Mídia começa a articular criminalização das escolas ocupadas
Oito alunos tentaram ocupar a escola estadual Firmino Proença na madrugada desta terça-feira (24), quando a zeladora percebeu e chamou a polícia, que prendeu os estudantes. Porém de forma irresponsável, o portal G1 noticiou em sua manchete: “Polícia detém estudantes suspeitos de depredar escola ocupada”. Começa a criminalização da mídia contra os secundaristas em São Paulo.
Segundo a Agência Brasil, oito adolescentes — que são alunos da escola — tentaram ocupar a Firmino Proença, na região da Mooca na madrugada desta terça-feira. A zeladora da escola notou que os alunos estavam tentando ocupar o prédio, e logo chamou a polícia. Cerca de oito viaturas foram ao local, encaminhando os estudantes para o 8DP.
Ainda segundo a agência, a polícia teria acusado os estudantes de depredação — sendo que, por informações compartilhadas com o Democratize, os alunos mal conseguiram entrar no prédio da escola. A UMES informou para a imprensa que já enviou um advogado para defender os estudantes.
Apesar disso, veículos como o G1 — portal de notícias online da Globo — preferiram distorcer a notícia, partindo para a criminalização do movimento de ocupações dos estudantes nas escolas estaduais de São Paulo: uma clara tentativa de blindar o governador Geraldo Alckmin, que ontem já havia criticado as ocupações, afirmando que trata-se de um movimento com objetivos partidários.
Em manchete divulgada na manhã desta terça, o G1 acusa os oito alunos de depredar a escola. Ignora completamente o fato de que a escola ainda não estava sendo ocupada pelos alunos — afirmando que o prédio já fazia parte do número de escolas ocupadas.
Ainda no texto, o G1 confirma que a Polícia Militar “não detalhou o que os estudantes teriam feito”, mas mesmo assim preferiu optar por uma manchete sensacionalista com o simples objetivo de jogar a opinião pública contra a mobilização encabeçada pelos estudantes secundaristas.
Veja abaixo o mapa das escolas ocupadas em São Paulo, feito e atualizado pelo Democratize, com informações recebidas até segunda-feira (23):
Nota-se que a Escola Estadual Firmino Proença não estava entre as escolas ocupadas, contrariando as informações divulgadas pelo portal G1.
Na semana passada, o jornal Folha de S. Paulo já havia cometido uma gafe, noticiando que o governo do estado havia se comprometido a suspender permanentemente o projeto de reorganização do ensino com a condição de que os alunos desocupassem todas as escolas em 48 horas. Depois de algumas horas, após uma série de postagens nas redes sociais acusando a reportagem de mentirosa, a Folha admitiu o erro: a suspensão era temporária, de apenas 10 dias. Tratou-se de uma tentativa de desmobilização das ocupações, para que então o governo ganhasse fôlego e tomasse o controle das escolas.
Acompanhe a mobilização dos estudantes secundaristas em São Paulo pelo Democratize:
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