4 lições sobre relacionamentos de HIMYM

Roberta Abrantes
descascandooabacaxi
6 min readSep 13, 2018
HOW I MET YOUR MOTHER — Season 8 — Pictured (L-R): Josh Radnor as Ted Mosby, Cobie Smulders as Robin Scherbatsky, Neil Patrick Harris as Barney Stinson, Jason Segel as Marshall Eriksen and Alyson Hannigan as Lily Aldrin — © 20th Century Fox Television (/)

Além de “não faça nada depois das duas da manhã”, que é uma lição valiosíssima, podemos tirar alguns aprendizados sobre relacionamentos vendo a busca de Ted pela mãe dos seus filhos em How I Met Your Mother. Separei 4 lições que eu uso sempre nos meus conselhos amorosos e que eu espero que ajudem vocês.

Caso você ainda não tenha visto a série e não goste de spoilers: não leia esse texto.

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Gancho (5x16)

“Eu não posso ficar com você… agora.”

Em HIMYM, todos do grupo, exceto Barney, já estiveram em algum lado do “gancho”.Ted está no gancho de Tiffany mas tem Henrietta no seu, Robin tem um cara do trabalho, Mike, no seu gancho, Lily tem o ex-namorado, Scooter, e Marshall esteve no gancho de uma vizinha quando era criança.

O que é o “gancho” afinal? É quando uma pessoa se aproveita do sentimento de outra para satisfazer suas vontades, inflar o próprio ego ou, o menos egoísta, por medo de partir o coração da outra pessoa. Citando os exemplos da série: Ted está fazendo massagens e bolos de chocolate para Tiffany enquanto ela está enrolada com outro cara (e recebe a mesma coisa de Henrietta), Robin faz com que o cara do trabalho lave suas calcinhas e arrume sua casa, Lily recebe a atenção de Scooter e não quer chateá-lo falando que nunca vai acontecer nada entre eles, e Marshall fazia os deveres de casa da vizinha esperando ela terminar com o namorado. Todos esses casos têm em comum a frase “eu não posso ficar com você… agora”.

Basicamente, o “gancho” aprisiona outra pessoa através da esperança. A pessoa apaixonada espera uma chance de evoluir aquele relacionamento. Entretanto, o dono do “gancho” sempre diz que não pode namorar, ficar ou afins… “agora”.

É como se ao falar “eu não posso ficar com você” uma porta se fechasse, mas quando o responsável pelo gancho acrescenta o “agora” passa a existir uma brecha, uma esperança de que essas pessoas vão ficar juntas em algum momento, mas não vão.

É importante acrescentar que bons relacionamentos são baseados na capacidade de ver o outro como um ser igual e não superior, ou seja, se você sente que faz mais pelo outro do que ele por você, isso tem tudo para se tornar um relacionamento abusivo (se já não for, né?).

Se você tem alguém no seu gancho, tenha respeito pelo sentimento do outro e seja sincero. A outra pessoa vai ficar chateada pelo “término” mas vai se libertar e investir esse carinho em alguém que realmente pode retribuí-lo, o nome disso é responsabilidade afetiva e todo mundo gosta. (Se você perceber que está no gancho de alguém, tenha respeito por você mesmo e saia dessa cilada.)

Óculos de formatura (6x20)

“Óculos de formatura: que nem acontece no colegial. São quatro anos de valentões zoando crianças com aparelhos, mas no dia da formatura, você fica todo emocional porque percebe que nunca mais vai ver aqueles idiotas de novo.”

O melhor jeito de definir e explicar os “óculos de formatura” é usando o exemplo dos ambientes acadêmicos, já que são eles que dão nome à teoria. Você passa anos tendo aulas que não gosta (eu sei que não são todas, calma), lidando com gente chata, procurando ou passando cola, virando a noite para fazer trabalhos ou qualquer situação ruim da faculdade ou da escola. Eis que chega o dia da formatura e você passa a acreditar que aquele tempo foi maravilhoso e que você vai sentir saudades: não vai, você só está se sentindo assim porque não tem que ver essas pessoas de novo.

