Irritados com as acusações, MBL começa a atacar a imprensa livre

eDemocratize
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3 min readMay 27, 2016
Foto: Fernando DK/Democratize

Na manhã desta sexta-feira (27), o UOL publicou uma reportagem com gravações que comprovam o financiamento de partidos políticos como PSDB e PMDB para o Movimento Brasil Livre. Revoltados, o grupo parte para as acusações contra a imprensa, acusando o jornalista que escreveu a reportagem. Censura?

Cada vez mais o Movimento Brasil Livre se parece com aquele outro lado da direita, tão negado pelos próprios.

Em um momento “bolsonarístico”, o grupo liberal começou a atacar o jornalista do UOL, Vinícius Segalla, após publicação de uma reportagem denunciando o financiamento de partidos políticos com o MBL — envolvendo siglas como PMDB, PSDB, DEM e até mesmo o Solidariedade, partido político do Paulinho da Força Sindical.

Em artigo escrito por Eric Balbinus, no site O Reacionário (que faz parte do mesmo grupo de amigos do MBL), o jornalista do UOL é alvo de acusações e de ter “exagerado”.

O autor ainda questiona — “Cabe a pergunta: onde está a denúncia?”.

Oras.

Estamos falando de um movimento político que desde o início apostou na bandeira do “apartidário”, muito debatida durante os protestos de junho de 2013.

Aproveitaram isso. Venderam isso. Enganaram a sociedade civil com isso.

Estamos falando de um grupo que vive pedindo dinheiro de seus seguidores para “manter o trabalho funcionando”. Vendem canecas, camisetas, pedem doações em contas bancárias questionáveis.

Mas nunca fizeram questão de abrir o caixa. Questionado em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo (tão criticado pelo grupo), Kim Kataguiri disse que o MBL não tem transparência nas contas para “proteger quem financia o movimento de possíveis ataques do PT”.

Reprodução/Facebook

Claro, agora tudo faz sentido.

A intenção do MBL era proteger esses partidos políticos, como DEM, PSDB e PMDB, que o próprio grupo colocou lá de volta no poder em Brasília.

O MBL, de forma autoritária, ainda tenta minar a credibilidade da reportagem (que é comprovada com áudios) acusando o jornalista Segalla de “ter cobrado proprina” em um caso questionável sobre veracidade. O autor ainda pede a expulsão de Segalla: “Diante da constatação de que o jornalista é criminoso, fica a interrogação sobre os motivos que levaram a Folha de São Paulo e UOL a manter o vínculo empregatício com o sujeito”.

Vejam bem.

Um pouco mais de 1 ano atrás, o colunista da VEJA, Reinaldo Azevedo, passou por situação semelhante.

Um deputado do Partido dos Trabalhadores acusou Azevedo de receber propina. Azevedo disse que aquilo foi uma clara tentativa de censura contra a imprensa, uma intimidação.

E é exatamente isso que o Movimento Brasil Livre começa a praticar contra jornalistas que decidem investigar a fonte de caixa do grupo. Além de desmerecer o trabalho de Segalla, do UOL e da Folha de S. Paulo, o MBL ainda pede a expulsão do jornalista. Falam em difamação, mas quando o cenário é oposto, aplaudem a imprensa livre e criticam o PT por seu “autoritarismo esquerdista”.

A verdade é que quem não deve, não teme.

Se querem provar para o Brasil que são limpos, que tal abrir o caixa e mostrar a transparência que nunca exibiram desde o começo?

Talvez porque a coisa seja ainda mais feia do que parece.

Talvez porque o Democratize denunciou no começo deste ano a participação de ONGs estrangeiras no financiamento ao Movimento Brasil Livre — organizações como Students for Liberty e Atlas Network.

Mas não existe nada melhor do que o tempo para trazer a verdade.

Quem saiba assim, nos próximos anos, o Brasil se torne Livre de Movimentos manipuladores.

Texto por Francisco Toledo, co-fundador e fotojornalista da Agência Democratize

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