Estudantes ocupam a primeira escola no Rio de Janeiro

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3 min readMar 21, 2016
Greve dos professores no Rio de Janeiro em 2013 | Foto: Vladimir Platonow/Fotos Públicas

Após os professores da rede estadual decretarem greve no começo deste mês, é a vez dos estudantes secundaristas do Rio repetirem o exemplo de São Paulo e Goiás. A primeira escola estadual foi ocupada nesta segunda-feira (21), a CE Prefeito Mendes de Moraes, sinalizando ser apenas o começo de uma grande mobilização estudantil.

Com uma redução de 9,3% do orçamento na Educação, o governo estadual do Rio de Janeiro no comando de Pezão (PMDB) parece ter acendido a fogueira. Essa porcentagem representa mais de R$ 500 milhões que seriam repassados para infraestrutura, pagamentos, equipamentos, entre outros.

Por conta de salários atrasados e da necessidade de reajuste salarial, os professores da rede estadual decretaram greve no começo de março. Além do reajuste, a paralisação tem outros objetivos como: as propostas de mudança no sistema previdenciário dos servidores estaduais, enviada à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) no dia 2 de fevereiro; retorno do calendário anterior de pagamentos; fim do parcelamento de salários; e pagamento integral do décimo terceiro salário (que foi parcelado em cinco vezes).

Os professores do Rio são lembrados pela histórica paralisação no segundo semestre de 2013. Protestos reuniram centenas de milhares de pessoas, resultando em conflitos com a Polícia Militar. Uma forte característica daquela mobilização foi a participação de estudantes que inflaram as manifestações — incluindo adeptos da tática Black Bloc.

E ao que parece, o cenário atual se assemelha ao daquele ano. Prova disso é que os secundaristas resolveram ocupar a primeira escola estadual no Rio nesta segunda-feira (21): o CE Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador.

Segundo os secundaristas, a ocupação é motivada pelo descaso do governo estadual com a infraestrutura do ensino público no estado. Os prédios, em estado de abandono, têm vidros quebrados, locais em situação de risco (desabamento, fiação elétrica irregular, entre outros) e praticamente nenhuma manutenção.

Outras exigências dos alunos estão relacionadas a merenda escolar e aos equipamentos dentro da escola — que segundo denunciam os estudantes, não são renovados. Os secundaristas também declararam apoio aos professores em greve, exigindo que o governo estadual aceite as exigências da classe.

A tática de ocupação das escolas tem forte influência das experiências secundaristas nos estados de São Paulo e Goiás, onde mais de 230 escolas foram ocupadas por estudantes, no total.

Em São Paulo, o estopim para as ocupações foi a reorganização escolar articulada pelo governo do PSDB, projeto que ainda hoje é motivo de debates. Já em Goiás, a motivação foi a proposta de transferir a gestão das escolas para OSs — parceria entre o estado e a iniciativa privada — , além da “militarização” das escolas públicas do estado, que também é governado por tucanos.

Segundo fontes ligadas aos alunos da CE Prefeito Mendes de Moraes, esta não deve ser a única escola a ser ocupada no Rio de Janeiro. Nos próximos dias uma grande mobilização deve acontecer, seguindo o mesmo molde das escolas em São Paulo.

Veja o segundo teaser do nosso documentário, Ocupar e Resistir, em produção:

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