A diferença entre um arrogante, um idiota e um aprendiz

Como as histórias que você conta para si mesmo afetam seus resultados, e podem estar no caminho do seu objetivo.

Samuel de Almeida
Desen
4 min readSep 22, 2017

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Créditos

Todos nós passamos por momentos de crise, fazemos algo errado, seja no trabalho ou em algum relacionamento, e esse erro pode custar algo que levou anos para ser construído. Qual é a diferença entre quem sai dessa situação mais forte e confiante do que antes de passar por ela, e quem não é capaz de superar o obstáculo?

O cérebro humano: Uma máquina de significados

Além de manter funções vitais do nosso corpo, nosso cérebro é responsável por receber e interpretar os estímulos que surgem da relação entre nossos sentidos e o ambiente ao redor.

Você vê uma foto com vários pontos verdes muito próximos e uma linha azul traçando curvas por entre esses pontos. Floresta, amazônia, natureza, rio, árvores.

Um barulho muito alto em frente à sua casa. Tiro, fogos, acidente, perigo.

Esse sistema de significados é extremamente útil para nossa espécie, desde os tempos em que um “crack” poucos metros adiante poderia significar um animal selvagem ou um membro de uma tribo inimiga.

Mas nosso “catálogo” pode conter falhas, afinal a interpretação é o oposto completo de uma ciência exata; e algumas dessas falhas te colocam a quilômetros do sucesso, independente de qual meta você quer conquistar.

Felizmente, como eu vou mostrar mais à frente, é possível fazer alguns ajustes para consertar esses problemas, e afiar o seu cérebro para interpretar os fatos da forma que é mais útil para seus objetivos.

Antes disso vamos voltar para aquele dia em que você foi criticado, pelo seu chefe, por seus pais, um leitor, namorado/a, a escolha é sua…

Quando você pensa em uma situação assim, em que alguém te critica por algo (não vamos discutir se você estava certo ou não), costuma se lembrar de qual sensação?

Normalmente são três opções.

Uma delas é entrar no território da “defensiva”, que muitas vezes vem acompanhada de uma falsa agressividade. Existe a necessidade de reagir, responder de alguma forma. Usamos esse recurso para sufocar a crítica na base do quem fala mais alto.

A segunda é sentir-se um idiota. Pensar algo como “eu não faço nada direito” é bastante comum. Sentir-se frustrado, incapaz, lento. Também é comum ter vergonha, por acreditar que não corresponde às expectativas de quem fez a crítica.

Por último, existe a sensação de aprendizado. Você não tenta reagir à crítica, nem deixa que ela afete sua auto-estima; entra em equilíbrio, entende que pode, ou não, tirar algo dela, e segue sua vida normalmente.

Perceba que cada reação nos coloca em uma posição com relação à crítica (ou quem a fez).

A defensiva busca uma forma de ficar por cima do que encaramos como uma acusação. Pensamos que a pessoa não tem o direito de falar aquilo, ou que não está vendo o nosso valor óbvio. Somos arrogantes.

Sentir-se idiota é uma maneira de se colocar numa posição inferior, afinal a pessoa que está criticando é muito mais inteligente e preparada que nós, está vendo algo errado que somos lentos demais para perceber ou mudar.

Já o aprendizado nos põe de igual para igual. Quem fez a crítica não é melhor, nem pior, o que houve não foi uma acusação, nem uma humilhação; foi apenas outro ser humano fazendo um comentário sobre nós.

O que é dito pode ser exatamente a mesma coisa. Algo como “já é a segunda vez essa semana que você não faz o trabalho que eu te pedi, Samuel!”.

Diferenças existem apenas na história que nós criamos, no significado que nosso cérebro dá ao fato. Um olhar fechado do chefe parece sinal de raiva com o idiota que você é, mas pode ser apenas uma forma de manter o foco para ter certeza de que você está entendendo o que ele quis dizer.

Procuramos esses pequenos sinais, muitas vezes aleatórios, para criar uma narrativa. Somos humanos, é isso que fazemos.

A questão chave é: Qual narrativa você quer contar a si mesmo?

Você é superior, e essa pessoa não tem o direito de duvidar da sua capacidade.

Você é idiota, e deveria ser grato porque a pessoa está perdendo o tempo dela para te mostrar algo tão óbvio.

Você é aprendiz, e todas as críticas são uma oportunidade de adquirir um novo conhecimento, uma nova opinião ou habilidade, algo que vai acrescentar na sua vida e evitar que o mesmo erro seja cometido amanhã.

Você é todos os três.

Você não é nenhum dos três.

A diferença entre eles, é quem você decide ser.

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Samuel de Almeida
Desen
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Aquela bio com uma crise existencial por não saber me definir.