Um dos exemplos em que a teoria se aplica na série é Marshall e sua demissão do GNB. Ele odeia tudo na empresa: o café, a papelada, as piadas sujas. Entretanto, quando está pronto para pedir as contas, ele passa a realmente gostar do GNB, inclusive do café, da papelada e das piadas sujas. Esse “gostar de um lugar que você odeia só porque está saindo de lá e não vai ver essas pessoas de novo” são os “óculos de formatura”.

O outro exemplo é de Ted e seu péssimo relacionamento com Zoey (vamos falar mais sobre isso na próxima lição) mas, por ficar preso às “partes boas” ou por vestir os “óculos de formatura”, não consegue terminar.

A lição aqui é: entenda o que você está sentindo antes de tomar uma decisão precipitada, às vezes você só está aliviado por saber que nunca mais vai ver esse(s) babaca(s) de novo. E se o Marshall tivesse acreditado nos óculos de formatura e continuado no emprego que ele odiava? E se Ted tivesse ficado com a Zoey para sempre e nunca tivesse conhecido a mãe dos filhos dele? (Não, a Zoey não poderia ser a mãe.) Não teríamos a série para aprender nada e esse texto não existiria.

Relacionamento com apoio VS relacionamento desafiador (6x20)

“Você tem o meu total apoio.”

Sabe aquela ideia romântica de que “os opostos se atraem” e vale a pena lutar por um relacionamento? De que apesar das brigas vocês podem dar certo? Ted e Zoey são um exemplo de que não é bem assim que a coisa funciona.

Eles ficam numa guerra constante, nunca concordam em nada e estão sempre se desafiando, desde filmes que assistem e até a trabalho, já que Zoey quer impedir a demolição de um prédio histórico em que Ted iria construir seu primeiro projeto como arquiteto. Isso seria o suficiente para destruir qualquer relacionamento, mas Ted insiste que essa pode ser a mãe dos seus filhos.

Como o episódio trata justamente dessa comparação, Lily está apoiando Marshall em sua saída da GNB e entrada na nova empresa que protege o meio ambiente, fazendo jantares para os ecologistas do novo trabalho dele, aceitando que ele não vai ter um salário e etc. Ela surta com tanto apoio e quase foge para a Espanha, volta no último minuto e quando está prestes a conversar com ele sobre o quanto ela está afetada por essa ajuda: ele agradece, diz que vai procurar algo remunerado para aliviar essa situação e recebe o verdadeiro apoio de Lily mais uma vez. Deu para entender a diferença?

A maior lição desse episódio é que um relacionamento que funciona é baseado na conversa e no apoio ao sonho do outro. E, citando Ted, que eventualmente termina com Zoey, “a vida já é desafiadora o suficiente”.

Você não pode correr para o passado porque é familiar (6x24)

“O futuro é assustador, mas você não pode correr para o passado só porque é familiar.”

Todo mundo acha que saiu bem de um término, mas qualquer coisa pode fazer esse equilíbrio acabar e, no último episódio da sexta temporada de How I Met Your Mother, Ted Mosby nos mostra de um jeito cômico como isso acontece.

Primeiro, ele está indo muito bem. Fica triste ao encontrar sua ex, a Zoey, que a gente falou na lição anterior, numa situação ruim. Ela pede para voltar mas ele está bem, então ele apenas se esquiva do assunto.

Depois, ele surta porque tem que escolher 50 mil lâmpadas que serão utilizadas no seu primeiro projeto arquitetônico e muda de ideia sobre encontrar a ex. No meio do caminho ele percebe que está exagerando e muda de ideia, de novo, ao pisar num chiclete.

O encontro é impedido por Robin e Barney, que conseguem fazê-lo entender que ele não queria voltar porque amava Zoey ou algo do tipo. Na verdade, ele só queria voltar porque estava com medo de escolher lâmpadas erradas e queria ter algo de familiar na sua vida.

O passado é bom, né? É muito seguro. O futuro não é seguro, mas é livre, ninguém sabe o que vai acontecer, é por isso que Barney diz que “novo é sempre melhor”, porque a liberdade combina com ele.

Antes de voltar para situações que você já viveu, reflita sobre o motivo pelo qual você está fazendo isso. Espero que você tenha um Barney e uma Robin para te impedirem de fazer uma besteira muito grande.

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