“Eu nunca acreditei na raiva”: a Utopia de Thalles em tempos de distopia

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3 min readDec 12, 2018
Foto: Francisco Toledo / eDemocratize

Com show marcado para esta quarta-feira (12) em São Paulo, o cantor e ator de 24 anos retrata a angústia e ansiedade de uma geração que vive seu momento mais crítico. Afinal, como lidar com a utopia quando vivemos em uma realidade distópica?

Por Francisco Toledo

Por vezes cantor, outras ator, roteirista e até mesmo diretor. São muitas as faces de Thalles Cabral, um jovem de apenas 24 anos que já carrega em sua breve história um verdadeiro mar de experiências.

Seu rosto ficou mais conhecido por atuações na televisão como na novela “Amor à Vida”, pela Rede Globo, além da série “Manual para se Defender de Aliens, Ninjas e Zumbis”, que foi a primeira produção nacional do canal Warner.

Mas o também cantor Thalles, em conversa com o eDemocratize, já deixa claro que o que mais pesa na sua vida pessoal e profissional é justamente a música: “A atuação influencia na música, mas não sei se o contrário também. Não sei onde começa um e termina o outro, não tenho muito esse controle”. Para o gaúcho nascido em Porto Alegre, o processo de criação de qualquer personagem passa sempre por uma playlist, seja em atuações no teatro, cinema ou televisão.

Analisando o processo de criação da obra de Thalles percebe-se que a música não fica sozinha, até mesmo quando se trata da sua própria obra. O clipe da música “Just When We Were High” do seu álbum Utopia, conta com roteiro e direção assinados pelo próprio jovem cantor. ”Não é arrogância nem nada, eu sou centralizador e eu já entendi que é essa a minha personalidade. Eu comecei a dirigir o meu primeiro clipe porque ninguém quis isso. Os diretores que procurei diziam estar ocupados”, relata ao eDemocratize. “Até que porque quando eu escrevo a música eu já imagino certa estética e uma parte visual”.

Mas afinal, onde vive a Utopia de Thalles Cabral em um país que acaba de eleger Jair Bolsonaro para a presidência da República?

Em tempos de distopia, o cantor gaúcho diz nunca acreditar na raiva. “Eu fiquei muito mal, não só com o resultado, mas como tudo foi desenrolando e as discussões que aconteceram. Não é nem uma questão de partido, mas sim de ideias”, disse.

Coincidência ou não, ele acaba de entrar em cartaz no Rio de Janeiro com a peça Dogville, uma adaptação do filme norte-americano dirigido por Lars von Trier. Segundo Thalles a peça “retrata justamente isso, a intolerância e as suas consequências”.

“Durante a divulgação do show do dia 12, a Utopia se mostrou algo muito distante pra mim. Porque hoje não parece mais se tratar sobre utopia, e sim sobre o básico. Por mim, eu adoraria que as pessoas saíssem nas ruas e se sentissem bem, independentes de cor, raça ou nacionalidade. Não sei mais o que é utopia pra mim”.

Mesmo sob essa perspectiva, a defesa de sua geração continua firme e sólida, principalmente quando se trata do seu público. E a expectativa para o show de hoje no Breve, em São Paulo, é melhor do que nunca: “Eu acho muito legal como esse disco acontece ao vivo. É quase como uma catarse. É muito bonito ver a minha geração cantar sobre isso. É o discurso deles também, sabe. A música tem um poder muito forte”.

Porque mesmo em tempos de distopia, a utopia ainda resiste de alguma forma. E pode ser na música que ela acabe buscando conforto e refúgio, pois como disse Thalles no final da entrevista, “no final das contas é isso o que vale”.

Serviço:

Thalles em São Paulo // Utopia Tour
Dia: 12 de dezembro (quarta)
Local: Breve (R. Clélia, 470 — Barra Funda)
Abertura da casa: 19h // Início do show: 21h
Classificação: 16 anos

Lote 1 (inteira) — R$ 40 // Lote 1 (meia-entrada*) — R$ 20
Lote 2 (inteira) — R$ 50 // Lote 2 (meia-entrada*) — R$ 25

Venda de ingressos: http://bit.ly/utopiaemsp

Outras informações: producao@thallescabral.com

(*será necessária a apresentação do comprovante que garanta o desconto de meia-entrada)

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