Medalha de ouro em corrupção: Janot pede prisão de Cunha e de ex-ministro de Temer

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3 min readJun 7, 2016
Foto: Alice V/Democratize

Um dia após o jornal norte-americano The New York Times dar a “medalha de ouro em corrupção” para o presidente interino Michel Temer, o Procurador-Geral da República pede a prisão de seu ex-ministro, Romero Jucá, além de figuras importantes de seu partido, como Eduardo Cunha e Renan Calheiros.

O que estava ruim sempre pode piorar.

O presidente interino acordou na segunda-feira (6) com um editorial polêmico de um dos maiores jornais do mundo, o The New York Times, dando uma “medalha de ouro em corrupção” para seu governo em Brasília.

No texto, o jornal questionou o compromisso de Michel Temer em acabar com a corrupção, pedindo medidas concretas para combater as irregularidades.

Uma dessas medidas é o fim da imunidade de parlamentares e de ministros — algo que se depender da base de apoio que colocou o presidente interino no poder, jamais iria acontecer.

“Se ele for sério e quiser acabar com as suspeitas sobre a motivação para remover Dilma Rousseff, seria inteligente defender o fim da imunidade parlamentar para congressistas e ministros em casos de corrupção”, escreve o jornal norte-americano.

Mas as coisas pioraram.

Em menos de 24 horas.

Na manhã desta terça-feira (7), o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão de quadros importantes de seu partido, além do ex-senador José Sarney.

Um desses nomes é justamente seu ex-ministro do Planejamento, um dos maiores articuladores da saída do PMDB do governo Dilma, Romero Jucá.

Foto: Gabriel Soares/Democratize

Outros dois são Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e responsável por acolher e fazer lobby político no Congresso pelo impeachment de presidente afastada, além do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros.

No caso de Renan, Sarney e Jucá, a base para os pedidos de prisão tem relação com as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. As conversas sugerem uma trama para atrapalhar as investigações da operação Lava Jato, que só seria possível com o afastamento de Dilma de seu cargo.

Em relação a Sarney, o pedido é de prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica — por conta de sua idade, 86 anos.

Já sobre Eduardo Cunha, o PGR avalia que a determinação de suspender o deputado de seu mandato na presidência da Câmara não surtiu efeito, com a presença constante dele “atrapalhando” as investigações no Conselho de Ética na Câmara, através de seu lobby político já conhecido anteriormente.

Trata-se de um verdadeiro golpe contra o PMDB, partido do presidente interino Michel Temer, e também contra o seu governo.

Em menos de 1 mês, Temer encontra seu governo provisório envolvido em escândalos que podem derrubar sua gestão interina, com o possível retorno da presidente afastada Dilma Rousseff nos próximos meses, se for depender do Senado Federal — onde senadores já começam a “mudar de lado” por conta da falta de compromisso do presidente interino com mudanças radicais para mudar o quadro de corrupção na política brasileira.

Definitivamente, não é uma boa semana para Michel Temer.

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