2. O LANCE DA FÊNIX E DO DRAGÃO

Andei tomando uns remédios na veia e tenho a impressão de que se passaram alguns dias e de repente as pessoas por aqui deram uma envelhecida, também vejo uns rostos desconhecidos.

Enquanto estava um tanto desacordada, num transe psicológico, a teoria da Fênix e do Dragão passava com toda força por minha mente. Pedi papel e caneta para a enfermeira e cá estou. Ah, caso esteja se perguntando onde foi parar o meu bloquinho de anotações… Eu também não sei.

Para quem não sabe, tanto a Fênix quanto o Dragão são animais mitológicos. A diferença é que um renasce das próprias cinzas enquanto o outro, bom… solta bolas de fogo, mas pode ser fofinho se você assistir o filme certo. Vocês conhecem aquele símbolo do Ying Yang? Então, dizem que estes seres representam o encontro do Ying e do Yang. Se bem, que falando assim, imagino-os como duas pessoas se cumprimentando pela primeira vez.

Se você não se lembra, no capitulo escrito a algum tempo eu havia comentado sobre uma certa teoria — uma metáfora, de certa forma — , que envolvia esses dois seres mitológicos, agora vos explico.

Na teoria, pessoas consideradas Fênix são altruístas, criativas e não importa o tipo de merda que aconteça com elas, estão sempre se recompondo, mesmo que demore um pouco. Enquanto que, aquelas consideradas Dragões tendem a ser mais impulsivas, machucam outras pessoas de um jeito que as vezes nem percebem e não conseguem enxergar algo bom em situações difíceis.

A partir dai, comecei a perceber o mundo assim, diferenciando as pessoas com a metáfora da Fênix e do Dragão, até notar erros na mesma, os quais eu não conseguia justifica-los… Como definir pessoas que apresentavam ao mesmo tempo características dos dois seres? Ou que, em fases diferentes da vida, podem ser Judas ou Jesus (poxa Ana, tu foi longe com essa referência bíblica)?.

Foi ai que passei a deixar a teoria de lado e até hoje não sei se existe alguém que é puramente uma Fênix ou um Dragão. Todas as pessoas que conheci são como vira-latas frutos do cruzamento das duas espécies, sei lá, acho que tem um nome para isso, lembro que vi uma vez no Wikipédia, como era mesmo? Não me lembro, mas vou pedir para enfermeira pesquisar para mim e, se não me esquecer, numa próximo conto para vocês.

No fim, a lição que tirei de toda essa teoria é que a teoria em si não me adiantou muita coisa. Os seres humanos continuam sendo seres difíceis de definir. Certo, não é atoa que estou em um manicômio né?

Se você estiver se perguntando com qual eu me identificava mais, era com a Fênix, até ter que lidar com meus impulsos e tudo mais. Sei lá, bipolaridade talvez? Ainda não tive um diagnóstico com relação a isto. Mas Batata, se por acaso você for bipolar, gostaria que me contasse um pouco mais sobre isso e sobre o como você se vê nessa situação toda. E, é claro, caso você precise de alguém para conversar ou não tenha contado sobre seu diagnóstico para ninguém, pode falar comigo, eles não me impedem de receber cartas por aqui, apesar de que faz muito tempo que não as recebo.

O papel tá acabando, mas logo consigo um novo bloquinho e podemos voltar a programação normal. Até mais, caros Batata’s!