Raio-X: Kaká

Muniz Junior
Blog De Bate e Pronto
6 min readAug 23, 2018

Melhor Jogador do Mundo em 2007, Kaká foi um dos maiores jogadores na primeira década do novo Século. Meia atacante elegante, com visão de jogo e forte chute, Kaká ganhou direito de entrar na galeria de melhores jogadores brasileiros de todos os tempos.

Da carreira em risco à idolatria no São Paulo

Imagem (agência O Globo)

Contrariamente à grande maioria dos jogadores brasileiros, Ricardo Izecson dos Santos Leite (mais conhecido por Kaká) nasceu numa família de classe média-alta, não tendo passado grandes dificuldades financeiras. O futebol sempre foi uma das suas paixões, e aos 15 anos chegou à base do São Paulo. Contudo, com 18 anos, Kaká sofreu um acidente numa piscina (fratura na espinha dorsal) e temeu-se o pior, mas acabou por recuperar-se rapidamente.

Tão rapidamente que, menos de um ano depois, estreava-se com a camisa do São Paulo. Logo no seu segundo jogo, criou impacto: Diante do grande rival Santos, o jovem entrou no segundo tempo e ainda marcou um gol na vitória são paulina por 4x2. Estava nascendo uma nova estrela…

Imagem (Eduardo Knapp/Folhapress)

Um mês depois, na final do Torneio Rio-São Paulo, marcou os dois gols da vitória da equipe sobre o Botafogo, que valeu o inédito título da equipe. Tornou-se ídolo dos torcedores e começaram a fazer comparações com Raí, um dos maiores jogadores da história do clube.

Campeão do Mundo aos 20 anos

foto:pelomundofutebolclube.com

Foi habitual titular ao longo do Campeonato Brasileiro de 2001, e as suas boas exibições levaram Luiz Felipe Scolari a convocá-lo para amistosos de preparação para a Copa do Mundo de 2002. Kaká respondeu bem: marcou no segundo jogo (contra à Islândia) e acabou convencendo Felipão a levá-lo ao Mundial Asiático, onde não foram, entre outros, Romário, Zé Roberto e Juninho Pernambucano.
Na Copa, Kaká era o mais jovem do elenco brasileiro e só foi utilizado num jogo, contra à Costa Rica, na fase de grupos. Aos 20 anos, Kaká era já campeão do Mundo e uma das maiores esperanças do futebol brasileiro para manter o seu estatuto de campeão mundial.

O Melhor do Brasileirão antes das críticas

De volta ao clube, Kaká brilhou intensamente no Campeonato Brasileiro, competição em que foi considerado o melhor jogador. Contudo, o São Paulo, que dominou toda a fase regular, acabou eliminado nas quartas de final da competição, pelo Santos, em um jogo que Kaká foi duramente criticado pelos torcedores.
Começou aqui uma fase diferente da relação de Kaká com os torcedores: de ídolo, passou a ser um dos alvos de crítica e responsabilizado por maus resultados, com a torcida são paulina a criticar principalmente o seu desaparecimento nos principais jogos.

Príncipe em Milão

Imagem (Sportingnews.com)

Ainda assim, o talento do jovem brasileiro era por demais evidente. Alguns clubes europeus demonstraram interesse e, em 2003, Kaká assinou pelo então campeão europeu Milan. Apesar da forte concorrência, rapidamente se impôs na equipe milanesa, e durante seis anos espalhou classe pelos gramados italianos e europeus. Logo na primeira temporada sagrou-se campeão italiano e na época seguinte viveu a desilusão de perder a final da Champions para o Liverpool, depois dos milaneses estarem ganhando por 3x0. No final dessa temporada, Kaká conquistou a Copa das Confederações, marcando na final, contra a Argentina.


Em 2006, Kaká chegava ao Mundial da Alemanha como um dos melhores jogadores do Mundo, fazendo parte de um quarteto que muito prometia nessa competição, com Ronaldinho Gaúcho, Adriano Imperador e Ronaldo fenômeno. Kaká começou em grande estilo, com um golaço sobre a Croácia. O certo é que o Mundial da Alemanha foi uma desilusão, não só para ele, mas para toda a nossa Seleção.

Imagem(Antônio Gaudério/Folhapress)

O Mundo a seus pés

Foi na temporada seguinte a Copa que Kaká viveu o melhor momento da carreira. Depois da polêmica do Calciocaos, cedo o Milan ficou fora da luta pelo título e concentrou-se na Champions, que ganhou. E se a ganhou, muito deve a Kaká. Marcou um hat-trick diante do Anderlecht na fase de grupos, marcou, na prorrogação, o gol que eliminou o Celtic nas oitavas de final e fez uma das exibições individuais mais espetaculares na competição nas semi-finais, diante do Manchester United. Marcou três dos cinco gols que o Milan marcou nessa fase, incluindo dois em Old Trafford e para a memória ficou um dos mais famosos gols de sua carreira: com um sutil toque de cabeça, deixou para trás dois marcadores, em um gol demonstrativo de toda a sua inteligência. Na final, Kaká não foi tão brilhante, mas levantou o caneco.

foto:clicrbs.com

No final do ano de 2007, Kaká foi considerado não só o melhor jogador da Liga dos Campeões, como o Melhor Jogador do Mundo.

A aventura em Madrid

Seguiram-se mais duas temporadas no Milan, com bons números individuais mas de fraco pecúlio coletivo. Começaram a surgir rumores sobre uma possível transferência para o Real Madrid, que acabou por ser confirmada em 2009, após conquistar mais uma vez a Copa das Confederações, agora na África do Sul, num torneio onde foi considerado o Melhor Jogador. Florentino Pérez não mediu esforços e contratou, na mesma época, jogadores como Benzema, Xabi Alonso, Cristiano Ronaldo e Kaká.

foto:americatv.com.pe

Mas a aventura do brasileiro em Madrid não foi a mais feliz. Nas quatro temporadas vividas na capital espanhola, nunca conseguiu ser o jogador que era no Milan, muito devido aos constantes problemas físicos que teve, principalmente uma pubalgia que não mais o largou até ao final da carreira. Teve, ainda assim, bons momentos e conquistou títulos, o principal foi a Liga Espanhola, em 2012, quando os merengues interromperam uma série de três títulos consecutivos do Barcelona de Guardiola.

Os últimos anos
Também pela Seleção brasileira a sua influência começou a ser, progressivamente, menor. Em 2010, visto como a principal figura do Brasil, não esteve ao seu melhor nível, acabando mesmo por ser expulso na fase de grupos. A partir daí, só realizou mais 10 jogos pela seleção canarinha, em seis anos.
Regressou depois ao Milan, onde esteve apenas uma temporada, e voltou também ao São Paulo, por empréstimo do Orlando City, equipe da MLS que entretanto o contratara. Esteve três temporadas nos Estados Unidos, até encerrar a carreira, com 35 anos.

Imagem (Stephen M. Dowell / Orlando Sentinel)

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Muniz Junior
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Pai da Melina, Co-fundador e Apresentador no GreNal Total. Analista de desempenho pelo @futebolinterativo.