#12 pode, não pode, vamos fazer um bolo

Carolina Bataier
Diário do fim do mundo
2 min readJun 26, 2020

tá tudo bem, tá tudo mal, tudo muito mal. tem que usar máscara, tem gente sem máscara. ainda bem que o el país publicou aquela matéria explicando o impulso de furar a quarentena, assim controlo minha raiva. assim, também, entendo porque tenho olhado tanto o blablacar e traçado rotas de fuga. levo um tubo de álcool gel, duas máscaras e preciso aguentar 9 horas sem comer, é o único modo de chegar à casa dos meus pais com alguma segurança. desisto. saudades, mais uma vez. saudades da vida de antes, finalmente bateu. digo, agora bateu forte, antes era aquele: vamos levando. agora, não dá mais, queria pedalar e parar na sorveteria, queria ir de carona até são paulo e, distraída, beber no copo errado, amigo, esse é seu, foi mal, enche pra mim.

os italianos perderam o medo do vírus, mas pode ser cedo demais, contou também o el país. no brasil, tudo é cedo demais. dividiram os riscos por fases com nomes de cores. em paraty, estamos na fase vermelha, com esperança de progredir para a azul, isso de acordo com as autoridades que não são as de saúde.

minha nova diversão é observar os gatos, toda manhã. tomar sol e fazer carinho no pelo macio, o mais próximo possível de me tornar um deles. daqui uns dias, terei passado mais tempo de vida dentro de casa do que fora desde quando vim morar em paraty. ainda não fiz um bolo, talvez de hoje não passe.

é aniversário do gilberto gil e nós ganhamos o melhor vídeo desta quarentena.

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