Tempo Emprestado

Marcelo Pereira
dellirium criativo
Published in
1 min readOct 30, 2014

Alguns encaram como uma maldição, outros como salvação. Eu? Como uma brincadeira de mau gosto dos deuses.

Quem nunca sonhou em ter mais tempo? Parar em uma época da sua vida, ou pelo menos em uma idade, e aproveitar o máximo disso? Quem nunca desejou viver além do que devia, ou ter a vida de outra pessoa? Acho que foi essa a intenção ao criarem este maldito relógio.

Parece apenas um relógio de bolso. Antigo, antiquado, mas conservado como se o tempo não passasse para ele. Os termos são fáceis de entender: você clica no botão de cima e ganha a expectativa de vida do último dono. Simples, não? Porém, quando este tempo acaba, o seu tempo de vida natural é absorvido pelo relógio. E você morre.

No momento que você o usa, aprende todas as suas peripécias. As regras, o funcionamento, quantas pessoas já o possuíram… menos quanto tempo você tem. É aí que entra a sua escolha. Viver cada dia como se fosse o último, podendo ser que realmente seja, ou ter uma longa vida enclausurada em medo e agonia. E claro, sabendo que esse tempo, seja o quanto for, veio as custas da vida de outro. Quanto mais você vive, mais esta pessoa poderia ter vivido, e mais tem certeza de que está vivendo com tempo emprestado.

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