercado brasileiro, então vieram alguns clubes da serie D do Brasileiro na época e optei por não estar mais jogando para poder assumir essa nova função que tenho hoje, foi uma oportunidade que apareceu na época por dois amigos de infância que tenho até hoje de entrar como sócio na empresa deles, a Fusion Group, então vi aquilo, era uma função que eu sempre quis realizar dentro do futebol, de gerir carreiras e ser empresário e essa oportunidade apareceu com 30 anos e eu tive que fazer uma escolha, ou continuar jogando em um nível de brasileiro série C, de salários mais baixos e teria que retomar no próximo estadual o nome aqui no Brasil, para poder voltar a atuar novamente em um Paulistão, que já tem um pouco mais de vitrine e ai tudo seria mais difícil uma vez que já estava com 30 anos. Então tive que fazer uma escolha e graça a Deus hoje sou realizado e sou feliz com minha nova função dentro do futebol e acho que a escolha foi no memento certo. E sobre eu retomar minha carreira, não, já tive até convites para voltar a jogar recentemente mas não tenho essa vontade e na verdade não tenho a menor condições de voltar a jogar porque eu já estou envolvido em outro segmento no futebol, tenho vários jogadores que estou cuidando da carreira, então não teria lógica um retorno aos gramados como jogador. E também não sinto falta, claro as vezes bate uma saudade assistindo um jogo o outro, mas não sinto falta, hoje estou completamente realizado e certo da escolha que eu fiz.

DBeP: Atualmente você tem uma agência de contratos esportivos. Nos fale sobre seu projeto e de quais são suas ambições para o futuro.

Bruno: Sim, hoje eu tenho uma empresa de gerenciamento de carreiras, o nome do grupo é TSG (Taveira Sports Group), então a gente fez uma junção de praticamente três empresas, hoje temos mais de 60 atletas na carteira da empresa. É um trabalho bem profissional, bem ardo, a gente cuida da carreira de cada atleta e procura oferecer pra eles, e esse é meu maior objetivo, oferecer pros atletas que a gente cuida as condições e as oportunidades que não me ofereceram quando atleta. Fazer realmente diferente, nosso primeiro objetivo é sempre pensar no melhor para a carreira dos nossos jogadores e depois vem o melhor para a empresa, a parte financeira e tudo isso que envolve uma gesta de carreira dos atletas. Então acho que isso é uma grande diferencial que temos dentro do grupo, tem vários jogadores de série A do Brasileiro, de serie B, na Europa, na Ásia. Então a gente tem feito um trabalho bem forte, as coisas têm acontecido, minha grande ambição é essa, fazer essa empresa cada vez maior, com jogadores cada vez mais bem empregados, jogando ai serie a e nosso maior objetivo é colocar jogadores na seleção brasileira, ter dentro da empresa jogadores que atuem na seleção, acho que esse é o nosso grande objetivo e nossa grande ambição.

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André Galassi
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São Carlense e amante de um bom e velho esporte bretão.