3. O PEIXE, A ISCA E O PESCADOR

Ana Pedersoli
Des(atando) NÓS
Published in
3 min readAug 13, 2020
Foto de Visarute Angkatavanich. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/843299098957534970/ .

Um dia conheci um moço que… na verdade ele que me conheceu. Deixa eu explicar esse negócio direito.

Antes de vir parar aqui, eu era daquelas meninas que escreve textos aleatórios sobre o que sente e gosta de compartilhar nas redes sociais, até cheguei a pensar em blog, mas achei meio sei lá na época. Então, esse moço não sei como conseguiu acesso a meus textos, antes que os excluísse porque minha psicóloga os achava negativos demais para se compartilhar. Ele se identificou com o que eu escrevia, então deu uma de stalker e foi atrás da obra por trás daquela alma, não, espera…! Enfim, ele caiu feito um peixinho, mordeu a isca e até um tempo atrás era um dos meus melhores amigos, apesar de nunca termos nos conhecido. Uma vez, ele me enviou um caderno de aniversário, o tecido da capa com imagens de “Alice no País das Maravilhas”, parecia que sabia que por aqui existe um tiquinho de Alice fazendo a dança do Chapeleiro; a ideia de me dar o caderno, foi para que eu escrevesse quando me sentisse só. Eu queria ter trazido aquele caderno para cá, mas não deu tempo, além do mais, acho que não deixam trazer objetos pessoais. E é por isso que escrevo nos bloquinhos, aliás, já consegui um novo, espero não perder de novo.

A coisa de se sentir só, é por diversas vezes me sentir como um peixe fora d’água, mas nem faz muito sentido falar essas coisas, porque eu nunca vi um peixe fora da água que não tenha sido condicionado a isso. Não sei se é certo dizer que sou condicionada a me sentir só. Afinal, aqui mesmo, gente é que não falta.

A partir do momento em que me sinto como uma peixe, essa coisa de estar condicionado a algo martela em minha cabeça. Posso me lembrar de dois exemplos de peixe fora d’água: o primeiro, é quando por algum fenômeno natural (que também pode ser causado pelos humanos), a água do rio onde há peixes (tem peixe no rio né? Não me lembro) se seca, logo, os peixes não vão brincar de tira a casaca e coloca a casaca, então vocês já devem imaginar o final dessa história; o segundo e o que confunde minha mente, é o clássico, a pescaria.

Sei que tem pescadores que pescam para comer, mas também, os que só vão por hobby. Estes últimos, vão a beira do rio com suas varas, preparam a isca, e ficam lá, pegando os peixes e depois os atirando novamente em seu habitat, mas agora não mais como antes, e sim acompanhados da ferida deixada pelo anzol, isso quando voltam vivos. Não sei, será que nesse caso a pescaria seria uma Guerra Mundial para os peixes, na qual perdem quando resgatados para virar refeição e, quando jogados de volta ao rio, com suas marcas de guerra, são vistos como heróis?

E, afinal, será que de fato os peixes e nós estamos condicionados a estar ou se sentir fora da água nem que seja por apenas alguns minutos? Essa coisa toda de peixe tá me deixando confusa, acho que vou tomar um banho, preciso sentir a água cair sobre mim. Se um dia tiver a resposta para essa confusão toda, eu te conto. Mas, se descobrir antes de mim, por favor, escreva um livro, as pessoas precisam saber da resposta desse enigma.

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