Passe Livre muda de tática e promete grande manifestação em fevereiro
Como já era esperado, o ato-reunião convocado pelo MPL não contou com grande adesão, além dos convidados Fernando Haddad e Geraldo Alckmin não atenderem ao convite do movimento para o diálogo, em frente ao prédio da prefeitura. Ao contrário de 2015, o Passe Livre pretende continuar os protestos contra a tarifa, mas com outra tática, convocando uma grande manifestação daqui a aproximadamente um mês, dia 25 de fevereiro.
Cerca de 300 pessoas atenderam ao chamado do Movimento Passe Livre e participaram do sétimo ato contra o aumento das passagens no transporte público em São Paulo, nesta quinta-feira (28). O ato pretendia dialogar com o prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin, conforme convite feito pelo próprio movimento na terça-feira em coletiva de imprensa.
Ambos não compareceram ao chamado, mas não faltou conversa e debate após a manifestação chegar em frente ao prédio da prefeitura, depois de concentrar na região do Largo do Paissandú, também no Centro de São Paulo.
Uma das pessoas que pegou o microfone foi o ex-secretário de Transportes de São Paulo, Lucio Gregori. Como um dos idealizadores do projeto da tarifa zero, Gregori lamentou a falta de visão do prefeito petista, e criticou as recentes declarações do mesmo sobre a “impossibilidade” de uma cidade como São Paulo ter tarifa zero no transporte público.
Com o microfone aberto, representantes de vários movimentos estudantis e sociais que têm dado suporte ao Passe Livre também falaram, além de populares e estudantes secundaristas.
Membros mais antigos do MPL também deram seu recado, incluindo o militante Gustavo, uma das figuras-chave do movimento na jornada de protestos de 2013, que resultou no reajuste da tarifa de volta aos três reais — uma vitória histórica para o Passe Livre.
O Movimento pretende adotar uma nova tática, principalmente por conta do esvaziamento das manifestações — a primeira contou com um público entre 15 e 20 mil pessoas, e a última, com apenas 300 — e também pela repressão policial. Os últimos atos foram marcados por um acompanhamento da Polícia Militar acima do esperado em um estado democrático. Ontem, com apenas 300 pessoas, era possível contar dois policiais para cada manifestante, além do aparato de repressão exibido pela corporação.
Para tentar driblar estas pedras no caminho, o MPL convocou uma grande manifestação para o dia 25 de fevereiro. Segundo integrantes do movimento, a ideia é fazer um trabalho de base com possíveis parceiros, além de divulgação massiva do ato, para assim compor uma grande manifestação que possa dar novo fôlego aos atos. Trata-se de uma nova postura do movimento, que em 2015 acabou recuando e saindo das ruas após não conseguir reduzir a tarifa no começo do ano. Até o dia 25 de fevereiro, o MPL ainda prometeu realizar outras ações, como trancar vias de São Paulo e promover debates sobre transporte público.
Veja os números recolhidos pelo Democratize sobre os sete atos do Movimento Passe Livre neste ano em São Paulo:
Primeiro Ato — 08 de janeiro
Participaram: entre 15 e 20 mil pessoas
Feridos: um policial ferido e cerca de 10 manifestantes feridos
Presos: 15 manifestantes detidos, posteriormente soltos
Manifestação reprimida pela polícia após manifestantes tentarem ocupar vias na 23 de Maio
Segundo Ato — 12 de janeiro
Participaram: 6 mil pessoas
Feridos: mais de 23 feridos encaminhados para hospitais na região, incluindo jornalistas, fotógrafos e trabalhadores que se locomoviam pela região
Presos: não calculado
Manifestação reprimida pela polícia após SSP não permitir que manifestantes saíssem da concentração pelo trajeto determinado pelo próprio movimento
Terceiro Ato — 14 de janeiro
Participaram: 4 mil manifestantes no Largo da Batata e 6 mil no Teatro Municipal, totalizando 10 mil manifestantes
Feridos: não houve relatos
Presos: não calculado
Manifestação seguiu pacífica e sem conflitos
Quarto Ato — 19 de janeiro
Participaram: 1 mil pessoas em direção ao Palácio dos Bandeirantes, 7 mil em direção ao prédio da prefeitura, e cerca de 12 mil nos atos promovidos de forma simultânea pelo MTST, totalizando cerca de 20 mil manifestantes
Feridos: não houve relatos
Presos: não calculado
Manifestação seguiu pacífica e sem conflitos
Quinto Ato —21 de janeiro
Participaram: 7 mil pessoas
Feridos: mais de 10 feridos, incluindo jornalistas e fotógrafos
Presos: não calculado
Manifestação seguiu pacífica até a região do Centro, quando policiais fizeram um cerco não permitindo que o ato seguisse seu trajeto até a ALESP; manifestantes tentaram furar o bloqueio e foram brutalmente reprimidos pela polícia
Sexto Ato — 26 de janeiro
Participaram: 3 mil pessoas
Feridos: não houve relatos
Presos: não calculado
Manifestação, mesmo cercada por um grande contingente de policiais, foi pacífica
Sétimo Ato — 28 de janeiro
Participaram: 300 pessoas
Feridos: não houve relatos
Presos: um manifestante
Manifestação seguiu até a prefeitura de São Paulo, sem conflito