Baco Exu: a Cultura se transforma em refúgio no Brasil contra o autoritarismo

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2 min readDec 4, 2018
Foto: Francisco Toledo / eDemocratize

Álbum novo, curta-metragem recém-lançado e uma lábia repleta de críticas sociais e políticas sobre o novo governo que está por vir no Brasil. Nos últimos dias o país conheceu Bluesman, o mais recente disco do Baco Exu do Blues, que conversou conosco na última sexta-feira.

Por Francisco Toledo e Amanda Panciera

Um pouco de Kanye West, B.B. King e diversos temas polêmicos sob uma esfera musical repleta de inspirações e mistura de ritmos. O segundo disco do Baco Exu do Blues, de título Bluesman, finalmente chegou e já tem se mostrado uma verdadeira trilha-sonora dos tempos em que vivemos hoje.

Conversamos com o cantor baiano de apenas 22 anos sobre o lançamento do seu segundo disco, o curta-metragem que repete o mesmo nome do álbum e outros temas como política e espaços na cena musical atual.

“Eu acho que vai ser muito problemático pra todo mundo e não apenas para quem faz parte da Cultura”, disse quando questionado sobre o futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL), eleito em outubro para a presidência. “O Bluesman traz muito essa preocupação de fortalecer as minorias para que elas estejam prontas para lutar. Existe a colocação de ser um movimento, não ser apenas um disco”, refletiu.

Sobre a diferença entre seu álbum de estreia e o Bluesman, o Baco diz que Esú (seu primeiro disco) absorveu características muito próprias do autor, que acabaram inspirando e se refletindo na personalidade das pessoas que acompanharam o seu trabalho, principalmente no que se refere ao tema depressão e ansiedade: “Mostrar a minha fragilidade (nas músicas) tocou muita gente que precisava ser abraçada naquele momento. Saber que existia alguém com as mesmas dificuldades que elas. Uma coisa que conforta quando você tem depressão é entender que existem outras pessoas que passam pela mesma coisa, não é apenas você”, disse. Já o novo álbum “continua sendo muito pessoal, porém é um grito de voz, e ele toca mais porque se trata de um grito de várias pessoas, não é apenas eu falando”.

E se o Baco Exu é o Kanye West brasileiro (em referência à faixa de seu novo disco), quem ele consideraria o 2Pac do Brasil?

“Eu falaria Mano Brown mas considero ele muito melhor que o 2Pac”, elogiando um dos líderes do Racionais. “A forma de se comportar, a postura de ser o cara foda que consegue sair bem na mídia, me lembra muito o MV Bill”.

Assista a entrevista completa, com reportagem de Francisco Toledo e Amanda Panciera:

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