A roupa que você usa pode ter sido feita por crianças sírias escravas

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2 min readOct 24, 2016

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Foto: Anadolu

Investigação realizada pela BBC e pela Reuters revela que há crianças sírias refugiadas trabalhando para marcas como Marks & Spencer, Zara, Mango e ASOS.

Você sabia que a roupa que você usa pode ter sido feita por crianças refugiadas da Síria, que vivem em condição de escravidão em pleno século XXI?

É o que aponta uma investigação feita pela rede britânica BBC e pelo portal de notícias Reuters, revelando que grandes multinacionais da indústria têxtil recorrem a trabalho infantil. O trabalho jornalístico, feito na Turquia, mostra crianças e adolescentes sírias refugiadas trabalhando em fábricas em turnos de 12 horas, com salários muito abaixo da média.

Marcas como Marks & Spencer, Zara, Mango e ASOS foram flagradas pelos jornalistas. Quando questionados sobre a condição de trabalho das crianças sírias na Turquia, as marcas afirmam desconhecer a situação.

Foto: Reuters

As crianças recebem cerca de 1 libra por hora (equivalente a R$3,80 por hora) — algo considerado muito abaixo do salário mínimo turco. Muitas vezes essas crianças foram empregadas através de um intermediário, que recebia um valor em dinheiro.

Um dos refugiados disse que os trabalhadores eram mal tratados: “Se alguma coisa acontecer com um sírio, eles vão jogá-lo fora como um pedaço de pano”, disse.

Segundo a M & S, “a reportagem é extramemente grave e inaceitável”, sendo que a empresa “trabalha estreitamente com este fornecedor, e tomará medidas para corrigir os erros”. Várias crianças sírias foram encontradas trabalhando na fábrica, localizada em Istambul.

A ASOS confirma que as roupas foram feitas na fábrica reportada pelos jornalistas, mas diz que o fornecedor não foi aprovado.

Para a ASOS, segundo a reportagem, são 11 adultos sírios e três crianças menores de 16 anos trabalhando na fábrica.

A gigante da moda disse que as crianças receberão apoio financeiro para que possam voltar a estudar, e que os adultos receberão um salário até que encontrem um trabalho legal.

Já na Mango e Zara, as crianças trabalhavam com a pulverização de produtos químicos perigosos para branquear o denim, mas a maioria delas não têm sequer uma máscara básica para cobrir o rosto.

O trabalho escravo na indústria da moda não é novidade. Grandes marcas como a Zara possuem um histórico polêmico sobre essa questão, não apenas em países fragilizados pela guerra como também pela condição socio-econômica, como a China e países do continente africano.

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