Selo
Por Dayse Cardoso em 2017
Como uma carta, o homem com barba, cabelo nos ombros, sorriso
nos lábios e um olhar brilhante foi cruzar avenidas e um
oceano com um selo nos lábios. Não houve a dança na sala com
saia rodada imaginada, mas seu peitoral nu numa noite quente
junto ao portão antes do inverno sem neve do outro lado do
planeta. Histórias engraçadas e rápidas para fortalecer a
jornada de quem fica e de quem vai.
Eles se conhecem há tanto tempo e não se conhecem. Talvez ela tenha captado sinais e formado uma imagem um pouco mais elaborada que ele. Do que se lembram das reuniões amigáveis são da música, do yoga e da dança.
Como se enxergam como homem e mulher é um mistério. Nunca haviam
pensado antes assim e agora esse pensamento é como um suspiro latente no chamado do vento com uma promessa não dita ao telefone de que tudo
seja leve ou talvez nem seja. Mas nem ser é impossível. O algo ainda que indefinido tem existência real. Até mesmo o beijo não ocorrido comprova uma possibilidade.
Melhor não pensar. Melhor deixar tudo acontecer no seu tempo e,
se for pra esperar, que encontros entre vidas promovam
compartilhamento de poesia.
