1. SOBRE MIM

Ana Pedersoli
Des(atando) NÓS
Published in
4 min readJan 27, 2020

(Obs: isso não é uma autobiografia)

Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/820921838308922876/

Eis que estou aqui, acompanhada de cafeína e de um bom edredom. Não espero que goste de mim, leitor. Mas, talvez eu goste de você.

Meus dias estão contados, considerando que minhas horas são dias e que amanhã acordarei e já não saberei quem sou, vai ver, é o excesso de remédios que me fazem tomar, apesar de que já era assim antes deles.

Minha idade, meus objetivos, não importam! Farei com que saibam o necessário. Eu não sou uma escritora, não vou atrás da escrita, ela vive em mim e se manifesta nos momentos mais inimagináveis. Escrevo para sobreviver, a escrita é para mim o que os desenhos eram para Frida Kahlo. Se não escrevo, não vivo (Ai Descartes, para a sua coleção de frases de impacto).

Charles Chaplin dizia que a vida é uma peça de teatro, ainda não me decidi se a minha está mais para “Romeu e Julieta” ou “A megera domada”, talvez, seja uma junção das peças de Shakespeare.

Leitor, sinto que estamos mais íntimos, o chamarei de Batata.

“Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas” (Machado de Assis)

Cara(o) Batata, não continue a leitura se não gosta de ler coisas negativas, mas continue se quer dar umas boas risadas.

………………………………………………………………………………………

ATENÇÃO: coloque essa música para tocar enquanto continua a leitura

………………………………………………………………………………………

Perdão, fui pegar mais café. Por onde começo? Devo dizer que não sou algo a se temer, mas sou alguém que não da para entender. Devo dizer que não sou diferente de ninguém, passo pelos mesmos problemas que todos vocês Batata’s, não sou um ser intocável, uma deusa grega (ou talvez eu seja…), sou apenas uma humana, a diferença, é que não faço questão de saber disso.

No meu mundo, pessoas se tornam planetas, eu mesma sou a junção de Terra, Sol e Lua… Olha! Um eclipse! Mas, qual?! Um dia tatuarei isso, consequentemente, tatuarei varias pessoas em mim e não estarei sozinha.

Além de planetas, as pessoas também se tornam fênix e dragões, costumava achar que só podiam ser um ou outro, descobri que podem ser os dois, ao mesmo tempo ou separados por estações.

Devo me definir? Não! Primeiro, que não tem como definir todas as Ana’s com as mesmas palavras; segundo, com certeza terá seu próprio conceito a meu respeito daqui a alguns capítulos, se é que já não o tem.

Direi coisas óbvias até demais, fatos que não mudam… Sou viciada em contos de fadas e sou uma rainha, agora tentem lidar com isso.

As pessoas costumavam dizer que sou alguém especial, nunca soube quando levar a sério e quando cair na risada. Em média, tive uns cinquenta livros, mas não li todos, talvez um pouco mais da metade; já vi mais de duzentos filmes, a maioria romances que me faziam chorar no inicio, hoje me fazem dar mais risadas do que assistindo os episódios de “Friends”.

Sou o infinito mais finito que existe, o ser comum da maneira mais incomum possivelmente impossível. Tenho complexo de inferioridade, mas nem ligo. Queria me chamar Helena, só para dizer que meu nome foi inspirado em Machado de Assis, ou ter qualquer outro nome inspirado em alguma obra de Jane Austen, mas já não me imagino sem o ‘Ana’.

Sai do colegial para ser internada em um manicômio, diziam que eu pensava demais. Já morei em pelo menos oito casas diferentes, mas isso não é uma autobiografia. Tenho personalidades que se parecem com heterônimos como os de Fernando Pessoa e uma paixão secreta por Shakespeare, tanto que o sobrenome de minha (antiga) guitarra é Hathaway, não por causa da atriz, apesar dela ser maravilhosa e de eu amar todos os filmes que já assisti dela, mas pela esposa de Shakespeare. O que eu não entendo, como um único ser consegue escrever de ódio e amor ao mesmo tempo? Com certeza deveria ser considerado um louco naquela época! Ou então, a história de que suas escritas não são suas de fato é real, o que faria mais sentido.

Já fiz coisas que não deveria fazer, já vi coisas que queria desver, mas nem tudo aqui é verdade, você decide o que é real, eu só narro os fatos como lembro deles.

Existem varias Ana’s dentro de mim, para facilitar, costumava dividi-las entre incríveis e infernais, até começar a me confundir.

Estou como você agora, Batata, tentando entender onde quero chegar com tudo isso. O que acontece, é que não tenho amigos, não recebo visitas a meses, na verdade, só recebi na primeira semana em que fiquei aqui, então minha companhia é um bloquinho onde converso com o Além.

O ambiente é sombrio, médicos por toda parte, gritos de desespero, pessoas olhando pro nada e vendo o tudo, ele me dava medo no inicio, hoje não me vejo em outro lugar. Ah sim! Faz uns seis meses que estou aqui, na verdade, acho que perdi as contas.

--

--