(P)L&KM – Destaques Semanais #4

As 7 descobertas da semana que achei mais interessantes relacionadas à Gestão do Conhecimento e Aprendizagem, pessoal e corporativa.

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Photo by Allen Cai on Unsplash

Os destaques semanais são uma coletânea do que gostei durante a semana. Eles são uma forma de compartilhar o que achei de mais interessante dos canais que acompanho, grupos que participo, ou blogs que leio. Os assuntos não necessariamente têm a ver diretamente com gestão do conhecimento e aprendizagem, mas definitivamente procuro relacionar com essa temática.

Essa edição em particular é especial, pois além de ser uma retomada dos meus destaques semanais sobre (Personal) Learning & Knowledge Management, também é véspera do nosso Encontros CRIE com Tiago Forte, que acontecerá nesta quarta-feira, 9 de agosto de 2023, às 17 horas no canal do CRIE/UFRJ no Youtube. O evento é gratuito e para participar basta acessar o vídeo na hora de começar ou se inscrever neste link para se inscrever e receber na agenda.

Como parte dos preparativos para este Webinar, no qual serei um dos moderadores, eu reli o primeiro livro do Tiago, Building a Second Brain, que inclusive acabou ter lançada a versão em português. E esta leitura me inspirou a fazer uma grande revisão dos itens que estavam no meu aplicativo de leitura posterior (ou Read-later apps, como é conhecido em inglês), o que resultou nessa curadoria que compartilho com vocês hoje e espero que seja útil.

Antes de começar a apresentá-las é importante compartilhar com vocês um pouco do meu processo CODE, acrônimo cunhado pelo Tiago Forte para a estrutura de processos de gestão do conhecimento pessoal criado por ele que significa “Capture, Organize, Distill e Express”, que em português seria capturar, organizar, destilar (ou refinar) e expressar. Eles são a base do “Segundo Cérebro”, outro termo criado pelo Tiago Forte para representar esse sistema de organização da informação digital e que nos permite desbloquear nosso potencial criativo para produzir conhecimento e viabilizar nossas ações e projetos. Para saber mais sobre o “Segundo Cérebro” e como ele se relaciona com a Gestão do Conhecimento Pessoal, recomendo a leitura deste meu outro artigo no qual abordo essa questão.

Obviamente o fluxo começa com a informação que chega até a mim, que chamo de Input, seja por uma busca ativa por determinados conteúdos, ou através do feed das minhas redes sociais (Linkedin, Instagram, Twitter — agora X, ou até Whats app, em comunidades de prática que participo ou amigos que enviam diretamente alguma indicação de conteúdo). Na maioria das vezes, nem sempre é possível consumir naquele momento, por isso, eu gosto de utilizar o aplicativo de leitura posterior, Readwise. Desta forma, sempre que tenho um tempo pra consumir de forma deliberada alguma coisa, eu sei pra onde ir.

Depois de revisado, consumido e destacadas as partes principais daqueles conteúdos que são mais relevantes pra mim no momento, basicamente três ações são tomadas: 1) se for um item relevante pra comunidade de L&KM, eu incluo na minha coleção de Descobertas do ano no Wakelet; 2) se for também um item relevante para algum projeto ou área de responsabilidade atual, eu envio para o respectivo caderno no Evernote e 3) por fim, o item é arquivado no Readwise, pois caso precise voltar nele, sei onde está. Após esse fluxo inicial de captura e organização, ainda faço uma seleção dos 7 principais itens capturados na coleção do Wakelet e compartilho aqui no Medium como forma de destilar e expressar esse conteúdo e consequentemente contribuir não só para minha aprendizagem como também da comunidade de L&KM. Desta forma, consigo garantir que todos ou quase todos os conteúdos que chegam até a mim e são relevantes de alguma forma, sejam organizados e tratados por mim, de forma a ajudar em aplicação futura.

