“Alckmin usa a PM como Gestapo”, denuncia membro da Gaviões da Fiel

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3 min readApr 1, 2016
Foto: Reinaldo Meneguim/Democratize

Sede da torcida organizada Gaviões da Fiel foi invadida hoje por policiais militares em São Paulo. Para membro da torcida, trata-se de perseguição e uso da máquina de segurança com fins políticos.

Nesta sexta-feira (01), a sede da Gaviões da Fiel, torcida uniformizada do Corinthians, foi invadida pelas Polícias Militar e Civil em São Paulo. A polícia afirma ter cumprido um mandado de busca e apreensão no local, a procura de possíveis materiais utilizados por agressores no espancamento do presidente da Gaviões, Rodrigo Fonseca, e do secretário da torcida, Cristiano Morais.

Após duas horas de buscas no local, os agentes saíram sem encontrar nada.

“Olha só, é uma perseguição política, você sabe né?”, questiona um membro importante da organizada, que por conta do risco da atual situação preferiu não se identificar, em entrevista a agência Democratize.

“Ontem mesmo, a gente foi na assembleia (Alesp) bater na porta dos deputados cobrando sobre o roubo da merenda da criançada, e depois ainda tinha gente nossa no protesto contra o impeachment. Olha ai. Vai dizer que vocês não acham que tem algo estranho nisso tudo?”, diz o torcedor da uniformizada.

De fato, neste ano a torcida Gaviões, assim como diversas outras do Corinthians, tem se unificado em protestos contra o deputado federal Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa do estado. Capez é conhecido por ter sido o “caçador” das organizadas nos anos 90, como promotor de justiça. Hoje, é um dos principais suspeitos da chamada Máfia da Merenda, com investigações sobre propina e desvios de verba da merenda escolar na rede estadual de ensino.

Foto: Reinaldo Meneguim/Democratize

Além de Capez, a mobilização das torcidas tem tido como alvo a Rede Globo, pelo seu monopólio na exibição dos jogos de futebol, a Federação Paulista de Futebol, a CBF e o governo de Geraldo Alckmin.

O posicionamento político da Gaviões neste ano, inclusive, pode ter gerado as agressões contra o presidente da organizada, no começo do mês passado. Rodrigo Fonseca havia acabado de sair de uma reunião com o promotor Paulo Castilho no Fórum Criminal da Barra Funda, quando foi agredido em frente a um supermercado.

“Isso tudo é muito óbvio, só não vê quem não quer”, afirma o membro da organizada em conversa com o Democratize. “O Alckmin usa a PM como uma espécie de Gestapo contra a gente faz muito tempo. Não só a gente, como várias organizadas por ai. Quer pagar de bom moço, rapaz fino que preza pela ordem. Na real ele quer mesmo é ajudar os amiguinhos dele a faturar mais grana, dai sobra pra polícia defender os interesses dele”, denuncia. Para o torcedor, não são apenas as organizadas as vítimas da seletividade policial e uso político das forças de segurança em São Paulo: “Fala sério, olha ai na perifa pra você ver. Quem mora no Capão sente o drama disso todo dia. Na rua ai os movimentos de protesto, dos sem teto e dos estudantes, apanhando. Mas quando é madame e senhor fino que protesta na Paulista, o que o cara faz? Aquilo não é quebra de ordem também, fechar a avenida mais importante da cidade?”.

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