A última dança da mulher de vermelho
Ela estava dormindo.
Na roupa do baile,
uma rosa vermelha.
Coloca na cabeça,
dá uma pirueta.
Espoleta e sorrindo,
dança com as flores de seu caixão.
Ela sobe bailando e, do alto, xingando:
“Por que está todo mundo chorando?”
Uma canção inicia.
Onde estão suas amigas?
“Que triste, desliga!”
Protesta; quer uma batida.
Coloca um rock, dá a partida.
Ela quem soube aproveitar a vida.
Os filhos ela deixa, mas não sem uma deixa:
“Traz logo uma cerveja
Que eu vou por meu batom cereja.
Feliz é quem festeja.
Deixem a música rolar!
Toca o samba daí,
Que eu danço de cá”
Poema enviado por Juliana Dutra, 32 anos, escritora, jornalista, atriz e atualmente estudante de psicanálise.
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