A imagem abaixo resume bem esse fluxo:

Meu processo CODE

Sem mais delongas, seguem abaixo as principais descobertas dessa semana, com uma breve descrição e explicação do porque considero importante. Você pode ir diretamente no artigo desejado ou ler todos em sequência. Espero que goste e não deixe de curtir e comentar se de fato fez sentido pra você!

  1. How to increase knowledge productivity: Combining the Zettelkasten Method and Building a Second Brain
  2. How to become a True Master at something?
  3. How Knowledge Drives Performance
  4. The Wisdom We Need to Design Human Technology
  5. Leading and Lagging Indicators in Learning
  6. Eastern philosophy says there is no “self”. Science agrees
  7. L&D Salary Database — Offbeat

How to increase knowledge productivity: Combining the Zettelkasten Method and Building a Second Brain

Aproveitando o lançamento do livro Construindo um Segundo Cérebro no Brasil, é importante destacar que, embora traga excelentes contribuições, especialmente pela praticidade e simplicidade, o método BASB (Building a Second Brain) não é algo totalmente novo e único no campo da Gestão do Conhecimento Pessoal. Existem diversos outros métodos que propõem estruturas para ajudar à gerir nosso fluxo de conhecimento e aprendizagem, sendo o método Zettelkasten um dos mais conhecidos. Ele foi criado pelo Niklas Luhmann e disseminado pelo Sohke Ahrens em seu livro “How to Take Smart Notes: One Simple Technique to Boost Writing, Learning and Thinking for Students, Academics and Nonfiction Book Writers

O que é interessante neste especificamente é que ele traz uma excelente contextualização dos dois métodos e mostra que não é uma questão de qual é melhor ou se é necessário usar um OU outro, e sim que é possível combiná-los tendo como objetivo final melhorar a produtividade ao trabalhar com conhecimento.

How to become a True Master at something?

Este post destaca de forma resumida o artigo do Stuart e Hubert Dreyfus: “A five stage model of the mental activities involved in directed skill acquisition”, que de fato é a minha recomendação aqui. Se você trabalha com desenvolvimento de habilidades, definitivamente este artigo é um MUST READ, pois traz excelentes insights sobre os níveis de desenvolvimento de habilidades, o que é esperado em cada nível, e principalmente como devemos desenvolve-los pra avançar em cada nível. No entanto, a principal relevância a meu ver é que as pessoas aprendem de forma diferente nesses diferentes estágios. Nos estágios “Novice” e “Competence”, o aprendizado precisa ser orientado por regras e baseado em instruções. Neste nível os profissionais, geralmente, precisam de um processo claro e diretrizes que possam entender e seguir. Nas etapas de “Proficiency” e “Expert”, o aprendizado é muito mais baseado no desenvolvimento pessoal e na experiência adquirida em diferentes circunstâncias. E, no estágio de “Mastery”, o aprendizado é praticamente individual. Em vez de ter que assistir uma aula ou fazer aula prática, é necessário testar, experimentar, e ensinar.

How Knowledge Drives Performance

Quando falamos de conhecimento, sobretudo em ambiente corporativo, ela precisa estar relacionado à performance, que por sua vez gera aprendizado, e consequentemente mais conhecimento, que impacta na performance e assim temos um ciclo virtuoso entre Conhecimento e Performance, que deve (ou deveria) nortear quaisquer estratégias corporativas, especialmente das áreas de Aprendizagem e Gestão do Conhecimento.

Neste artigo, no qual já destaco algumas partes, o Nick Milton aborda de forma rápida e objetiva como trabalhar e desenvolver de forma efetiva esse ciclo nas organizações.

Leading and Lagging Indicators in Learning

Mensuração de resultados é algo que sempre será um desafio nas organizações, talvez pela máxima do Peter Druker que não gerenciamos o que não é possível medir, e agora pelo grande mote pela gestão com base em evidências e dados, que tem direcionado e muito os esforços para tomada de decisões com base em indicadores bem construídos. No entanto, quando falamos de iniciativas de Aprendizagem e Gestão do Conhecimento, nem sempre essa “evidência” é fácil de obter, por isso, algumas ações fracassam pois não conseguem capturar o valor obtido.

