Raio-X: Laurent Blanc

Jefferson Santos
Blog De Bate e Pronto
5 min readSep 24, 2018

O início de tudo:

Em Alès, pequena cidade francesa, nascia em 1965 um garoto que sairia do ostracismo para ganhar o mundo. Curiosamente, Blanc começou jogando como meia direita, fato pouco conhecido pela maioria das pessoas. Ele iniciou a carreira no Montpellier, clube situado no sul da França e que deu sua primeira oportunidade. Aos 18 anos ele tem sua primeira chance no profissional e desde então começou a ser regularmente acionado para o time titular, de onde não saiu mais. Após boas temporadas na equipe, teve destaque em 1986/87, quando anotou 18 gols na segunda divisão sendo peça fundamental no acesso dos “paillade”. No ano seguinte obteve mais um período de êxito, desta vez na elite do campeonato francês, na campanha surpreendente do clube, que inclusive se classificou para copa UEFA. Mesmo sendo um jogador lento, Blanc se aproveitava de sua estatura física (1,92m e 82 kg) nos cruzamentos e bolas paradas. Além disso tinha muita técnica, jogava de “terno”, sempre com muita classe e um ótimo posicionamento, junções de características que o tornavam um jogador interessante. Mesmo sendo meia, o francês contribuía muito para parte defensiva, e em 1990 seu técnico sugeriu jogar mais recuado, como zagueiro/líbero o que seria a mudança chave para a sua carreira e mudaria totalmente a forma de jogar.

O inicio.(foto:gettyimages.com)

A aventura napolitana:

Após tanto destaque, com certeza viria o reconhecimento. Primeiro no seu país, onde começou a ser convocado pela seleção principal, e depois invariavelmente chamando a atenção dos maiores clubes do velho continente — Bayern de Munique, Paris Saint-Germain (que na época não era a potência que é atualmente), Olympique de Marseille e Sampdoria apresentaram propostas para levar o prodígio embora, mas surpreendentemente ele fechou com o Napoli, para ser treinado por Claudio Ranieri e jogar com Careca, Gianfranco Zola entre outros. Na sua primeira temporada, foi expressivo e ajudou o clube a chegar a quarta posição ao final do campeonato em 1991/92.

Aventura Napolitana(foto:gettyimages.com)

De volta para casa:

A carreira de jogador é de altos e baixos, e com Blanc não foi diferente. Depois de problemas com a diretoria, ele terminou sua passagem por Nápoles, mesmo adorado pela torcida. Ele decide então optar pela volta ao futebol francês, onde jogou por Nîmes — acabou rebaixado em 1993, e uma campanha pífia pelo Saint-Étienne, onde também não teve sucesso coletivo esperado. Na seleção as coisas também iam de mau a pior, e o vexame que fez com que os franceses não fossem para copa nos EUA. Assim, ele abriu mão de defender as cores do seu país precocemente.

A maré muda em 1996, quando se transferiu ao Auxerre onde conquistou a copa da França e campeonato francês, onde voltou a demonstrar todo o seu potencial. Inevitavelmente ele seria convencido a voltar a seleção, pedido que foi prontamente aceito e marcou um novo ciclo para ele, melhor jogador da Eurocopa de 1996, onde o colocou no Hall de grandes zagueiros da época.

Depois de dar a volta por cima, ele foi a Espanha para jogar no Barcelona. Foi multicampeão, no período no clube, mas sofreu com algumas lesões que o prejudicaram a médio prazo — além de uma adaptação que não foi das melhores. Com a preocupação em mente de assegurar a sua vaga para copa de 1998, ele acerta com o Olympique de Marseille.

La Marseillaise, copa e o ápice do “Président”:

“O mundo ao seus pés”(foto:news.bbc.co.uk)

Com 31 anos, Blanc chega ao sul francês para jogar no gigante Olympique de Marseille. Em uma equipe que precisava de um rumo, ele trouxe experiência e liderança, foi vice campeão nacional e da copa UEFA. Nesse meio tempo, também foi peça chave do elenco francês campeão do mundo em 98, sem dúvidas o ápice de um jogador que era sinônimo de títulos, com o DNA da vitória enraizado em si. Apesar da sua valia, ele saiu do OM em 1999 e voltou para terras italianas, mas especificamente para capital Milão, para defender a Inter de Milão onde teve certo destaque nas duas temporadas que jogou lá, sendo sempre titular e marcou seis gols na passagem pelos “nerazzurro”, mesmo não conquistando torneios de grande expressão. Já pelos bleus, faturou a Eurocopa de 2000 sobre os italianos, se aposentar por cima — foram 97 jogos e 16 gols pela França.

Uma aventura em Manchester:

Antes da aposentadoria, surgiu um chamado de Alex Ferguson, o veterano jogador ainda jogou mais duas temporadas nos Red devils e ainda ganhou uma premier league antes de fechar sua carreira com chave de ouro aos 38 anos, em 2002.

Blanc foi campeão da Premier League em Manchester.(foto:sporting-heroes.net)

Classe fora de campo:

Em 2006 Blanc inicia sua carreira como técnico. Começou substituindo o brasileiro no comando do Bordeaux onde teve muito sucesso, vencendo a Ligue 1, copa da liga francesa e duas Supercopas francesa. Após a vergonha da França na copa de 2010, ele assumiu a seleção com o objetivo de renovação, mas um serviço apenas “regular” não o empolgou a dar continuidade no projeto e resolveu deixar o cargo em 2012. Depois de uma temporada inteira afastado do futebol, ele aceita o projeto do Paris Saint-Germain, para tentar se estabelecer como maior clube do cenário nacional, faturou diversos títulos onde permaneceu até 2016.

Classe dentro e fora de campo.(foto:thesun.co.uk)

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Jefferson Santos
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Paulistano, estudante de Direito/Editor no Blog De Bate e Pronto.🤵🏽✍🏽🦗⚖️