Conquistar o resultado dos sonhos é possível, mas exige esforço sempre que estiver acordado…

Sonhar com uma conquista vez ou outra faz parte da nossa imaginação, né?

Samuel de Almeida
Desen
5 min readJan 10, 2018

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Quantas vezes você já se pegou pensando em algo como ser um escritor famoso numa noite de autógrafos ou dando uma entrevista para um grande veículo, por exemplo? Quem sabe, fazendo uma viagem pelo mundo carregando apenas uma mochila com poucas roupas e um notebook para trabalhar em qualquer parte? Ou até mesmo ter um mozão pra fazer altos planos e acabar assistindo Netflix toda noite?

Estes sonhos são construídos em cima de uma imagem ideal — um conjunto de características que criam um determinado personagem, o qual desejamos interpretar em nossa própria história.

O escritor que se dedica à sua obra, em uma casa sem muitas distrações, com a mente fervilhando, e vem à público apenas para lançar seu próximo best-seller. O viajante que não tem medo do desconhecido, conhece as mais diversas culturas, não se apega a lugar nenhum, pois tudo que possui vai nas suas costas. O/a namorado/a super satisfeito com o relacionamento.

No entanto, ter um sonho não costuma ser o suficiente para transformá-lo em realidade, sabemos que é preciso esforço, abertura ao aprendizado, e uma boa dose de persistência para atravessar os momentos complicados.

Seria essa diferença entre a imagem ideal e o caminho para chegar até ela, o que nos impede de dar o primeiro passo? Em outras palavras, podemos deixar de ir em busca do objeto de um sonho para não destruir o sonho em si?

Veja só, o escritor famoso que já lança o livro com a certeza de que será um sucesso, e o escritor que precisa se dedicar todos os dias por seis, oito, doze horas, estudando e escrevendo, quebrando a cabeça para fazer com que duas partes de uma ideia se conectem de forma natural, colocando no papel o que considera ser o pior texto de sua vida, simplesmente por ser o único em que consegue pensar, são papeis muito diferentes, e nem todos querem interpretar o segundo.

O mesmo vale para outras ambições — eu posso desejar o corpo de um atleta de elite, com uma musculatura perfeita e quase nenhuma gordura, mas talvez não esteja disposto a treinar por horas, mesmo com dor, deixar de comer por gosto para comer por objetivo, e ouvir as vozes dos outros e a minha própria falando que eu não estou crescendo rápido o bastante, então continuar querendo ser se torna uma posição mais confortável do que estar tentando ser.

Quase todos os exemplos de imagem ideal terão também uma imagem de esforço e dedicação junto à ela (talvez a única exceção seja o sonho de ficar milionário acertando na loteria, de preferência logo na primeira tentativa).

Pensamos no grande plano para nos tornar o objeto de nosso próprio desejo, mas não há uma forma de dormir hoje onde estou, e acordar amanhã onde quero estar. Ainda assim, quando o sonho é muito forte, existe a “tentativa de tentar” cumprir o esforço necessário.

A tentativa de tentar funciona mais o menos assim:

O plano do corpo ideal passa por “preciso fazer exercícios” e então vem aquela certeza de que “amanhã vou acordar uma hora mais cedo e fazer uma corrida”. O despertador toca. Frio, escuro e sono. “Hoje não vai dar”.

Da mesma forma, existe a decisão de que “hoje eu vou escrever e publicar o meu primeiro texto” e então sentamos na frente do computador, abrimos o editor de texto e… cinco minutos, nenhuma ideia. Dez minutos, nenhuma ideia.

Aquele pensamento de que talvez isso não seja pra mim começa a coçar a mente. Abrimos o Youtube para pesquisar algo, mas damos de cara com um vídeo novo no canal que gostamos. “Vou só assistir aqui rapidinho e depois procuro” e então depois de assistir o vídeo, a vontade talvez tenha se perdido. “Hoje não vai dar”.

Nós não chegamos exatamente a tentar, afinal nem mesmo saímos da casa, ou escrevemos uma única palavra.

O desejo pela recompensa imediata — dormir um pouco mais, assistir um vídeo — supera o sonho com a imagem ideal. É natural, afinal somos direcionados pelo ego para querer satisfação instantânea.

Acreditamos que força de vontade será o suficiente para vencer esse obstáculo, e quando somos derrotados por ele, nos sentimos fracos, preguiçosos e depois de algum tempo, podemos pensar que simplesmente deveríamos desistir. Não somos bons o bastante.

Mas força de vontade não provém de uma fonte mágica, nem determina quem é ou não é capaz. Podemos ter essa motivação por alguns minutos, ou alguns dias — daí os começos e paradas em série. Não é tão simples ter força de vontade enquanto somos pressionados entre o desejo pelo sonho de longo prazo e o prazer da gratificação instantânea.

Para manter um hábito — fazer exercícios, escrever, tocar um instrumento, falar um segundo idioma, todo santo dia, uma forma possível é colocar o nosso desejo na própria atividade, e não no resultado dela.

Hoje eu escrevo todos os dias porque aprendi a sonhar com o próprio ato de escrever, não com a imagem de ser um escritor famoso, a atividade em si dá gratificação instantânea ao meu ego e ele agora é um aliado desse hábito.

Não tenho vergonha em admitir que me orgulho disso, e quando não consigo começar um texto, procuro pensar no prazer que vou sentir ao terminá-lo — então escrevo não apenas para ser famoso, mas também por esse prazer. Não perdi o desejo de que em um dia incrível eu seja reconhecido por isso, mas aceito que talvez ele nunca chegue. Felizmente, os outros dias passaram a ser incríveis à sua própria maneira.

Se você também vive esse dilema entre desejar algo e não conseguir fazer o que é necessário para conquistá-lo, vale a pena desejar o próprio fazer.

Eu não posso garantir que, dessa forma, você vai chegar onde quer, mas posso garantir de todo o meu coração que você pode sentir prazer com o caminho — e de qualquer forma, essa acaba sendo a sua melhor chance para alcançar o destino.

Vale mais a pena do que sonhar acordado!

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Samuel de Almeida
Desen

Aquela bio com uma crise existencial por não saber me definir.