Por isso, destaco esse artigo que traz os conceitos de Leading e Lagging Indicadores, também muito utilizado na área de Segurança Operacional, que nos ajuda à entender de forma bem didática e importância de cada um deles e as principais diferenças, visto que os Leading Indicators são indicados para nos preparar parao futuro e antecipar tendências e o Lagging Indicadors, para representar o que passou. Nem sempre o que acontece agora vai nos ajudar a tomar decisões em relação ao que acontecerá no futuro e vice-versa.

The Wisdom We Need to Design Human Technology

Todo o conhecimento e inteligência que temos adquirido até o momento não é suficiente. PRECISAMOS SER MAIS SÁBIOS!

No mundo de hoje, devido à complexidade e problemas que enfrentamos hoje em dia, é ótimo ver a Sabedoria em destaque. Digo isso porque estudiosos, como Nonaka e Takeuchi, já estudam há algum tempo e afirmam isso em seu livro “The Wise Company” quando dizem que precisamos repensar como desenvolvemos nossas pessoas e líderes: precisamos ter mais Líderes Sábios.

Para eles, Lideres Sábios ou Wise Leaders, do original em inglês, são aquelas pessoas que conseguem desenvolver a Phronesis, o conceito aristotélico de sabedoria prática, a sabedoria sobre os assuntos humanos, como destacado pela Raysa Geaquinto Rocha em um dos seus comentários no Linkedin.

Muitos praticantes e pesquisadores estudam sobre o assunto, como Rocha e aqui no Brasil, o Prof. Américo C. Ramos Filho e seu grupo de pesquisa Práticas, Saberes e Condutas que tem produzido muitas e boas publicações a respeito, das quais tenho a honra de fazer parte, enquanto concluo meu mestrado.

Eastern philosophy says there is no “self”. Science agrees

Embora este artigo tenha como principal objetivo abordar questões filosóficas e psicológicas, o que por si só já seria relevante para qualquer iniciativa de aprendizagem e gestão do conhecimento, o mais relevante pra mim, para fins dessa newsletter, é nos aternos às diferenças de entendimento entre linhas de pensamento ou culturas. Isso é importantíssimo, primeiro pra entendermos que o corpo de conhecimento acerca dos mais variados temas — complexos ou não- está em constante evolução, portanto, teorias não são verdades absolutas e podem sim ser questionadas. É assim que a humanidade e a ciência avança! Em segundo lugar, é pra destacar as diferentes visões de mundo que culturas e povos tem, que influencia a maneira como o mundo à sua volta é interpretado e consequentemente como comportamentos são moldados e as ações são realizadas. Pra entender melhor isso, também recomendo o livro The Geography of Thought do Richard Nisbett.

L&D Salary Database – Offbeat

Não tem como negar que num mundo globalizado, cada vez mais conectado e principalmente pós-pandemia, remoto, nós nos tornamos profissionais do mundo, com potenciais chances de trabalhar de qualquer lugar pra qualquer empresa. Por isso, por último mas não menos importante, essa dica vai para você que é profissional de L&D e tem interesse em uma oportunidade internacional e /ou pelo menos deseja comparar seu nível salarial e experiência profissional com outros profissionais da área ao redor do mundo. Infelizmente há poucos exemplos do Brasil, mas se mais pessoas do nosso país compartilharem, também será possível identificar esses padrões por essas bandas.

Se você achou útil esse artigo, deixe suas palminhas e também compartilhe nos comentários quais foram suas principais descobertas da semana relacionadas à gestão do conhecimento e aprendizagem, tanto pessoal e organizacional.

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Victor Couto Alves
Descobertas de Aprendizagem — (P)L&KM

Helping individuals, organizations, and communities to be more effective by leveraging their intellectual capital