USP tem luta unificada com estudante, funcionário e professor

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3 min readMay 24, 2016
Foto: Alice V/Democratize

Os alunos da Universidade de São Paulo iniciaram greve para reivindicar o fim dos cortes da bolsa permanência, cotas para negros e indígenas, contratação de professores entre outras pautas. A ocupação da Superintendência de Assistência Social (SAS) após a agressão à uma aluna no Crusp e mobilização dos trabalhadores do Sintusp impulsionaram as paralisações.

Há duas semanas começou um movimento de paralisação na USP, iniciado por cursos de vanguarda como Letras, que foi aumentando e atualmente envolve 83% dos cursos mobilizados, somado aos campi do interior. Além dos mais de 15 departamentos em greve e alguns prédios ocupados, incluindo o Hospital Universitário, a luta se fortaleceu com a adesão da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp) e Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp).

Os alunos reivindicam o fim dos cortes na bolsa permanência, implantação da política de cotas, contratação de professores, pois alguns cursos podem fechar pela falta de docentes, melhorias no Hospital Universitário e na segurança das moradoras do Crusp. “Corro o risco de não me formar, porque na habilitação em inglês, tem oito professores, mas sete vão se aposentar no final do ano e não tem previsão para novas admissões. O diretor do departamento não está disposto a negociar e nós não vamos sair enquanto não resolver”, destacou Eduardo Carniel, estudante de Letras.

Foto: Alice V/Democratize

Dois fatores impulsionaram a onda de manifestações: o primeiro foi a ocupação da Superintendência de Assistência Social (SAS), após agressão a uma aluna da pós-graduação e os demais históricos de ataques às mulheres do Crusp (Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo), que reacendeu o debate sobre a segurança das estudantes na moradia. Outro elemento foi a nota de despejo dos funcionários do Sintusp de sua sede.

De acordo com o estudante de farmácia Thamys Porto, a situação do Hospital Universitário é precária desde que o reitor Zago propôs a desvinculação da unidade. “Em 2014 ele não conseguiu, devido à mobilização dos alunos dos cursos de saúde e funcionários do HU, mas desde então ele tem sucateado, com diminuição do quadro de funcionários e congelamento das contrações. Tudo isso fez a qualidade do hospital cair”, explicou.

Na semana passada, enquanto distribuíam stencil pelo muros da Universidade, cerca de seis alunos foram abordados pela guarda universitária, que em seguida acionou a PM. Os jovens foram encaminhados à delegacia, sendo que as quatro mulheres que foram interpeladas foram conduzidas na viatura da Policia Militar. “Durante o percurso para a delegacia, sofremos pressão psicológica dos agentes. Um deles estava alcoolizado, outro dirigiu de forma irresponsável e eles diziam que nós merecíamos ser estupradas”, contou Luana Santos, aluna de Psicologia que foi detida. Os universitários permaneceram na delegacia por aproximadamente quatro horas e assinaram boletim de ocorrência por dano ao patrimônio público.

Os alunos reclamam que a USP é o espaço menos democrático que existe, por não haver diálogo com o reitor Marco Antonio Zago. No site da Universidade foi publicada a nota da Comissão Interdepartamental do Curso de Letras, que condena a forma como foi realizada e se mantém a ocupação do prédio. Também informa que não haverá reposição de aulas perdidas e, para estabelecer diálogo, propõe uma consulta eletrônica.

Foto: Alice V/Democratize

Já a direção da Escola de Comunicação e Artes (ECA) informou por meio de nota, também publicada no site, que tem se posicionado em acordo ao diálogo com professores, alunos e funcionários frente a todas a reivindicações e em defesa das demais pautas, além de apoiar os secundaristas contra o fechamento das escolas. Por esse parecer, não compreende os motivos para a ocupação do prédio.

Reportagem por Carol Nogueira, jornalista pela Agência Democratize

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