Temos que falar de Dinheiro

Alessandra Oliveira
Litoral Norte 360
Published in
4 min readApr 28, 2018

Finanças, dinheiro e dívidas.

São assuntos geralmente evitados pelas pessoas. No Brasil a educação financeira não faz parte da cultura. Aprendemos desde cedo na escola que “1+1=2”, porém não nos ensinam como devemos compreender os números, o dinheiro, os investimentos.

E como consequência disso, somos um povo que ainda está engatinhando nas questões financeiras. Este texto será o primeiro de muitos em relação a este assunto. Pretendo fazer uma série, na qual contarei sobre todo o meu relacionamento com o dinheiro.

Desacomodando nas Finanças

Primeiro contato com o dinheiro

Ainda quando criança, comecei a entender a importância do trabalho duro. Minha mãe e meu pai sempre trabalharam muito, e constantemente alertavam a mim e às minhas irmãs sobre a necessidade de economizar. Na minha família não existia a prática de dar mesada aos filhos. Quando queríamos alguma coisa, tínhamos que pedir o dinheiro, explicando muito bem para que íamos usar. Minha mãe sempre brincou com minha irmã mais velha, dizendo com orgulho: “Eu te dou dez reais para você ir ao cinema e comer, e você ainda me volta com o troco.”

Era um exemplo claro de economia a ser seguido. Mas, claro que toda essa “economia”, naquela época, para uma criança, me parecia sem sentido. Então, aos 11 anos comecei meu primeiro negócio. Sim, um negócio só meu, que me dava o MEU dinheiro. Produção e venda de gelinhos naturais. Eu fazia os gelinhos em casa e vendia no portão para as outras crianças da rua. Esse foi o meu primeiro contato direto com o dinheiro.

Meu relacionamento com o dinheiro

Meu pequeno negócio ia muito bem. Nos meses bons, chegava a ganhar por volta de R$400,00 por mês, o que a 15 anos atrás era bastante grana. Mas nunca guardava nada; pagava uma conta da casa, que era uma exigência da minha mãe, e o restante eu gastava. E assim foi por muitos anos.

Trabalhei como babá, como recepcionista, caixa de loja, atendente de telemarketing e por aí vai. E em todo lugar em que já trabalhei, eu começava sem um real no bolso, e quando saía, também não tinha mais nada.

Eu me convencia de que aquela atitude era normal e correta, mas no fundo eu sabia que algo estava errado. Sempre argumentava comigo mesma, usando desculpas para justificar minha “gastança” desenfreada. Vou compartilhar algumas dessas desculpas no tópico abaixo, e vou mostrar também argumentos contrários, explicando porque essas desculpas são pensamentos e práticas equivocadas.

Pensamentos que nos empobrecem

  • “Se eu ganhei o dinheiro, trabalhando e me esforçando, por que não posso gastar tudo!? Claro que posso.” — Não. Não pode. Esse pensamento é muito comum, muitos querem usufruir no agora, no presente, e esquecem do futuro. Temos que nos lembrar que trabalhamos para o agora, e para o amanhã. A vida tem altos e baixos, e não sabemos quando teremos um período de escassez. Por isso, se prevenir e guardar é essencial para uma vida financeira próspera e tranquila.
  • “Eu trabalhei tanto, me esforcei, então é claro que eu mereço comprar tudo o que eu quiser.” Acredito que essa frase é muito arrogante. Será que merecemos mesmo? Será que precisamos ter tudo? Na verdade, o que precisamos é sermos mais humildes e agradecidos. Só precisamos do necessário. (Aliás, só quando passamos por dificuldades financeiras, é que percebemos o que é o realmente necessário.) O restante deve ser investido em coisas duráveis. Lembre-se: Não importa o quanto comprarmos, nunca será o bastante. Nunca ficaremos satisfeitos. Não dá para comprar a felicidade.
  • “O dinheiro não é coisa mais importante da vida... Então posso gastá-lo.” Com certeza o dinheiro não é a coisa mais importante de nossas vidas, mas é uma parcela importante e útil. E mais que isso: A maneira como lidamos com o dinheiro demonstra muito o tipo de pessoas que somos. Se somos equilibrados ou não, se temos domínio próprio, e até mesmo se pensamos realmente em nossa família. Uma reserva financeira pode ser o alívio em uma hora de necessidade. Afinal, o bem mais precioso que temos é a nossa família.
  • “Desta vida ninguém leva nada. Então é melhor gastar.” Desta vida realmente não levamos nada. Mas deixamos muitas coisas para trás. A lembrança das ações e atitudes (e as consequências dessas ações) que tomamos em relação às pessoas e ao mundo que nos cerca. Deixar uma herança para esposa (o), filhos, para alguém que se ama, costumava ser uma atitude honrosa. O que você quer deixar? Bens e tranquilidade? Ou dívidas e caos?

Eu já tomei como verdade todas essas frases citadas acima. E qual o resultado dessas minhas atitudes?! Perdi muitas oportunidades na vida. Como por exemplo viagens, produtos mais baratos se pagos à vista, ajudar alguém que realmente precisava, e, claro, minha independência financeira. Entre tantas outras.

Às vezes fico a pensar. Se desde o primeiro momento eu tivesse guardado metade do que ganhava, provavelmente hoje não teria as dívidas que tenho e já estaria bem próximo da minha independência financeira. Além disso entrei em um processo de endividamento do qual será muito trabalhoso sair.

Nos próximos posts quero compartilhar com vocês o meu processo de endividamento, para que outras pessoas não cometam os mesmos erros que eu cometi. E quero também mostrar como será todo o processo de colocar o trem das finanças de volta nos trilhos.

Se você pratica alguma das atitudes acima, cuidado: você pode estar caminhando rumo a uma catástrofe financeira. Fica o alerta… Abraços!

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Alessandra Oliveira
Litoral Norte 360

Discípula, esposa do Daniel, mãe do Matias, professora de história, escritora, apaixonada pelo mar e amante das estrelas. http://www.desacomodando.life